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domingo, 28 de outubro de 2012

Salve Glorioso Mártir São Judas Tadeu – Apóstolo e Primo do Senhor.


Apóstolo de Cristo nascido em Caná de Galiléia, na Palestina, era primo-irmão de Jesus e irmão de Tiago o Menor, que na última ceia, perguntou ao seu mestre: Senhor, por que te manifestarás a nós e não ao mundo?

Agricultor, era filho de Alfeu ou Cleofas, um dos discípulos a quem Jesus apareceu no caminho de Emaús no dia da ressurreição e irmão de São José, e de Maria Cleófas, prima-irmã de Maria Santíssima, uma das piedosas mulheres que tinham seguido a Jesus desde a Galiléia e permaneceram ao pé da cruz, no Calvário, junto com Maria Santíssima.


Tinha quatro irmãos: Tiago, José, Simão e Maria Salomé. Dos irmãos dele, Tiago foi um dos doze apóstolos, que se tomou o primeiro bispo de Jerusalém. José, apenas conhecido como o Justo. Simão foi o segundo bispo de Jerusalém, após Tiago. E Maria Salomé, a única irmã, foi mãe dos apóstolos Tiago o Maior e João Evangelista.


Também chamado Lebeu Tadeu, é um dos doze citados nominalmente por Mateus e Marcos, em seus Evangelhos, e um dos mais fervorosos do grupo. Conforme os textos apócrifos, teria sido o esposo nas bodas de Caná, e isto explica a presença de Maria e de Jesus naquela realização. Depois da ascensão de Jesus e que os Apóstolos receberam o Espírito Santo, no Cenáculo em Jerusalém, iniciou a pregação de sua fé no meio dos maiores sofrimentos e perseguições, pela Galiléia. Depois viajou para a Samaria e outras populações judaicas divulgando o Evangelho. Tomou parte no primeiro Concílio de Jerusalém no ano 50 da nossa era e em seguida passou evangelizando pela Mesopotâmia, Edessa, Arábia e Síria. Parece claro que destacou-se principalmente na Armênia, Síria e Norte da Pérsia  entre os anos 43 a 66, sendo o primeiro a manifestar apoio ao rei estrangeiro, Abgar de Edessa. 


Na Mesopotâmia ganhou a companhia de outro apóstolo, Simão o Zelota, aparentemente viajando em companhia de quinto Apóstolo a ir ao Oriente. Segundo relata São Jerônimo, ambos foram martirizados cruelmente quando estavam na Pérsia, mortos a golpes de machado, provavelmente no ano 70 d.C, desferidos por sacerdotes pagãos, por se recusarem a prestar culto à deusa Diana.


Assim, na igreja ocidental, os dois santos são celebrados juntos em 28 de outubro. A Igreja Ortodoxa Grega, contudo, distingue Judas de Tadeu, celebrando Judas, "irmão" de Jesus, em 19 de junho, e o apóstolo Tadeu em 21 de agosto. É invocado como advogado das causas desesperadas e dos supremos momentos de angústia. Essa devoção surgiu na França e na Alemanha no fim do século XVIII.


No Brasil, a devoção a esse santo é muito popular e surgiu no início do século XX. Devido à forma como foi martirizado, sempre é representado em suas imagens/estátuas segurando um livro, simbolizando a palavra que anunciou, e uma machadinha, o instrumento de seu martírio. Suas relíquias atualmente são veneradas na Basílica de São Pedro, em Roma. Sua festa litúrgica celebra-se, todos os anos, na provável data de sua morte: 28 de outubro de 70.



A DISTINÇÃO ENTRE OS JUDAS

São Judas Tadeu é, sem dúvida, hoje, um dos santos mais populares. No entanto, embora figurasse entre os apóstolos de Cristo, a devoção por ele se inicia tardiamente, uma vez que foi durante muito tempo “deixado em segundo plano” em função de seu nome, que se confundia com o do “apóstolo traidor”, Judas Iscariotes.


Este grande santo ficou esquecido por séculos, talvez pela circunstância de seu nome se prestar, até certo ponto, a confusões com o designativo funesto do renegado Judas Iscariotes. Hoje, o culto e a reverência dos fiéis ao seu altar milagroso se  vê multiplicado.


Ele era primo de Jesus, pois era filho de Alfeu, também chamado de Cléofas, irmão de São José. Ao que se sabe, seu pai era um daqueles discípulos de Emaús, a quem Jesus apareceu naquela tarde do dia da Ressurreição. Quanto à sua mãe, ela era uma das mulheres que se encontravam ao pé da Cruz de Jesus, junto com Maria Santíssima. Era ele também alcunhado de LEBEU, que em hebraico e siríaco  significa corajoso, cordato, benigno.

Foi ele que, na Última Ceia, perguntou a Jesus porquê Ele havia se manifestado a eles e não ao mundo – demonstrou sempre um grande ardor pela causa do Reino e, então, o desejo de que o Evangelho se tornasse conhecido de todos. Era o chamado à missão, típico do cristão, daquele que ama a Cristo e guarda a sua Palavra. Ele O amava, e precisava garantir que todos o fizessem também, para que fosse possível se realizar aquela resposta que Jesus lhe havia dado naquela Ceia: “se alguém me ama guardará a minha palavra e meu pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada” (Jo 14,22).


Um manuscrito do Século IV, afirma que Abgar, o Rei de Edessa, foi curado de lepra tocando com as mãos no tecido sobre a imagem de Jesus (que seria o próprio Santo Sudário), e o pano foi trazido até ele por um dos discípulos de Jesus, justamente, Judas Tadeu.

O Rei Abgar V, de Edessa (hoje cidade de Urfa, no sul da Turquia), que governou do ano 13 ao 50 d.C., estava doente com lepra. Seu secretário, Anan, teria falado com Jesus, pedindo que ele fosse ter com o rei para curá-lo. De fato, mais tarde, Judas Tadeu foi pregar o evangelho naquela região.


São Judas morreu mártir, provavelmente no dia 28 de outubro de 70. Foi perseguido graças à coerência que mantinha entre a sua fé e a sua vida, e em função da força de sua pregação, coisas que impressionavam de tal forma os pagãos que estes se convertiam “em massa”. Provocando a fúria de feiticeiros, ministros pagãos e falsos profetas, estes acabaram por incitar parte da população contra o santo, que morreu, possivelmente, trucidado a golpes de machado. Esta é a maneira considerada mais provável e, por isso, a sua imagem traz frequentemente uma machadinha em suas mãos. Traz também uma Bíblia, lembrando o seu amor pela Palavra de Deus; e um colar, cuja medalha traz o rosto de Cristo, com o objetivo de destacar a sua semelhança com aquele que era seu primo.

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Oração a São Judas Tadeu 
(NAS GRANDES NECESSIDADES)

 São Judas Tadeu, glorioso Apóstolo, fiel servo e amigo de Jesus.

O nome de Judas Iscariotes, o traidor de Jesus, foi a causa de que fosseis esquecido por muitos; mas agora a Igreja vos honra e invoca universalmente como patrono dos casos desesperados, dos negócios sem remédio.

Rogai por mim que sou tão miserável!

Fazei uso, eu vos imploro, desse particular privilégio que vos foi concedido, de trazer viável e imediato auxilio, onde o socorro desapareceu quase por completo. Assisti-me nesta grande necessidade, para que eu possa receber as consolações e o auxílio do céu em todas as minhas precisões, atribulações e sofrimentos.

São Judas Tadeu, alcançai-me a graça, que vos peço, de ... (aqui faz-se o pedido particular), e para que eu possa louvar a Deus , convosco e com todos os eleitos, por toda a eternidade.
Eu vos prometo, ó bendito São Judas, lembrar-me sempre deste grande favor e nunca deixar de vos louvar e honrar como meu especial e poderoso patrono e fazer tudo o que estiver ao meu alcance para incentivar a devoção para convosco.

Amem

São Judas, rogai por nós e por todos os que vos honram e invocam o vosso auxilio!

Rezar :
3 Pai Nosso
3 Ave Maria,
3 Glória ao Pai

sábado, 27 de outubro de 2012

Videoteca: Marcelino Pão e Vinho: Filme nostálgico que remonta certa ingenuidade de um cinema que não existe mais.


É provável que o título do filme Marcelino Pão e Vinho não diga muita coisa em um primeiro momento para as gerações mais jovens; no entanto o cenário muda radicalmente de figura quando os questionados a respeito deste longa europeu fazem parte das gerações mais anciãs – se você se enquadra no primeiro grupo, pode ir tirar a prova real com alguém mais velho que o resultado é praticamente certo. Este filme de 1955, vastamente reconhecido nos mais importantes festivais de cinema do mundo (como em Cannes e Berlim), foi um grande sucesso popular ao redor do mundo ao arrebatar grandes bilheterias, inclusive levando multidões às salas de cinema brasileiras na época.



Trata-se de uma produção espanhola, que foi rodada tanto na Espanha quanto na Itália, e dirigida pelo húngaro Ladislao Vajda (*1906 - + 1965). Em preto e branco e com produção modesta, o longa apresenta a história do menino Marcelino, que é abandonado ainda bebê na porta de um mosteiro, e que, após frustradas tentativas dos frades de entregá-lo para adoção, acaba sendo criado por 12 monges sem uma mãe (e o número de monges é um mais que evidente recurso de interdiscursividade com os apóstolos de Jesus). Marcelino cresce como um menino levado, sempre fazendo travessuras e levando todos no mosteiro à loucura com sua desobediência e imaginação, até tornar-se o protagonista de um milagre que marcará para sempre o vilarejo espanhol onde se passa a história.



Contudo, o filme é um bocado esquemático em vários sentidos. A trama central é apresentada no início por meio de um flashback, onde muitos anos mais tarde, um padre conta para uma menina enferma na cama sobre a lenda de Marcelino – o que pode ser justificável pelo caráter de fábula infantil desta história. O decorrer do enredo conta com certa trivialidade, como no fato de recorrer ao manjado cacoete do recém-nascido abandonado em uma, os dilemas para encontrar uma família, o surgimento de um vilão ganancioso e malvado, as travessuras de Marcelino típicas de qualquer menino e comum, e por aí vai. O filme tem uma duração comedida, porém se entende por bastante tempo em uma trama que só encontrará o seu ápice e seu grande significado no fim, podendo afugentar os mais ávidos por agilidade e acontecimentos no esquema de “causa e feito”, tão presentes no grande cinema dos dias atuais, principalmente no americano.


 

Mas ainda que seja um tanto formulaico e ausente grandes atributos cinematográficos, esta adaptação para o cinema da história presente no livro homônimo de José Maria Sanchez Silva (*1911- + 2002) é inegavelmente comovente. É difícil não se deixar contagiar pelo carisma do menino Marcelino, interpretado pelo ator Pablito Calvo (*1948 - + 2000), que virou estrela internacional graças a este papel (pelo qual ficou marcado pela vida toda), vindo inclusive visitar o Brasil. O filme é ao seu modo um marco na cinematografia melodramática da Europa, um drama sentimental e religioso que convoca na memória do espectador imagens tão variadas que vão desde o arquétipo do menino herói até passagens bíblicas de provações e redenções.

Desse modo, a história evoca ideias narrativas como aquelas em que são baseadas no arquétipo do “escolhido”, do homem que veio à Terra com uma missão especial a ser cumprida; a do menino ingênuo e destemido que, por sua pureza, alcança as maiores façanhas consideradas impossíveis aos homens comuns, como em algumas lendas nórdicas e no personagem Ziegfried, da obra de Richard Wagner;  a do menino que, nascendo de uma concepção misteriosa  e crescendo em uma ambiente sacro e de muita religiosidade, torna-se um mártir, um sacrifício em nome de todos, de certo modo como aconteceu na vida de Jesus Cristo.


O curioso na história de Marcelino, no entanto, é o modo como às avessas vai ao encontro de sua religiosidade e espiritualidade. Se na Bíblia Adão e Eva perderam o contato com Deus em decorrência de sua desobediência em provar do proibido, em Marcelino Pão e Vinho a moral é inserida por outro viés: o protagonista encontra Deus e sua missão justamente ao contrariar os ensinamentos do monges e ir até o sótão proibido sucumbindo à tentação da curiosidade. Subvertendo a moral do livro de Gênesis, é graças ao modo errante com que o menino leva a vida, aliado ao seu caráter prodigioso, que lhe será possibilitado o encontro de seu verdadeiro caminho.  Cinematograficamente, alguns dos planos finais do filme são de uma força extrema: é interessante notar como é forte e poderosa a imagem de Cristo, ou de um crucifixo, na na grande tela do cinema. Qualquer seja a religião do espectador, seja ateu ou cristão, e inegável o poder imagético do maior símbolo presente na cultura do ocidente nos últimos dois mil anos.


Se este filme marcou a infância de tantas pessoas no mundo, inclusive inspirando muita gente a ingressar no seminário, o Brasil encontrou a sua resposta para este filme espanhol em 1961 com o longa de Lima Barreto chamado A Primeira Missa. Neste raro filme nacional, embora também um grande sucesso na época, um menino chamado Bentinho (e que nome sugestivo!)  encontra sua vocação para o sacerdócio e a vida em devoção a Deus em meio à vida solitária e hostil.

Filmes como esses não são mais feitos, e histórias assim no cinema de hoje fariam muito pouco sentido no mundo atual. Embora tenham sido grandes sucessos do cinema, não figuram mais na lista dos melhores filmes, tampouco viram fenômeno cult. E é por essa razão que sua exibição é interessante: evocam um mundo nostálgico, relembram certa ingenuidade que o mundo, a infância e até mesmo o cinema perdeu com o passar dos anos.

O Filme esta a disposição em DVD nas melhores lojas e em locadoras do Brasil

Artigo redigido por Juliano Mion, em 31/03/2009, para o site www.cineplayers.com


FILME: MARCELINO PÃO E VINHO (1955) DUBLADO EM PORTUGUES- do abençoado site GLORIA TV



quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Salve Santo Frei Galvão, o Santo de Nossa Casa.



 Nasceu Antônio de Sant'Ana Galvão em 1739, em Guaratinguetá, no interior do Estado de S. Paulo, Brasil, cidade que na época pertencia à Diocese do Rio de Janeiro. Com a criação da Diocese de São Paulo, em 1745, Frei Galvão viveu praticamente nesta Diocese: 1762-1822. O ambiente familiar era profundamente religioso.


O pai, Antônio Galvão de França, Capitão-mor, pertencia às Ordens Terceiras de São Francisco e do Carmo, se dedicava ao comércio e era conhecido pela sua particular generosidade. A mãe, Isabel Leite de Barros, teve o privilégio de ser mãe de onze filhos e morreu com apenas 38 anos de idade com fama de grande caridade, a tal ponto que na morte não se encontrou nenhum vestido: tudo dera aos pobres. Antônio viveu com seus irmãos numa casa grande e rica, pois seus pais gozavam de prestígio social e influência política.


O pai, querendo dar uma formação humana e cultural segundo suas possibilidades econômicas, mandou o Servo de Deus com a idade de 13 anos para Belém (Bahia) a fim de estudar no Seminário dos Padres Jesuítas, onde já se encontrava seu irmão José. Ficou no Colégio de 1752 a 1756 com notáveis progressos no estudo e na prática da vida cristã. Teria permanecido com os Jesuítas, mas o pai, preocupado com o clima anti-jesuítico provocado pela atuação do Marquês de Pombal, aconselhou Antônio a viver com os Frades Menores Descalços da reforma de São Pedro de Alcântara. Estes tinham um Convento em Taubaté, não muito longe de Guaratinguetá.


Aos 21 anos, no dia 15 de abril de 1760, Antônio ingressou no noviciado do Convento de S. Boaventura, na Vila de Macacu, no Rio de Janeiro. Durante o noviciado distinguiu-se pela piedade e pela prática das virtudes, tanto que no livro dos "Religiosos Brasileiros" encontramos grande elogio a seu respeito. Aos 16 de abril de 1761, fez a profissão solene e o juramento, segundo o uso dos Franciscanos, de se empenhar na defesa da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, doutrina ainda controvertida, mas aceita e defendida pela Ordem Franciscana. Um ano depois da profissão religiosa, Frei Antônio foi admitido à ordenação sacerdotal, aos 11 de julho de 1762. Os Superiores permitiram a sagrada ordenação, porque julgaram suficientes os estudos teológicos feitos anteriormente. Este privilégio foi também um sinal evidente da confiança que os Superiores nutriam pelo jovem clérigo.


Depois de ordenado foi mandado para o Convento de S. Francisco em São Paulo, com o fim de aperfeiçoar os estudos de filosofia e teologia como também de exercitar-se no apostolado. Sua maturidade espiritual franciscano-rnariana teve sua expressão máxima na "entrega a Maria" como o seu "filho e escravo perpétuo", entrega assinada com o próprio sangue aos 9 de novembro de 1766. Terminados os estudos, em 1768, foi nomeado Pregador, Confessor dos I.eigos e Porteiro do Convento, cargo este considerado importante porque pela comunicação com as pessoas permitia fazer um grande apostolado; ouvindo e aconselhando a todos. Foi confessor estimado e procurado e, muitas vezes, quando era chamado, ia sempre a pé mesmo aos lugares distantes. Em 1769-70 foi designado Confessor de um Recolhimento de piedosas mulheres, as "Recolhidas de Santa Teresa" em São Paulo. Neste Recolhimento, encontrou Irmã Helena Maria do Espírito Santo, religiosa de profunda oração e grande penitência, observante da vida comum, que afirmava ter visões pelas quais Jesus lhe pedia para fundar um novo Recolhimento.


 Frei Galvão, como confessor, ouviu e estudou tais mensagens e solicitou o parecer de pessoas sábias e esclarecidas, que reconheceram tais visões como válidas. A data oficial da fundação do novo Recolhimento é 2 de fevereiro de 1774. Irmã Helena queria modelar o Recolhimento segundo a ordem carmelitana, mas o Bispo de São Paulo, franciscano e intrépido defensor da Imaculada, quis que fosse segundo a das Concepcionistas aprovadas pelo Papa Júlio II, em 1511. A fundação passou a se chamar "Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição da Divina Providência" e Frei Galvão, o fundador de uma instituição que continua até nossos dias. O Recolhimento, no início, era uma Casa que acolhia jovens para viver como religiosas sem o compromisso dos votos. Foi este um expediente do momento histórico para fugir ao veto do Marquês de Pombal que não permitia novas fundações e novas consagrações religiosas. Para toda decisão de certa importância, em âmbito religioso, era necessário o "placet regio". Aos 23 de fevereiro de 1775 morreu, quase improvisamente, Irmã Helena. Frei Galvão encontrou-se como único sustentáculo das Recolhidas, missão que exerceu com humildade e grande prudência. Entrementes, o novo Capitão-general de São Paulo, homem inflexível e duro (ao contrário do seu predecessor), retirou a permissão e ordenou o fechamento do Recolhimento.


Frei Galväo aceitou com fé e também as Recolhidas obedeceram, mas não deixaram a casa e resistiram até os extremos das forças físicas. Depois de um mês, graças à pressão do povo e do Bispo, o Recolhimento foi reaberto. Devido ao grande número de vocações, o Servo de Deus se viu obrigado a aumentar o Recolhimento. Durante quatorze anos (1774-1788) Frei Galvão cuidou da construção do Recolhimento. Outros quatorze (1788-1802) dedicou à construção da Igreja, inaugurada aos 15 de agosto de 1802.


A obra, "materialização do gênio e da santidade de Frei Galvão", em I988, tornou-se por decisão da UNESCO "patrimônio cultural da Humanidade". Frei Galvão, além da construção e dos encargos especiais dentro e fora da Ordem Franciscana, deu muita atenção e o melhor de suas forças à formação das Recolhidas. Para elas escreveu um regulamento ou Estatuto, excelente guia de vida interior e de disciplina religiosa. O Estatuto é o principal escrito, o que melhor manifesta a personalidade do Servo de Deus. Então o Bispo de São Paulo acrescentou ao Estatuto a permissão para as Recolhidas emitirem os votos enquanto permanecessem na casa religiosa. Em 1929, o Recolhimento tornou-se Mosteiro, incorporado à Ordem da Imaculada Conceição (Concepcionistas). A vida decorria serena e rica de espiritualidade, quando sobreveio um episódio doloroso: Frei Galvão foi mandado para o exílio pelo Capitão-general de São Paulo. Este, homem violento, para defender o filho que sofrera uma pequena ofensa, condenou à morte um soldado (Caetaninho). Como Frei Galvão tomasse a defesa do soldado, foi afastado e obrigado a seguir para o Rio de Janeiro. A população, porém, se levantou contra a injustiça de tal ordem, que imediatamente foi revogada.


 Em 1781, o Servo de Deus foi nomeado Mestre do noviciado de Macacu, Rio de Janeiro, pelos dotes pessoais, profunda vida espiritual e grande zelo apostólico. O Bispo, porém, que o queria em São Paulo, não fez chegar a ele a carta do Superior Provincial "para não privar seu bispado de tão virtuoso religioso (...) que desde que entrou na religião até o presente dia tem tido um procedimento exemplaríssimo pela qual razão o aclamam santo". Frei Galvão foi nomeado Guardião do Convento de S. Francisco em São Paulo em 1798 e reeleito em 1801.

A nomeação do Guardião provocou desorientação nas Recolhidas da Luz. À preocupação das religiosas é necessário acrescentar aquela do "Senado da Câmara de São Paulo" e do Bispo da cidade, que escreveram ao Provincial: "Todos os moradores desta Cidade não poderão suportar um só momento a ausência do dito religioso. (...) Este homem tão necessário às religiosas da Luz, é preciosíssimo a toda esta Cidade e Vilas da Capitania de S. Paulo; é homem religiosíssimo e de prudente conselho; todos acodem a pedir-lhe; é o homem da paz e da caridade". Graças a estas cartas, Frei Galvão tornou-se Guardião sem deixar a direção espiritual das Recolhidas e do povo de São Paulo.


Em 1802, Frei Galvão recebeu o privilégio de Definidor pela solicitação do Provincial ao Núncio Apostólico de Portugal porque "é um religioso que por seus costumes e por sua exemplaríssima vida serve de honra e de consolação a todos os seus Irmãos, e todo o Povo daquela Capitania de S. Paulo, Senado da Câmara e o mesmo Bispo Diocesano o respeitam como um varão santo". Em 1808, pela estima que gozava dentro de sua Ordem, foi-lhe confiado o cargo de Vïsitador Geral e Presidente do Capítulo, mas devido a seu estado de saúde foi obrigado a renunciar- embora desejasse obedecer prontamente. Em 1811, a pedido do Bispo de São Paulo, fundou o Recolhimento de Santa Clara em Sorocaba, no Estado de S. Paulo. Ai permaneceu onze meses para organizar a comunidade e dirigir os trabalhos iniciais da construção da Casa. Voltou Frei Galvão para São Paulo e ainda viveu 10 anos. Quando as forças impediram o ir-e-vir diário do Convento de S. Francisco ao Recolhimento, obteve dos seus superiores (Bispo e Guardião) a autorização para ficar no Recolhimento da Luz.


Durante sua última doença, Frei Antônio passou a morar num "quartinho" (espécie de corredor) atrás do Tabernáculo, no fundo da Igreja, graças às insistências das religiosas, que desejavam prestar-lhe algum alívio e conforto. Terminou sua vida terrena aos 23 de dezembro de 1822, pelas 10 horas da manhã, confortado pelos sacramentos e assistido pelo seu Padre Guardião, dois Confrades e dois Sacerdotes diocesanos. Frei Galvão, a pedido das religiosas e do povo, foi sepultado na Igreja do Recolhimento que ele mesmo construíra.


 O seu túmulo sempre foi, e continua sendo até os nossos dias, lugar de peregrinações constantes dos fiéis, que pedem e agradecem graças por intercessão do "homem da paz e da caridade", e fundador do Recolhimento de Nossa Senhora da Luz, cujo carisma é a "laus perennis", ou seja adoração perpétua ao Santíssimo Sacramento, vivida em grande pobreza e contínua penitência, com alegre simplicidade. "Entre os heróis que plasmaram o destino de São Paulo - escreve Lúcio Cristiano em 1954 - merece lugar de destaque a inconfundível figura de Frei Antônio de Sant'Anna Galvão, o apóstolo de São Paulo entre os séculos XVIII e XIX", cuja lembrança continua viva no coração do povo paulista. O processo de Beatificação e Canonização iniciado em 1938 foi reaberto solenemente em 1986 e concluído em 1991. Aos 8 de abril de 1997 foi promulgado o Decreto das Virtudes Heróicas e aos 6 de abril de 1998, o respectivo Decreto sobre o Milagre, pelo Santo Padre João Paulo II. (Extraído do livreto "Beatificazione - Piazza San Pietro, 25 Ottobre 1998", distribuído aos presentes à solenidade de beatificação de Frei Galvão, na Praça de São Pedro, no Vaticano).


Em 11 de maio de 2007, durante a visita de cinco dias do Papa Bento XVI ao Brasil, se tornou a primeira pessoa nascida no Brasil a ser canonizada pela Igreja Católica.  A cerimônia de mais de duas horas, realizada ao ar livre no Aeroporto Militar Campo de Marte, perto do centro de São Paulo, reuniu cerca de 800 mil pessoas, segundo estimativas oficiais.

Galvão foi o primeiro santo que o Papa Bento XVI canonizou numa cerimônia realizada fora da Cidade do Vaticano. Sua elevação ao status de santo veio depois que a Igreja concluiu que ele havia realizado pelo menos dois milagres.


De acordo com a Igreja, as histórias de Sandra Grossi de Almeida e Daniella Cristina da Silva são evidências da intercessão divina de Galvão. Após tomar uma das pílulas de papel em 1999, Almeida – que possui uma malformação uterina que deveria impossibilitar que ela carregasse um feto no útero por mais de quatro meses – deu à luz a Enzo. As pílulas de Galvão, de acordo com a Igreja, também seriam responsáveis pela cura, em 1990, de Daniella Cristina da Silva, uma menina de quatro anos de idade que sofria de hepatite considerada incurável pelos médicos. Apesar da popularidade das pílulas entre os católicos brasileiros, médicos e até mesmo alguns membros do clero consideram-nas como meros placebos. A orientação da Igreja é que somente pacientes em estado terminal devam tomá-las.

  Wikipedia.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Série Sagrada – A Importância das Histórias em Quadrinhos na Evangelização.





Publicada pela saudosa Editora Brasil- América (Ebal),  localizado no bairro de São Cristóvão, Rio de Janeiro,  entre 1953 e 1960, a coleção Série Sagrada surgiu com o propósito de obter uma trégua com a Igreja Católica Apostólica Romana no Brasil.  Bem verdade que a Santa Madre Igreja ressabiava de início a influência que os gibis poderiam exercer nas crianças e nos adolescentes, tendo em vista que os considerava violentos e de gosto duvidoso.



O editor da Ebal, Adolfo Aizen (*1907 - + 1991), acabou dando uma bela contribuição em prol de nossa Igreja, publicando edições muito bem produzidas sobre a vida de nossos santos em quadrinhos. A série teve excelente aceitação quando lançada, e hoje, apesar das histórias em quadrinhos terem perdido grande espaço devido ao surgimento de outras mídias, como a própria internet, virou objeto de disputa por colecionadores.



Sendo nosso país com sua grande maioria de católicos (Graças a Deus!!!), Série Sagrada foi contando tanto as histórias de nossos santos quanto as histórias da Bíblia (em sua primeira fase), iniciando em 1953 e terminando em 1960, com um total de 88 exemplares, além do especial A História de Jesus, contando a saga do Redentor em quadrinhos, do nascimento a sua ressurreição. Em meados da década de 1970, a EBAL relançou a coleção, reeditando apenas 24 das 88 revistas.


Agradecemos a EBAL e a memória do Sr Aizen por tão bela contribuição.


Favor, vide no site GUIA EBAL os número já lançados nesta magnífica coleção.



sábado, 20 de outubro de 2012

Videoteca: Ben-Hur - Obra Prima do Cinema Sobre a Redenção.


Um dos campeões do Oscar, e estrondoso êxito mundial, esta superprodução dirigida pelo lendário cineasta William Wyler (*1902- +1981) é um impressionante épico histórico-romanesco de espantosa dimensão humanista, religiosa, e mística.



No sétimo ano do reinado de César Augusto, o príncipe hebreu Judah Ben-Hur (Charlton Heston) nasce no mesmo ano que Jesus Cristo. Tudo se inicia com o nascimento do Redentor e a visita dos Reis Magos. Anos mais tarde, reencontra o seu amigo de infância, o nobre romano Messala (Stephen Boyd, *1930 - +1977), que assume a chefia militar de Jerusalém.




Um incidente, de que a mãe e a irmã de Ben-Hur foram involuntariamente protagonistas, e a recusa de Ben-Hur em denunciar os patriotas hebreus em luta contra o ocupador romano levam Messala a destruir a sua família, rompendo definitivamente a amizade. As mulheres são lançadas numa masmorra e Ben-Hur condenado às galés. 


Ao fim de três anos, Ben-Hur salva a vida de Quintus Arrius, o cônsul romano, durante uma batalha naval contra os piratas fenícios, que o liberta e adota como filho. Assim, Judah torna-se um nobre romano e num renomado atleta das corridas de quadrigas.


Um dia, porém, decide partir para a Judeia em busca da mãe e da irmã. Uma longa e incrível odisseia que o vai levar a cruzar de novo o caminho de Jesus Cristo e a ajustar contas com Messala, na sequência de uma emocionante corrida de quadrigas.


Ben-Hur foi o grande acontecimento de 1959, tendo arrebatado 11 Oscares da Academia de Hollywood (feito até então inédito, só depois equiparado a Titanic, em 1998), incluindo os de Melhor Filme, Melhor Realizador e Melhor Ator (neste caso consagrando Charlton Heston como o herói por excelência dos grandes épicos). 

Estrondoso êxito de bilheteira, Ben-Hur é também consagrado como um dos cem melhores filmes de acordo com o Vaticano, na categoria Religião, quando a Santa Sé elaborou uma lista através do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais, quando em 1995 o Cinema, como Sétima Arte, completou 100 anos (vide em: http://www.videotecacatolica.blogspot.com.br/p/guia-de-filmes-do-vaticano.html)



Trata-se, pois, de um épico grandioso e espetacular sobre a agitada e emocionante vida de um príncipe hebreu que, devido a inesperadas circunstâncias, se torna escravo, nobre romano, e é aclamado como herói das corridas de quadrigas, entre Jerusalém e Roma, e cujo destino se cruza, por mais de uma vez, com o de Jesus Cristo. William Wyler, dispondo de um orçamento fantástico, assinou um filme admirável, pela sua dimensão aventureira, romântica, religiosa, mística e heróica, que continua até hoje, passados  53 anos depois, a impressionar pela sua grandiosidade espetacular e pela sua comovente dimensão humana.


Entretanto, muito mais que um superespetáculo em sua grandeza épica de cenários, figurinos, e atores inesquecíveis, que fez arrastar multidões aos cinemas de todo mundo, é também um filme cuja a história retrata a trajetória de um judeu que vive um conflito entre sua fé, seu patriotismo, nutrido posteriormente pelo desejo de vingança, e por fim ao amor e redenção. 


Mas tal trajetória foi narrada antes através de um romance muito difundido nos Estados Unidos (e mais tarde um estrondoso Best Seller mundial), por um homem sem crença religiosa, um ateu que em fins do Século XIX tinha o objetivo de escrever um livro que tinha por finalidade desmistificar o Cristianismo e provar que Jesus Cristo nunca existiu. Logo, ao fazer tais pesquisas em várias bibliotecas dos Estados Unidos e na Europa para compor sua obra se deu conta de duas coisas: que Jesus de Nazaré foi um homem de carne e osso, e que Deus existia dentro dele e de quem acreditava nele. Seu nome: General Lewis Wallace.

CONHECENDO O AUTOR DA OBRA LITERÁRIA QUE ORIGINOU O FILME

Lewis Wallace (*1827 -+1905) passou a acreditar em Deus e pôs-se a escrever uma das obras literárias mais lidas de todos os tempos, traduzido para diversos idiomas (inclusive para o Braile), narrando a história do Príncipe semita Judah Ben-Hur. Lewis (ou Lew, como também era chamado) Wallace nasceu em Brookville, Indiana, EUA, a 10 de abril de 1827.Se tornou um homem de armas, um militar, participando de grandes momentos na História da América do Norte, Servindo na Guerra de Anexação do Texas e na Guerra de Secessão(1861-1865, com as forças da União). Destacou-se com bravura nesta última, o que o galhardou futuramente o posto de General. Mais tarde se tornou governador do Território do Novo México algumas décadas antes de ser um Estado da União (1878-1881) e ministro encarregado de negócios na Turquia (1881-1885).

Além de ser um inigualável estrategista de guerra e homem de luta e aventuras, Wallace era um homem de cultura. Antes da Eclosão da Guerra Cívil America, formou-se em direito e chegou mesmo a advogar. Isto permitiu que mais tarde Wallace se tornasse um célebre diplomata. Como Governador do Território do Novo México, foi ele que concedeu anistia ao célebre famigerado “outlaw” William Booney, o lendário Billy The Kid do Velho Oeste, mas logo depois lhe negou o indulto por participar dos “Vigilantes”, um grupo de “justiceiros” que espalhavam pânico e terror na região do Novo México, executando sumariamente.


Antes e depois de algum tempo da Guerra Civil na América do Norte, Lew inclinava-se para a descrença em questões religiosas. Certo dia, viajando pela estrada de ferro, encontrou-se com o Coronel Ingersoll, famoso ateu. Sua conversação girou em torno do assunto religioso e então o coronel apresentou suas idéias. Wallace ouviu-as e ficou muito impressionado, mas finalmente observou que não estava preparado para concordar com Ingersoll em certas proposições extremas, relativas à negação da divindade de Cristo.

Ingersoll aconselhou Wallace a que dedicasse ao assunto o mais cuidadoso estudo e pesquisa, como ele mesmo já fizera, confiando que Wallace, depois disso, concordaria com seu ponto de vista. Depois de se despedirem, o General Wallace cogitou do assunto, e resolveu entregar-se à mais minuciosa investigação.

Durante seis anos ele pensou, estudou e pesquisou. De início, Wallace tinha esperança de escrever uma obra que pudesse desmistificar Cristo e o Cristianismo, mas acabou fazendo o inverso. No fim desse tempo, em 1880 ele escreveu e publicou a obra literária "Ben Hur". Um outro amigo de Wallace encontrou-o pouco depois num hotel em Indianápolis. O livro foi naturalmente o tópico da conversação.


Depois de contar a história acima referida, Wallace disse ao amigo: 

Comecei a escrever um livro para provar que Jesus Cristo nunca existiu e quando me dei conta estava provando que Ele de fato existiu. Tal conviccão tornou-se em mim certeza absoluta. Ao estudar seu caráter, não tive mais dúvidas ser ele o Filho de Deus, e assim abri totalmente o meu coração a Ele. O resultado do meu longo estudo foi a convicção absoluta de que Jesus de Nazaré não era apenas o Cristo, mas era também o meu Cristo, o meu Salvador, e meu Redentor. Uma vez estabelecido este fato em minha mente, escrevi, então "Ben Hur".

Wallace ainda escreveu o romance “O Príncipe da Índia”, em 1893, mas a obra não conseguiu atingir a mesma notoriedade do romance bíblico que definitivamente o consagrou. O General Lewis Wallace faleceu a 15 de fevereiro de 1905, em Crawfordsville, Indiana, aos 77 anos de idade.


A REDENÇÃO

Ben-Hur tem sua vida destruída pelo ex amigo Messala, após recusar-se a colaborar plenamente com o Império dos Césares. Acusado por um crime que não cometeu, é condenado a viver o resto de seus dias nas galeras imperiais, remando até a morte. Pouco nos é revelado sobre Messala, apenas que, anos antes dos eventos retratados no filme, ele travou uma profunda amizade de infância com Ben-Hur, e regressando a Jerusalém como uma das mais altas autoridades romanas esperava contar com a cooperação ilimitada do nobre judeu.



Porém, o mais importante traço do filme continua a ser sua busca em associar a história de decadência, superação, vingança e arrependimento de Ben-Hur àquela de Jesus, com o qual o protagonista esbarra em diversos momentos da trama. Numa das cenas mais antológicas da obra, Ben-Hur já se tornou um cativo do Império Romano, acusado de ter atacado o governador da Judéia, e a trupe de condenados que integra está seguindo pelo deserto. 


Em uma das paradas, os criminosos, acorrentados por um corpulento centurião, não recebem água de seus captores. Tombando por terra, Ben-Hur chega ao auge do desespero. Homem outrora poderoso, uma referência em sua comunidade, é reduzido à reles condição de escravo, sendo forçado a testemunhar a prisão de sua mãe e sua irmã, perdendo mesmo o direito de beber um gole de água. Jogado na areia, o nobre clama por misericórdia, quando de súbito um homem misterioso começa a afagar sua testa, oferecendo-lhe uma tina de água fresca.



Ao encará-lo, Ben-Hur fica perplexo diante de seu rosto, que nós, os espectadores, não podemos ver. Logo em seguida, o centurião aproxima-se. De chicote na mão, está disposto a pôr fim a tudo, e agredir quem dera de beber a um homem sedento. Mas, ao ver seu rosto, retrai-se, tomado de medo e vergonha. A escolha de não mostrar o rosto de Jesus partiu de Wyler, como uma demonstração de respeito ao autor Lew Wallace. Considerava essa uma forma de referenciar a crença na divindade de Cristo. Nesse contexto, dar-lhe um rosto seria necessariamente torná-lo mundano segundo sua concepção.


Após uma série de incidentes incríveis, anos depois da condenação, Ben-Hur consegue regressar a Jerusalém, chamando o terrível Messala para um “duelo”. Ambos participam, no último ato da história, de uma corrida de quadrigas, na qual a vida de cada um dos competidores estará em risco.


O espectador que ver alguma forma de punição, capaz de equiparar-se à magnitude dos crimes cometidos pelo tribuno romano, e com ela somos presenteados. Quando as quadrigas de Messala e Ben-Hur se aproximam, o romano faz todo o possível para derrubá-lo, dilapidando suas rodas e chicoteando-o. Em um lance de sorte, é destruída a quadriga do próprio Messala, fazendo com que ele seja arrastado por seus cavalos e atropelado por outros competidores. Passada a satisfação inicial de que somos imbuídos, diante do sucesso da vingança, Judah Ben-Hur vai ao leito de seu inimigo e se depara com um doente. O tribuno deixa de ser um alvo de ódio para tornar-se indivíduo digno de 
misericórdia.




Ele não mostra qualquer arrependimento por seus atos, mas o que antes podia ser encarado como pura maldade torna-se fraqueza, medo e loucura. Por pior que fossem seus pecados, Ben-Hur percebe que nem Messala, um homem de grande porte físico, merece ouvir um cirurgião dizer-lhe que suas pernas deverão ser amputadas. Messala não teve a oportunidade de obter sua redenção, mas o protagonista a tem a partir desta cena, e virá muito mais quando sua mãe e irmã, que por três anos não as via desde que elas foram encarceradas e ele enviado às galés, as reencontra num vale de leprosos. 




No dia da Paixão, Ben-Hur, instigado pela esposa Esther, resgata sua irmã e sua mãe do vale dos leprosos e as leva ao encontro de Jesus de Nazaré, e mal sabem que o Redentor esta a caminho de seu martírio para o calvário, quando passados horas depois da morte de Cristo na Cruz, as mulheres são milagrosamente curadas, proporcionando assim um reencontro emocionante com a mãe e a irmã, onde finalmente o herói compreende a duras penas o verdadeiro propósito da missão de Jesus Cristo na Terra.



BEN HUR É o épico por excelência, contando a saga da Cruz sobrepujando o Império dos Césares. Vale a pena todo católico ter em sua videoteca particular esta verdadeira obra prima do cinema, que esta disponível em DVD e Blu-Ray nas melhores lojas especializadas no Brasil.


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EM TEMPO

Esta Obra Imortal do Cinema Religioso e Épico tem um comentário musical marcante assinado pelo compositor húngaro Miklos Rozsa (*1907 - + 1995), que ganhou o Oscar por compor a trilha sonora deste grandioso filme. Adendo, colocado aqui um vídeo com o saudoso compositor regendo em um programa de TV todos os temas da trilha do filme em um especial realizado para a TV americana.




O FILME DE 1959, PELA GLORIA TV. ESTRELADO POR CHARLTON HESTON. DIREÇÃO: WILLIAM WYLER.