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domingo, 25 de novembro de 2012

Solenidade de Cristo Rei - Rei do Universo.


 Neste Domingo, a Igreja celebra a grande Solenidade de Cristo-Rei, que marca o encerramento do Ano Litúrgico, ao mesmo tempo em que aponta para a vinda gloriosa de Cristo, no fim dos tempos.


A noção de realeza, associada à divindade, surge em Israel, a partir do momento em que foi instituída a monarquia, por desejo do próprio povo. Jamais, porém, Israel divinizou seus reis. Pelo contrário, estes estariam a serviço de Deus, como seus representantes, no que se poderia definir como uma teocracia. O primeiro rei foi Saul, que não se mostrou à altura das expectativas, pois não era o eleito de Deus. Davi, seu sucessor, ungido pelo profeta, tornou-se o herdeiro da promessa messiânica.


Israel jamais arrefeceu na esperança da vinda daquele descendente de Davi – o Messias – que os mestres rabinos, assim como o povo simples, aguardaram por séculos. Esperavam, no entanto, que Ele instaurasse um reino temporal, de cunho político-militar, que significaria a libertação do jugo de seus opressores, sob os quais Israel viveu longo tempo: assírios, babilônios, persas, gregos, romanos...


Por ocasião do nascimento de Jesus, Roma era o centro do mundo, capital do grande Império daquele tempo. A tão sonhada autonomia de Israel não se concretizara. Apenas no âmbito religioso Roma concedia relativa liberdade à colônia, permitindo a autoridade dos sumo-sacerdotes e dos fariseus no ensino da Lei e nos ditames da vida moral. Em suma, crescia a grande expectativa pelo Messias, que restaurasse o Reino de Davi contra o jugo romano.


Naquele contexto, surge o Rei dos Reis, desconhecido de todos, que não se apresenta como Soberano, mas como Servo – Aquele que cumpre a profecia do Servo de Javé (cf. Is 52,13-53,12). Ademais, embora nascido em Belém de Judá, vinha de Nazaré, de onde ninguém julgava pudesse vir algo de bom (cf. Jo 1,46). Cristo, Rei-Servo, começou a pregar um Reino interior, transcendente, do qual nunca se tinha ouvido falar, e cujo senhorio pertence a Deus. Esse Reino caracteriza-se pela prevalência da paz, da justiça, da igualdade e, sobretudo, do amor.


 A doutrina e as obras de nosso Mestre já realizam a presença desse Reino entre nós (cf. Mt 12,28). Embora sem estardalhaço, como a semente que brota na terra (cf. Mt 13,31-32), os sinais que o acompanham tornam-se evidentes, tanto que “o povo estava admirado ante o espetáculo dos mudos que falavam, dos aleijados curados, dos coxos que andavam e dos cegos que viam. Glorificavam ao Deus de Israel” (Mt 15,31) por isso.


Jesus deu outra pequena demonstração do seu Reino, quando entrou, festivamente, em Jerusalém. Ao contrário da pomposa recepção dedicada aos personagens de prestígio, o povo acolhe, com alegre simplicidade, Aquele que chega, montado num burrico: estendem mantos à sua passagem, ramos de árvores pelas estradas, e todos o aplaudem.


 Quando a criançada começa a gritar e a cantar, os mestres judeus se irritam e mandam proibir o canto. Ao que Jesus replica: “Digo-vos: se estes se calarem, clamarão as pedras!” (cf. Lc 19,29-40 e paralelos). Ainda assim, houve quem não compreendesse e não quisesse aceitar a novidade do Reino que Ele veio trazer.


Cristo instaurou o seu Reino para renovar a vitalidade da nossa comunhão com Deus e com os irmãos. Ser cidadão dessa Pátria transcendente exige de nós a santidade, que nos assemelha ao Pai celeste: “Sede santos, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo” (Lv 19,2). Mas onde está a santidade? Nos exemplos que o próprio Mestre nos deixou, e que devemos assumir, em atitude de conversão.


O Reino de Cristo nos conclama à piedade, não só na devoção às orações, mas no amor filial a Deus e, conseqüentemente, aos irmãos e às irmãs, sobretudo aos que mais precisam do nosso apoio. Assim se constrói a fraternidade, uma fraternidade universal, baseada na igualdade, sem acepção de cor, de raça ou de gênero. Jesus assim o quer: “Vós todos sois irmãos” (Mt 23,8).


O Reino de Cristo é um Reino de paz. A verdadeira paz, pela qual o nosso mundo tanto anseia, e que tem sido objetivo de tantos manifestos públicos e comunitários, depende da conversão dos corações, pois a paz se exterioriza a partir do que trazemos dentro de nós. Acima de tudo, a paz definitiva será um dom de Deus, que Cristo nos trará, quando vier pela segunda vez, para consumar a história e a culminância da Redenção.


A grande novidade desse Reino é a cruz, transformada de instrumento de tortura ignominiosa em sinal glorioso. Jesus convida quem quiser ser seu discípulo a aceitar o desafio de carregá-la com amor, com alegria, mesmo no sofrimento, caindo, levantando, até chegar o momento da glória, que vai coincidir com a oferta da nossa própria vida em prol do bem comum (cf. Mt 16,24-25 e paralelos).

E, de fato, assim aconteceu e continuará a acontecer... A maior glória da Igreja Católica é que nosso passado se fundamenta no testemunho dos Santos e dos Mártires, baseados, por sua vez, na Pedra Fundamental – o Cristo Senhor. Mas cada um de nós, mesmo na pequena dimensão da própria vida, é chamado a acolher os revezes e sofrimentos com bom ânimo e generosidade que nos transcende.


 Apesar de seu cunho marcadamente escatológico, isto é, voltado às realidades eternas, o Reino de Cristo também se realiza na concretude da vida presente. A nossa fé não é abstrata ou inativa. Ela tem que ser operosa, ativa e criativa. “A fé opera pela caridade” (Gl 5,6).


Aqui entra a obra da Caridade Social, que promove o ambiente propício ao anúncio do Evangelho, entre os mais carentes do pão material e do Pão espiritual. Essa é a outra novidade do Reino de Cristo, transformando, assim, a história e a própria política, não como ideologia de partidos, mas como a ciência e a prática do bem comum.


Portanto, o Reino de Deus está presente entre nós, nas multidões que se ajoelham e rezam, na pregação e na escuta da Palavra de Deus, com fé e entusiasmo, na celebração da Eucaristia e dos demais Sacramentos, enfim, na própria visão cristã do mundo e da história. Mas o Reino ainda está sendo construído. Por isso, Jesus Cristo deseja que clamemos sempre por ele, através da Oração que nos ensinou: “Venha a nós o vosso Reino”.

AUTOR: CARDEAL D. EUSÉBIO OSCAR SCHEID
Ex Arcebispo da Arquidiocese do Rio de Janeiro

sábado, 24 de novembro de 2012

Videoteca: "Nazarín" é ato de fé pela humanidade de Luis Buñuel


AUTOR: CARLOS FUENTES

ESPECIAL PARA A FOLHA

O Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) prepara um volume intitulado "The Hidden God" (O Deus Oculto), no qual pede a escritores que escolham um filme de temática religiosa aparente ou, conforme indica o título da série, oculta.

A lista é longa e interessante e vai de Dreyer a Scorsese, passando por Bergman, Bresson e Kurosawa. Naturalmente, escolhi Luis Buñuel (* 1900 - † 1983)  e, entre seus ""deuses ocultos", a adaptação de  Nazarín, de Benito Pérez Galdós.



Em 1958, preparava o trabalho de promoção de ""Nazarín", que havia sido convidado pelo Festival de Cannes, apesar da oposição do governo mexicano. Como em 1950, quando ""Los Olvidados" concorreu em Cannes, os olhos míopes do pudor oficial consideraram ""Nazarín" prejudicial à imagem do México.

Em seu lugar, o governo enviou a Cannes, em 1958, um filme realmente prejudicial à imagem do México: "La Cucaracha", coletânea de imagens modorrentas da Revolução.

Os governos se opuseram a "Los Olvidados" e a "Nazarín" porque, segundo eles, Buñuel traça o retrato de um México pobre, violento e sujo.



"Nazarín" conta a história de um humilde padre privado de sua paróquia por uma hierarquia arrogante. Visto como louco perigoso, Nazarín sabe que sua loucura consiste na imitação de Cristo, e Buñuel o lança num fascinante "road movie". No caminho, em diversos momentos, a vontade cristã de Nazarín encontra apenas desprezo, enganação e violência. Sua fé no ideal cristão (a vida de Jesus) é comparável à fé de Dom Quixote no ideal cavalheiresco.

Como Quixote, Nazarín tem seus Sanchos -só que, num volteio imaginativo brilhante, os escudeiros de Nazarín são duas prostitutas que o seguem, contra sua vontade, mas que acabam por se revelarem cruciais para sua "via-crúcis". Nazarín só pode imitar a Cristo se abrir mão de sua aspiração à salvação individual e descobrir que existe apenas uma salvação, na companhia dos outros. O inferno são os outros, diz a célebre frase de Sartre. Mas, respondeu Buñuel, sem os outros não há paraíso.



Antes de pôr sua fé à prova, Nazarín sabe que Cristo individualiza a salvação, a põe ao alcance de todos. Mas, depois de sua "via-crúcis", o sacerdote ganha a consciência de que a imitação de Cristo significa escândalo, desordem, águas revoltas. Nazarín se converte no inimigo da ordem.


 O tema de Maria Madalena é duplicado por Buñuel em "Nazarín". A presença das duas mulheres (Marga López e Rita Macedo) é, em si, uma ousada afirmação do erótico dentro do sagrado.

Essa dimensão erótica em "Nazarín" é inseparável do muito discutido final do filme. O sacerdote é conduzido por um caminho poeirento, num cordão de presos. Uma mulher piedosa lhe oferece um presente insólito: uma pinha, objeto comparável, em sua difícil manipulação, a uma granada explosiva. Num primeiro momento, Nazarín recusa o presente. Depois acaba por aceitá-lo e agradece à mulher, dizendo "Que Deus lhe pague". É o momento culminante do filme. O mais profundo, comovente,  e emotivo de um grande ator, Francisco Rabal (*1926  - † 2001).

Talvez Nazarín tenha perdido a fé em Deus. Mas ganhou fé na humanidade e converte-se em parte fiel, cética e humana da criação divina. Em "Nazarín", santos e pecadores unem-se na experiência do mundo, porque apenas os homens vão redimir os homens, quer o façam em nome de Deus ou contra Ele.



Escolhi uma frase de Pascal para ilustrar o "press-book" do Festival de Cannes de 58. "Se não me tivesses encontrado, não me procurarias." Deus está oculto. A natureza está corrompida. Então surge Jesus, e sua dupla paixão -trânsito e sofrimento- nos assimila à sua presença carnal e visual sobre a Terra. Talvez Buñuel tenha compreendido que um "ateu pela graça de Deus" como ele se situava na ponte entre o Deus escondido, que abandonou Jesus no Calvário e esqueceu suas criaturas humanas, e o próprio Jesus. Como Pascal, Buñuel não pode obviar a questão da fé, a questão do ser humano que crê. Não porque ele esteja procurando o mais precioso em seus próprios corações.

Talvez a fé de Buñuel (é o que me faz saber o sacerdote dominicano Julián Pablo, com quem Buñuel passou seus últimos dias conversando) seja que todos nós podemos ser cristóforos, portadores de Cristo, portadores de valores que queremos radicar no mundo exatamente porque todos nós nos perguntamos: ""O que existe além desta nossa vida?".

Dessa maneira, Nazarín, como Jesus, se converte num ser religioso porque não ressuscita os mortos. Ressuscita os vivos. O mundo inteiro se volta contra ele, mas Nazarín persiste em sua imitação de Cristo, convencido de que uma pessoa não pode ser Deus, mas Deus, sim, pode ser uma pessoa.

Carlos Fuentes é mexicano, autor de "A Morte de Artemio Cruz", entre outros

PS -  Esta Obra de Buñuel esta despontada entre os melhores 45 filmes de acordo com o VATICANO, na categoria RELIGIÃO, em lista realizada em 1995 pelo Conselho Pontifício Para as Comunicações Sociais da Santa Sé. Esta lista e demais dados pode ser encontrada no nosso link GUIA DE FILMES DO VATICANO:


O Filme esta disponível em DVD no Brasil.

ASSISTA AO FILME - SOM ORIGINAL EM ESPANHOL

A OBRA DE LUIS BUÑUEL NAZARIN

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Salve Santa Cecília - Virgem e Mártir e Padroeira dos Músicos.


Santa Cecília é a padroeira dos músicos. Não se tem muitas informações sobre a vida de Santa Cecília. É provável que tenha sido martirizada entre 176 e 180, sob o império de Marco Aurélio. Escavações arqueológicas não deixam dúvidas sobre a sua existência.

Segundo a Paixão de Santa Cecília, escrita no século V, Cecília seria da nobre família romana dos Metelos, filha de senador romano e cristã desde a infância.



Os pais de Cecília, sem que a filha soubesse, prometeram-na em casamento a um jovem patrício romano, chamado Valeriano. Se bem que tivesse alegado os motivos que a levavam a não aceitar este contrato, a vontade dos pais se impôs de maneira a tornar-lhe inútil qualquer resistência. Assim se marcaria o dia do casamento e tudo estava preparado para a grande cerimônia.


Da alegria geral que estampava nos rostos de todos, só Cecília fazia exceção. A túnica dourada e alvejante peplo que vestia não deixavam adivinhar que por baixo existia o cilício, e no coração lhe reinasse a tristeza.


Estando só com o noivo, disse-lhe Cecília com toda a amabilidade e não menos firmeza: “Valeriano, acho-me sob a proteção direta de um Anjo que me defende e guarda minha virgindade. Não queiras, portanto, fazer coisa alguma contra mim, o que provocaria a ira de Deus contra ti”. A estas palavras, incompreensíveis para um pagão, Cecília fez seguir a declaração de ser cristã e obrigada por um voto que tinha feito a Deus de guardar a pureza virginal.

Disse-lhe mais: que a fidelidade ao voto trazia a bênção, a violação, porém, o castigo de Deus. Valeriano vivamente impressionado com as declarações da noiva, respeitou-lhe a virgindade, converteu-se e recebeu o batismo naquela mesma noite. Valeriano relatou ao irmão Tibúrcio o que tinha passado e conseguiu que também este se tornasse cristão.




Turcius Almachius, prefeito de Roma, teve conhecimento da conversão do dois irmãos. Citou-os perante o tribunal e exigiu peremptoriamente que abandonassem, sob pena de morte, a religião que tinham abraçado. Diante da formal recusa, foram condenados à morte e decapitados.

Também Cecília teve de comparecer na presença do irredutível juiz. Antes de mais nada, foi intimada a revelar onde se achavam escondidos os tesouros dos dois sentenciados. Cecília respondeu-lhe que os sabia bem guardados, sem deixar perceber ao tirano que já tinham achado o destino nas mãos dos pobres. Almachius, mais tarde, cientificado deste fato, enfureceu-se extraordinariamente e ordenou que Cecília fosse levada ao templo e obrigada a render homenagens aos deuses.


De fato foi conduzida ao lugar determinado, mas com tanta convicção falou aos soldados da beleza da religião de Cristo, que estes se declararam a seu favor, e prometeram abandonar o culto dos deuses.


Almachius, vendo novamente frustrado seu estratagema, deu ordem para que Cecília fosse trancada na instalação balneária do seu próprio palacete e asfixiada pelos vapores d’água. Cecília experimentou uma proteção divina extraordinária e embora a temperatura tivesse sido elevada a ponto de tornar-se intolerável, a serva de Cristo nada sofreu. Segundo outros, a Santa foi metida em um banho de água fervente do qual teria saído ilesa.



Almachius recorreu, então, à pena capital. Três golpes vibrou o algoz sem conseguir separar a cabeça do tronco. Cecília, mortalmente ferida, caiu por terra e ficou três dias nesta posição. Aos cristãos que a vinham visitar, dava bons e caridosos conselhos. Ao Papa entregara todos os bens, com o pedido de distribuí-los entre os pobres. Outro pedido fora o de transformar a sua casa em igreja, o que se fez logo depois de sua morte. Foi enterrada na Catacumba de São Calisto.

As diversas invasões dos godos e lombardos fizeram com que os Papas resolvessem a transladação de muitas relíquias de santos para igrejas de Roma. O corpo de Santa Cecília ficou muito tempo escondido, sem que lhe soubessem o jazigo.

Uma aparição da Santa ao Papa Pascoal I (817-824) trouxe luz sobre este ponto. Achou-se o caixão de cipreste que guardava as relíquias. O corpo foi encontrado intacto e na mesma posição em que tinha sido enterrado. O esquife foi achado em um ataúde de mármore e depositado no altar de Santa Cecília. Ao lado da Santa acharam seu repouso os corpos de Valeriano, Tibúrcio e Máximo.



Em 1599, por ordem do Cardeal Sfondrati, foi aberto o túmulo de Santa Cecília e o corpo encontrado ainda na mesma posição descrita pelo papa Pascoal. O escultor Stefano Maderno que assim o viu, reproduziu em finíssimo mármore, em tamanho natural, a sua imagem.



A Igreja ocidental, como a oriental, tem grande veneração pela Mártir, cujo nome figura no cânon da santa Missa. O ofício de sua festa traz como antífona um tópico das atas do martírio de Santa Cecília, as quais afirmam que a Santa, nos festejos do casamento, ouvindo o som dos instrumentos musicais, teria elevado o coração a Deus nestas piedosas aspirações: “Senhor, guardai sem mancha meu corpo e minha alma, para que não seja confundida”.

Desde o século XV, Santa Cecília é considerada padroeira da música sacra e dos músicos. Sua festa é celebrada no dia 22 de novembro, dia da música e dos músicos.


BIBLIOGRAFIA:

* Conti, Dom Servilio. O Santo do dia, 4ª. ed. revista e atualizada,
Petrópolis,Vozes, 1990, p. 519-522;
* Alban Butler. Vida dos Santos, vol. XI/novembro. Petrópolis, Vozes, 1993, p. 207-210;
* Cordeiro, V. A. Santa Cecília. Porto, 1913.


Oração a Santa Cecília

Ó Gloriosa Santa Cecília,
apóstola de caridade,
espelho de pureza e modelo de esposa cristã!
Por aquela fé esclarecida,
com que afrontastes
os enganosos deleites do mundo pagão,
alcançai-nos o amoroso conhecimento
das verdades cristãs,
para que conformemos a nossa vida
com a santa lei de Deus e da sua Igreja.
Revesti-nos de inviolável confiança
na misericórdia de Deus,
pelos merecimentos infinitos
de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Dilatai o nosso coração, para que,
abrasados do amor de Deus,
não nos desviemos jamais
da salvação eterna.
Gloriosa Padroeira nossa,
que os vossos exemplos de fé e de virtude
sejam para todos nós um brado de alerta,
para que estejamos sempre atentos à vontade de Deus,
na prosperidade como nas provações,
no caminho do céu e da salvação eterna.
Assim seja.




   

LIVRO: Santa Cecília: Virgem e Mártir
Autor: Saverio M. Vanzo 

Descrição: 
O livro, escrito pelo Padre Saverio M. Vanzo (SSP) conta a história da jovem, virgem e mártir, Cecília, que desprezando os privilégios do mundo entregou-se totalmente a Deus.

As virtudes com que Deus ornou sua alma foram as mais admiráveis, porém, ao mesmo tempo, as mais difíceis de praticar.

Criatura frágil, cercada de inimigos terríveis, com o auxílio da divina graça, pôde livrar-se das ciladas que lhe haviam preparado, saindo ilesa e atraindo, com fascinação e a flagrância de suas virtudes, seus próprios inimigos.

Assim, a virgem Cecília mostrou a todos que até no meio dos maus, e na idade em que as paixões reclamam seus pretensos direitos, pode-se ser virtuoso e elevar o pensamento, o coração e a vontade a Jesus Cristo, Nosso Senhor.

Considerada a Padroeira dos Músicos por seus dons musicais, Santa Cecília é bem maior que este título. Seu talento musical foi usado em louvor de Deus, aquele que é o Senhor de todos os dons, e que também lhe deu o maior dom de todos: a fé.

E por sua fé Cecília partilhou a caridade, que é o amor de Cristo, com o seu próximo e, ancorada neste amor, trocou sua fortuna terrena pelos tesouros do céu a corte da terra pela nobre corte do Filho de Deus a paz dos homens pelos frutos do Paraíso a vida passageira na terra pela vida eterna e abundante com Deus.

Seu nome, de geração em geração, é lembrado pelos fiéis que se espalham por todo o mundo, recorrendo em suas necessidades a interseção desta Santa, martirizada nos primórdios do cristianismo mas amada até hoje por sua coragem e amor a Deus.


Ficha Técnica:

Número de Páginas: 64
Editora: Oratório
Idioma: Português-BR
ISBN: 978-85-64028-00-5
Dimensões do Livro: 13,5 x 20,5 cm

A venda no site




segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Mensagem do Papa Bento XVI para a XXVIII Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, em Julho de 2013.


  

Amados irmãos e irmãs em Cristo Jesus. O espaço aqui presente tem o prazer de divulgar a mensagem bela e profunda do nosso querido Papa Bento XVI, mensagem esta destinada para a JMJ Rio 2013. São palavras de teor profundo que realça a preocupação da Igreja com os problemas do mundo atual, e que certamente chamarão a atenção não somente dos jovens, mas também de todos os demais fiéis a Cristo.


Meditemos, pois, que as palavras do Santo Padre penetrem nos corações dos leitores. O Alcance do amor e da paz está em nossas mãos. Que o desejo de irmanar seja sincero e que preguemos o Evangelho do Amor e do Perdão, fazendo discípulos e participando ativamente desta Jornada Mundial da Juventude aqui no Rio de Janeiro.

Um bom dia a todos
Marcos Neri            
                                                                   



Queridos jovens,

Desejo fazer chegar a todos vós minha saudação cheia de alegria e afeto. Tenho a certeza que muitos de vós regressastes a casa da Jornada Mundial da Juventude em Madri mais «enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé» (cf. Col 2,7). Este ano, inspirados pelo tema: «Alegrai-vos sempre no Senhor» (Fil 4,4) celebramos a alegria de ser cristãos nas várias Dioceses. E agora estamo-nos preparando para a próxima Jornada Mundial, que será celebrada no Rio de Janeiro, Brasil, em julho de 2013.

Desejo, em primeiro lugar, renovar a vós o convite para participardes nesse importante evento. A conhecida estátua do Cristo Redentor, que se eleva sobre aquela bela cidade brasileira, será o símbolo eloquente deste convite: seus braços abertos são o sinal da acolhida que o Senhor reservará a todos quantos vierem até Ele, e o seu coração retrata o imenso amor que Ele tem por cada um e cada uma de vós. Deixai-vos atrair por Ele! Vivei essa experiência de encontro com Cristo, junto com tantos outros jovens que se reunirão no Rio para o próximo encontro mundial! Deixai-vos amar por Ele e sereis as testemunhas de que o mundo precisa.

Convido a vos preparardes para a Jornada Mundial do Rio de Janeiro, meditando desde já sobre o tema do encontro: «Ide e fazei discípulos entre as nações» (cf. Mt 28,19). Trata-se da grande exortação missionária que Cristo deixou para toda a Igreja e que permanece atual ainda hoje, dois mil anos depois. Agora este mandato deve ressoar fortemente em vosso coração. O ano de preparação para o encontro do Rio coincide com o Ano da fé, no início do qual o Sínodo dos Bispos dedicou os seus trabalhos à «nova evangelização para a transmissão da fé cristã». Por isso me alegro que também vós, queridos jovens, sejais envolvidos neste impulso missionário de toda a Igreja: fazer conhecer Cristo é o dom mais precioso que podeis fazer aos outros.


1. Uma chamada urgente

A história mostra-nos muitos jovens que, através do dom generoso de si mesmos, contribuíram grandemente para o Reino de Deus e para o desenvolvimento deste mundo, anunciando o Evangelho. Com grande entusiasmo, levaram a Boa Nova do Amor de Deus manifestado em Cristo, com meios e possibilidades muito inferiores àqueles de que dispomos hoje em dia. Penso, por exemplo, no Beato José de Anchieta, jovem jesuíta espanhol do século XVI, que partiu em missão para o Brasil quando tinha menos de vinte anos e se tornou um grande apóstolo do Novo Mundo. Mas penso também em tantos de vós que se dedicam generosamente à missão da Igreja: disto mesmo tive um testemunho surpreendente na Jornada Mundial de Madri, em particular na reunião com os voluntários.

Hoje, não poucos jovens duvidam profundamente que a vida seja um bem, e não veem com clareza o próprio caminho. De um modo geral, diante das dificuldades do mundo contemporâneo, muitos se perguntam: E eu, que posso fazer? A luz da fé ilumina esta escuridão, nos fazendo compreender que toda existência tem um valor inestimável, porque é fruto do amor de Deus. Ele ama mesmo quem se distanciou ou esqueceu d’Ele: tem paciência e espera; mais que isso, deu o seu Filho, morto e ressuscitado, para nos libertar radicalmente do mal. E Cristo enviou os seus discípulos para levar a todos os povos este alegre anúncio de salvação e de vida nova.

A Igreja, para continuar esta missão de evangelização, conta também convosco. Queridos jovens, vós sois os primeiros missionários no meio dos jovens da vossa idade!No final do Concílio Ecumênico Vaticano II, cujo cinquentenário celebramos neste ano, o Servo de Deus Paulo VI entregou aos jovens e às jovens do mundo inteiro uma Mensagem que começava com estas palavras: «É a vós, rapazes e moças de todo o mundo, que o Concílio quer dirigir a sua última mensagem, pois sereis vós a recolher o facho das mãos dos vossos antepassados e a viver no mundo no momento das mais gigantescas transformações da sua história, sois vós quem, recolhendo o melhor do exemplo e do ensinamento dos vossos pais e mestres, ides constituir a sociedade de amanhã: salvar-vos-eis ou perecereis com ela». E concluía com um apelo: «Construí com entusiasmo um mundo melhor que o dos vossos antepassados!» (Mensagem aos jovens, 8 de dezembro de 1965).

Queridos amigos, este convite é extremamente atual. Estamos passando por um período histórico muito particular: o progresso técnico nos deu oportunidades inéditas de interação entre os homens e entre os povos, mas a globalização destas relações só será positiva e fará crescer o mundo em humanidade se estiver fundada não sobre o materialismo mas sobre o amor, a única realidade capaz de encher o coração de cada um e unir as pessoas. Deus é amor. O homem que esquece Deus fica sem esperança e se torna incapaz de amar seu semelhante. Por isso é urgente testemunhar a presença de Deus para que todos possam experimentá-la: está em jogo a salvação da humanidade, a salvação de cada um de nós. Qualquer pessoa que entenda essa necessidade, não poderá deixar de exclamar com São Paulo: «Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho» (1 Cor 9,16).





2. Tornai-vos discípulos de Cristo

Esta chamada missionária vos é dirigida também por outro motivo: é necessário para o nosso caminho de fé pessoal. O Beato João Paulo II escrevia: «É dando a fé que ela se fortalece» (Encíclica Redemptoris missio, 2). Ao anunciar o Evangelho, vós mesmos cresceis em um enraizamento cada vez mais profundo em Cristo, vos tornais cristãos maduros. O compromisso missionário é uma dimensão essencial da fé: não se crê verdadeiramente, se não se evangeliza. E o anúncio do Evangelho não pode ser senão consequência da alegria de ter encontrado Cristo e ter descoberto n’Ele a rocha sobre a qual construir a própria existência. Comprometendo-vos no serviço aos demais e no anúncio do Evangelho, a vossa vida, muitas vezes fragmentada entre tantas atividades diversas, encontrará no Senhor a sua unidade; construir-vos-eis também a vós mesmos; crescereis e amadurecereis em humanidade.

Mas, que significa ser missionário? Significa acima de tudo ser discípulo de Cristo e ouvir sem cessar o convite a segui-Lo, o convite a fixar o olhar n’Ele: «Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração» (Mt 11,29). O discípulo, de fato, é uma pessoa que se põe à escuta da Palavra de Jesus (cf. Lc 10,39), a quem reconhece como o Mestre que nos amou até o dom de sua vida. Trata-se, portanto, de cada um de vós deixar-se plasmar diariamente pela Palavra de Deus: ela vos transformará em amigos do Senhor Jesus, capazes de fazer outros jovens entrar nesta mesma amizade com Ele.

Aconselho-vos a guardar na memória os dons recebidos de Deus, para poder transmiti-los ao vosso redor. Aprendei a reler a vossa história pessoal, tomai consciência também do maravilhoso legado recebido das gerações que vos precederam: tantos cristãos nos transmitiram a fé com coragem, enfrentando obstáculos e incompreensões. Não o esqueçamos jamais! Fazemos parte de uma longa cadeia de homens e mulheres que nos transmitiram a verdade da fé e contam conosco para que outros a recebam. Ser missionário pressupõe o conhecimento deste patrimônio recebido que é a fé da Igreja: é necessário conhecer aquilo em que se crê, para podê-lo anunciar. Como escrevi na introdução do YouCat, o Catecismo para jovens que vos entreguei no Encontro Mundial de Madri, «tendes de conhecer a vossa fé como um especialista em informática domina o sistema operacional de um computador. Tendes de compreendê-la como um bom músico entende uma partitura. Sim, tendes de estar enraizados na fé ainda mais profundamente que a geração dos vossos pais, para enfrentar os desafios e as tentações deste tempo com força e determinação» (Prefácio).


3. Ide!

Jesus enviou os seus discípulos em missão com este mandato: «Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura! Quem crer e for batizado será salvo» (Mc 16,15-16). Evangelizar significa levar aos outros a Boa Nova da salvação, e esta Boa Nova é uma pessoa: Jesus Cristo. Quando O encontro, quando descubro até que ponto sou amado por Deus e salvo por Ele, nasce em mim não apenas o desejo, mas a necessidade de fazê-lo conhecido pelos demais. No início do Evangelho de João, vemos como André, depois de ter encontrado Jesus, se apressa em conduzir a Ele seu irmão Simão (cf. 1,40-42). A evangelização sempre parte do encontro com o Senhor Jesus: quem se aproximou d’Ele e experimentou o seu amor, quer logo partilhar a beleza desse encontro e a alegria que nasce dessa amizade. Quanto mais conhecemos a Cristo, tanto mais queremos anunciá-lo. Quanto mais falamos com Ele, tanto mais queremos falar d’Ele. Quanto mais somos conquistados por Ele, tanto mais desejamos levar outras pessoas para Ele.

Pelo Batismo, que nos gera para a vida nova, o Espírito Santo vem habitar em nós e inflama a nossa mente e o nosso coração: é Ele que nos guia para conhecer a Deus e entrar em uma amizade sempre mais profunda com Cristo. É o Espírito que nos impulsiona a fazer o bem, servindo os outros com o dom de nós mesmos. Depois, através do sacramento da Confirmação, somos fortalecidos pelos seus dons, para testemunhar de modo sempre mais maduro o Evangelho. Assim, o Espírito de amor é a alma da missão: Ele nos impele a sair de nós mesmos para «ir» e evangelizar. Queridos jovens, deixai-vos conduzir pela força do amor de Deus, deixai que este amor vença a tendência de fechar-se no próprio mundo, nos próprios problemas, nos próprios hábitos; tende a coragem de «sair» de vós mesmos para «ir» ao encontro dos outros e guiá-los ao encontro de Deus.



4. Alcançai todos os povos

Cristo ressuscitado enviou os seus discípulos para dar testemunho de sua presença salvífica a todos os povos, porque Deus, no seu amor superabundante, quer que todos sejam salvos e ninguém se perca. Com o sacrifício de amor na Cruz, Jesus abriu o caminho para que todo homem e toda mulher possa conhecer a Deus e entrar em comunhão de amor com Ele. E constituiu uma comunidade de discípulos para levar o anúncio salvífico do Evangelho até os confins da terra, a fim de alcançar os homens e as mulheres de todos os lugares e de todos os tempos. Façamos nosso esse desejo de Deus!

Queridos amigos, estendei o olhar e vede ao vosso redor: tantos jovens perderam o sentido da sua existência. Ide! Cristo precisa de também de vós. Deixai-vos envolver pelo seu amor, sede instrumentos desse amor imenso, para que alcance a todos, especialmente aos «afastados». Alguns encontram-se geograficamente distantes, enquanto outros estão longe porque a sua cultura não dá espaço para Deus; alguns ainda não acolheram o Evangelho pessoalmente, enquanto outros, apesar de o terem recebido, vivem como se Deus não existisse. A todos abramos a porta do nosso coração; procuremos entrar em diálogo com simplicidade e respeito: este diálogo, se vivido com uma amizade verdadeira, dará seus frutos. Os «povos», aos quais somos enviados, não são apenas os outros Países do mundo, mas também os diversos âmbitos de vida: as famílias, os bairros, os ambientes de estudo ou de trabalho, os grupos de amigos e os locais de lazer. O jubiloso anúncio do Evangelho se destina a todos os âmbitos da nossa vida, sem exceção.

Gostaria de destacar dois campos, nos quais deve fazer-se ainda mais solícito o vosso empenho missionário. O primeiro é o das comunicações sociais, em particular o mundo da internet. Como tive já oportunidade de dizer-vos, queridos jovens, «senti-vos comprometidos a introduzir na cultura deste novo ambiente comunicador e informativo os valores sobre os quais assenta a vossa vida! [...] A vós, jovens, que vos encontrais quase espontaneamente em sintonia com estes novos meios de comunicação, compete de modo particular a tarefa da evangelização deste “continente digital”» (Mensagem para o XLIII Dia Mundial das Comunicações Sociais, 24 de maio de 2009). Aprendei, portanto, a usar com sabedoria este meio, levando em conta também os perigos que ele traz consigo, particularmente o risco da dependência, de confundir o mundo real com o virtual, de substituir o encontro e o diálogo direto com as pessoas por contatos na rede.

O segundo campo é o da mobilidade. Hoje são sempre mais numerosos os jovens que viajam, seja por motivos de estudo ou de trabalho, seja por diversão. Mas penso também em todos os movimentos migratórios, que levam milhões de pessoas, frequentemente jovens, a se transferir e mudar de Região ou País, por razões econômicas ou sociais. Também estes fenômenos podem se tornar ocasiões providenciais para a difusão do Evangelho. Queridos jovens, não tenhais medo de testemunhar a vossa fé também nesses contextos: para aqueles com quem vos deparareis, é um dom precioso a comunicação da alegria do encontro com Cristo.


5. Fazei discípulos!

Penso que já várias vezes experimentastes a dificuldade de envolver os jovens da vossa idade na experiência da fé. Frequentemente tereis constatado que em muitos deles, especialmente em certas fases do caminho da vida, existe o desejo de conhecer a Cristo e viver os valores do Evangelho, mas tal desejo é acompanhado pela sensação de ser inadequados e incapazes. Que fazer? Em primeiro lugar, a vossa solicitude e a simplicidade do vosso testemunho serão um canal através do qual Deus poderá tocar seu coração. O anúncio de Cristo não passa somente através das palavras, mas deve envolver toda a vida e traduzir-se em gestos de amor. A ação de evangelizar nasce do amor que Cristo infundiu em nós; por isso, o nosso amor deve conformar-se sempre mais ao d’Ele. Como o bom Samaritano, devemos manter-nos solidários com quem encontramos, sabendo escutar, compreender e ajudar, para conduzir, quem procura a verdade e o sentido da vida, à casa de Deus que é a Igreja, onde há esperança e salvação (cf. Lc 10,29-37). 

Queridos amigos, nunca esqueçais que o primeiro ato de amor que podeis fazer ao próximo é partilhar a fonte da nossa esperança: quem não dá Deus, dá muito pouco. Aos seus apóstolos, Jesus ordena: «Fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei» (Mt 28,19-20). Os meios que temos para «fazer discípulos» são principalmente o Batismo e a catequese. Isto significa que devemos conduzir as pessoas que estamos evangelizando ao encontro com Cristo vivo, particularmente na sua Palavra e nos Sacramentos: assim poderão crer n’Ele, conhecerão a Deus e viverão da sua graça. Gostaria que cada um de vós se perguntasse: Alguma vez tive a coragem de propor o Batismo a jovens que ainda não o receberam? Convidei alguém a seguir um caminho de descoberta da fé cristã? Queridos amigos, não tenhais medo de propor aos jovens da vossa idade o encontro com Cristo.Invocai o Espírito Santo: Ele vos guiará para entrardes sempre mais no conhecimento e no amor de Cristo, e vos tornará criativos na transmissão do Evangelho.



6. Firmes na fé

Diante das dificuldades na missão de evangelizar, às vezes sereis tentados a dizer como o profeta Jeremias: «Ah! Senhor Deus, eu não sei falar, sou muito novo». Mas, também a vós, Deus responde: «Não digas que és muito novo; a todos a quem eu te enviar, irás» (Jr 1,6-7). Quando vos sentirdes inadequados, incapazes e frágeis para anunciar e testemunhar a fé, não tenhais medo. A evangelização não é uma iniciativa nossa nem depende primariamente dos nossos talentos, mas é uma resposta confiante e obediente à chamada de Deus, e portanto não se baseia sobre a nossa força, mas na d’Ele. Isso mesmo experimentou o apóstolo Paulo: «Trazemos esse tesouro em vasos de barro, para que todos reconheçam que este poder extraordinário vem de Deus e não de nós» (2 Cor 4,7).

Por isso convido-vos a enraizar-vos na oração e nos sacramentos. A evangelização autêntica nasce sempre da oração e é sustentada por esta: para poder falar de Deus, devemos primeiro falar com Deus. E, na oração, confiamos ao Senhor as pessoas às quais somos enviados, suplicando-Lhe que toque o seu coração; pedimos ao Espírito Santo que nos torne seus instrumentos para a salvação dessas pessoas; pedimos a Cristo que coloque as palavras nos nossos lábios e faça de nós sinais do seu amor. E, de modo mais geral, rezamos pela missão de toda a Igreja, de acordo com a ordem explícita de Jesus: «Pedi, pois, ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua colheita!» (Mt 9,38). Sabei encontrar na Eucaristia a fonte da vossa vida de fé e do vosso testemunho cristão, participando com fidelidade na Missa ao domingo e sempre que possível também durante a semana. Recorrei frequentemente ao sacramento da Reconciliação: é um encontro precioso com a misericórdia de Deus que nos acolhe, perdoa e renova os nossos corações na caridade. E, se ainda não o recebestes, não hesiteis em receber o sacramento da Confirmação ou Crisma preparando-vos com cuidado e solicitude. Junto com a Eucaristia, esse é o sacramento da missão, porque nos dá a força e o amor do Espírito Santo para professar sem medo a fé. Encorajo-vos ainda à prática da adoração eucarística: permanecer à escuta e em diálogo com Jesus presente no Santíssimo Sacramento, torna-se ponto de partida para um renovado impulso missionário.

Se seguirdes este caminho, o próprio Cristo vos dará a capacidade de ser plenamente fiéis à sua Palavra e de testemunhá-Lo com lealdade e coragem. Algumas vezes sereis chamados a dar provas de perseverança, particularmente quando a Palavra de Deus suscitar reservas ou oposições. Em certas regiões do mundo, alguns de vós sofrem por não poder testemunhar publicamente a fé em Cristo, por falta de liberdade religiosa. E há quem já tenha pagado com a vida o preço da própria pertença à Igreja. Encorajo-vos a permanecer firmes na fé, certos de que Cristo está ao vosso lado em todas as provas. Ele vos repete: «Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós, por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus» (Mt 5,11-12).


7. Com toda a Igreja

Queridos jovens, para permanecer firmes na confissão da fé cristã nos vários lugares onde sois enviados, precisais da Igreja. Ninguém pode ser testemunha do Evangelho sozinho. Jesus enviou em missão os seus discípulos juntos: o mandato «fazei discípulos» é formulado no plural. Assim, é sempre como membros da comunidade cristã que prestamos o nosso testemunho, e a nossa missão torna-se fecunda pela comunhão que vivemos na Igreja: seremos reconhecidos como discípulos de Cristo pela unidade e o amor que tivermos uns com os outros (cf. Jo 13,35). Agradeço ao Senhor pela preciosa obra de evangelização que realizam as nossas comunidades cristãs, as nossas paróquias, os nossos movimentos eclesiais. Os frutos desta evangelização pertencem a toda a Igreja: «um é o que semeia e outro o que colhe», dizia Jesus (Jo 4,37).

A propósito, não posso deixar de dar graças pelo grande dom dos missionários, que dedicam toda a sua vida ao anúncio do Evangelho até os confins da terra. Do mesmo modo bendigo o Senhor pelos sacerdotes e os consagrados, que ofertam inteiramente as suas vidas para que Jesus Cristo seja anunciado e amado. Desejo aqui encorajar os jovens chamados por Deus a alguma dessas vocações, para que se comprometam com entusiasmo: «Há mais alegria em dar do que em receber!» (At 20,35). Àqueles que deixam tudo para segui-Lo, Jesus prometeu o cêntuplo e a vida eterna (cf. Mt 19,29).

Dou graças também por todos os fiéis leigos que se empenham por viver o seu dia-a-dia como missão, nos diversos lugares onde se encontram, tanto em família como no trabalho, para que Cristo seja amado e cresça o Reino de Deus. Penso particularmente em quantos atuam no campo da educação, da saúde, do mundo empresarial, da política e da economia, e em tantos outros âmbitos do apostolado dos leigos. Cristo precisa do vosso empenho e do vosso testemunho. Que nada – nem as dificuldades, nem as incompreensões – vos faça renunciar a levar o Evangelho de Cristo aos lugares onde vos encontrais: cada um de vós é precioso no grande mosaico da evangelização!



8. «Aqui estou, Senhor!»

Em suma, queridos jovens, queria vos convidar a escutar no íntimo de vós mesmos a chamada de Jesus para anunciar o seu Evangelho. Como mostra a grande estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, o seu coração está aberto para amar a todos sem distinção, e seus braços estendidos para alcançar a cada um. Sede vós o coração e os braços de Jesus. Ide testemunhar o seu amor, sede os novos missionários animados pelo seu amor e acolhimento. Segui o exemplo dos grandes missionários da Igreja, como São Francisco Xavier e muitos outros.
No final da Jornada Mundial da Juventude em Madri, dei a bênção a alguns jovens de diferentes continentes que partiam em missão. Representavam a multidão de jovens que, fazendo eco às palavras do profeta Isaías, diziam ao Senhor: «Aqui estou! Envia-me» (Is 6,8). A Igreja tem confiança em vós e vos está profundamente grata pela alegria e o dinamismo que trazeis: usai os vossos talentos generosamente ao serviço do anúncio do Evangelho. Sabemos que o Espírito Santo se dá a quantos, com humildade de coração, se tornam disponíveis para tal anúncio. E não tenhais medo! Jesus, Salvador do mundo, está conosco todos os dias, até o fim dos tempos (cf. Mt 28,20).

Dirigido aos jovens de toda a terra, este apelo assume uma importância particular para vós, queridos jovens da América Latina. De fato, na V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, realizada em Aparecida, no ano de 2007, os bispos lançaram uma «missão continental». E os jovens, que constituem a maioria da população naquele continente, representam uma força importante e preciosa para a Igreja e para a sociedade. Por isso sede vós os primeiros missionários. Agora que a Jornada Mundial da Juventude retorna à América Latina, exorto todos os jovens do continente: transmiti aos vossos coetâneos do mundo inteiro o entusiasmo da vossa fé.

A Virgem Maria, Estrela da Nova Evangelização, também invocada sob os títulos de Nossa Senhora Aparecida e Nossa Senhora de Guadalupe, acompanhe cada um de vós em vossa missão de testemunhas do amor de Deus. A todos, com especial carinho, concedo a minha Bênção Apostólica.

Vaticano, 18 de outubro de 2012.
BENEDICTUS PP XVI

(Extraído de  Libreria Editrice Vaticana)