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domingo, 28 de abril de 2013

São Pedro Chanel - O Mártir da Oceania


Infância e Juventude

Pedro Maria Chanel nasceu de uma família humilde e numerosa na aldeia de Potière, perto da cidade de Cuet, França, em 12 de julho de 1803. A referida família era composta pelos pais e oito filhos.

Desde crianças colaborava nos pequenos trabalhos da casa, uma granja da família, alimentando as galinhas com cevada e aveia e, como um pequeno pastor, cuidado de suas três vacas, quatro cordeiros e duas cabras. Estava sempre acompanhado do seu fiel cão, um sólido bastão na mão e nos bolsos sua frugal comida do meio dia.

Quando adolescente começou a estudar o latim para preparar-se bem e chegar um dia a ser sacerdote, vocação para a qual se sentia atraído. Já desde jovem sua piedade e modéstia edificavam a todos.

Depois de cinco anos no seminário menor e três no seminário maior, foi ordenado sacerdote em 15 de julho de 1827.

Aprovação da Sociedade de Maria

Logo após a ordenação  se uniu a um grupo de sacerdotes amigos que haviam se consagrado à Virgem Nossa Senhora de Fourvière, em Lyon, e mais tarde formaram a “Sociedade de Maria”, chamada também de Padres Maristas.

Eles receberam a aprovação da Sociedade por parte da Santa Sé, e com o prévio consentimento do Padre Colin, Superior geral, aceitaram o encargo de ser missionários na Oceania.
Para cumprir com essa recomendação do Papa, o primeiro grupo partiu da França em 24 de dezembro de 1836. Era composto por Mons. Pompallier, ordenado bispo e nomeado vigário apostólico da Oceania ocidental, quatro sacerdotes e três irmãos, que como valentes aventureiros do Evangelho chegaram ao seu destino 11 meses depois. Mons. Pompallier era o chefe da missão, e ao chegar no destino os distribuiu pela Nova Zelândia e outras ilhas do Pacífico.

Entre eles estava o Padre Chanel, que com o irmão marista Marie Nizier foram destinados à ilha de Futuna, para trabalhar com os nativos e através do Evangelho convertê-los ao cristianismo, missão que levaria quase quatro anos.


A aventura Marista

A aprovação da Sociedade Maria, muito desejada e obtida apesar das dificuldades e depois de numerosas empreitadas, suscitou um entusiasmo fácil de entender. Os preparativos relacionados com o envio de missionários constituíram uma preocupação importante para os responsáveis da Sociedade; era necessário, o mais cedo possível, responder à confiança das autoridades romanas.

Foi primordial escolher e designar o grupo de Sacerdotes e de irmãos missionários, prever o mobiliário, os recursos financeiros indispensáveis e reunir o material necessário... sem contar com os vários trâmites que foram necessários empreender com as autoridades civis.
Esse primeiro grupo estava formado, , pelo Mons. Pompallier, como já foi dito, os Padres Chanel, Bataillon, Servant e Bret, e os irmãos Marie Nizier, Miguel e José Javier.

Em L’Hermitage, o Padre Champagnat manifestava muita alegria e, ao mesmo tempo, certa tristeza por não poder também partir para a Oceania. Mas tinha a satisfação de haver preparado dois dos seus filhos espirituais para tão longínqua missão: os irmãos Marie Nizier e Miguel. Seriam acompanhados pelo irmão José Javier Luzy, que vinha de Belley, onde estava a serviço dos Padres maristas. Durante certo tempo este irmão também esteve se preparando em L’Hermitage para completar tão delicada e responsável delegação missionária.


Missionário de alma

O Padre Chanel chegou a Lyon em 5 de outubro de 1836, com o objetivo de organizar a partida do grupo missionário escolhido.

Em seguida viajou para L’Hermitage, onde falou com os irmãos durante o retiro espiritual. Logo voltou para Lyon com os dois jovens maristas que o acompanharam, os irmãos Marie Nizier e Miguel, e se alojaram na residência religiosa “Providência do Caminho novo”.

Depois de se despedirem da Virgem, Nossa Senhora de Fourvière, os missionários viajaram para Paris de “diligência”, veículo especial que se usava naquela época para as longas viagens. Porém, eles viajaram na segunda classe. Em Paris, encontraram-se com o grupo de Mons. Pompallier, que havia chegado alguns dias antes. Todos se alojaram no seminário de “Missões Estrangeiras”, beneficiando-se de sua generosa hospitalidade.

De Paris partiram para o Havre, porto onde embarcariam. Ali tiveram que permanecer quase dois meses.

O Padre Chanel escreveu em seu diário: "Chegamos ao Havre em 27 de outubro, nos alojamos na casa da Sra. Dodard, em Ingouville. Ficamos comodamente instalados, com calefação e bem alimentados, sem que tivéssemos de pagar nenhum centavo”. Fora, chovia e nevava.
"Esta senhora, escreve o irmão Marie Nizier, é muito boa e se acha honrada em receber os missionários. Faz 16 anos que os acolhe.”

A senhora Dodard, octogenária, adoeceu enquanto os Maristas se encontravam alojados em sua casa, e eles deram-lhe assistência durante sua última enfermidade. Mons. Pompallier lhe administrou os últimos sacramentos, e ela morreu alguns dias depois da partida dos missionários.

O embarque estava previsto para o dia 15 de novembro, porém houve um atraso porque ainda não havia chegado toda a mercadoria e o tempo também não era favorável.

Finalmente, em 24 de dezembro, véspera de Natal, eles puderam embarcar no navio chamado “Delphine”. Não era muito grande, mas estava “bem organizado, limpo e bonito”.
Como imaginamos o referido barco? Que comodidades gostaríamos ter para uma tão longa viagem?

Verdadeiramente, nossos missionários deveriam ser valentes e decididos. Somente a glória de Deus e a salvação das almas os fortaleciam. Verdadeiros heróis!

O início da viagem foi marcado por vários acontecimentos: ao tentar sair do cais, a embarcação não se movia... Talvez alguma avaria no momento de zarpar?...

Somente saberiam dias depois. Partiram com certo nervosismo e preocupação, e já em alto mar chegaram os enjôos; o medo de se chocar com algum barco perigosamente próximo, as manobras que tiveram que realizar, o tumulto causado pelo vento, os gritos e as ordens dadas fizeram o Padre Chanel acreditar que um passageiro havia caído no mar e imediatamente subiu à ponte para lhe dar absolvição.

Logo souberam do ocorrido: ao desamarrar os cabos, os suportes do timão se romperam. Havia uma única solução: navegar lentamente para chegar a um porto e ali efetuar a reparação. Dirigiram-se à ilha de Tenerife, e em 8 de janeiro entraram na enseada de Santa Cruz.

Escala forçada

A reparação do timão foi demorada; 50 dias para por a peça em boas condições e perfeito funcionamento.

Por sua vez os efeitos da navegação também se fizeram sentir... o Padre Servant e o irmão José Javier se encontravam seriamente doentes, e o padre Chanel, com disenteria. Por esses motivos tiveram que permanecer um mês e meio em terra e alugar uma casa na cidade, esperando a recuperação física e o conserto da embarcação.

De Santa Cruz de Tenerife a Valparaíso

Em 28 de fevereiro de 1837 o navio partiu rumo ao mar. Os dois enfermos, entretanto, ainda estavam convalescentes, e foram se restabelecendo progressivamente. Porém, o Padre Bret, compatriota e amigo do Padre Chanel, contraiu uma grave enfermidade, e morreu um mês depois em meio ao mar.

Essa longa travessia, sem escalas através do Atlântico, serviu para que o Padre Chanel pudesse exercer de algum modo seu apostolado entre os marinheiros e outros passageiros. As palestras com os irmãos e a preparação à comunhão pascal foram a obra de toda a equipe missionária.
Tanto tempo de navegação fez com que os viajantes obtivessem uma resistência notável para suportar os embates, as tormentas e as fortes sacudidelas do barco, especialmente ao passar pelo Cabo de Hornos sem sofrer os enjôos característicos do mar.

Todos experimentaram muita alegria quando, em 28 de junho de 1837, entraram no porto de Valparaíso (Chile), exatamente quatro meses depois da saída de Santa Cruz de Tenerife.
Os Padres do Sagrado Coração, Congregação religiosa missionária, e também companheiros de viagem, chegaram ao seu destino. Os Maristas se alojaram na casa que aqueles religiosos já possuíam em Valparaíso.

O barco “Delphine” não continuaria mais sua viagem. Ficaria ali como porto final. Portanto, era necessário descarregar toda bagagem, os objetos pessoas e as caixas com o material destinado à missão, e depositá-los em um lugar seguro até a partida para a Oceania.

Os Padres antes mencionados ofereceram sua hospitalidade aos Missionários Maristas durante todo o tempo necessário para preparar a última etapa de sua viagem: receber informações de outros missionários, de viajantes, comerciantes, etc., conhecedores daquela região do mundo, e encontrar um barco que pudesse levá-los a bordo, depois que soubessem o lugar preciso onde deveriam desembarcar.



Para a Polinésia...

Depois de receber várias informações de outros viajantes chegados da Oceania, a incerteza reinava no grupo sobre a direção que deveriam tomar. Não encontrando nenhum navio que fosse para Nova Zelândia, embarcaram em um navio com direção a Taiti.
Saíram de Valparaíso em 10 de agosto de 1837, e depois de um mês de navegação tocaram as ilhas de Gambier, para obter provisões e informar-se sobre o possível lugar onde estabelecer a futura missão.

Os missionários foram muito bem recebidos pelo Vigário Apostólico e os novos cristãos daquelas ilhas já evangelizadas há algum tempo.

Tendo chegado ao Taiti, tiveram que deixar o barco e decidir como continuar viagem. A bordo de uma escuna, embarcação fina e pequena, continuaram sua complicada travessia, com o permanente perigo de se chocarem contra as rochas muito numerosas nessa área. As chuvas torrenciais e a escuridão durante a noite vieram complicar ainda mais a situação já bastante preocupante.

Passaram pelo arquipélago de Tonga e não puderam ficar ali porque o rei não deu permissão. Por isso seguiram para a ilha de Wallis, e ali sim, ficaram o Padre Bataillon e o irmão Juan Javier Luzy, para fundar a primeira missão marista em terras da Oceania.

Alguns dias depois chegaram à ilha de Futuna, onde ficaram o Padre Chanel com seu colaborador, o irmão Marie Nizier, depois de haver obtido a permissão de um dos reis da ilha, chamado Niuliki. A recepção dos habitantes de Futuna foi favorável e alguns deles se alegraram com a chegada dos missionários. Primeiro foi a curiosidade, depois rodearem a embarcação, subiram nela e logo os acompanharam sem nenhuma hostilidade.

A autorização para se estabelecer em ilha foi concedida depois de uma longa discussão com Mons. Pompallier, uma vez que o primeiro ministro, Maligi, influenciado por alguns habitantes de Wallis, contrários à religião, se opunham fortemente. Foi necessária a convincente intervenção de um parente do rei, respeitado por sua bravura e autoridade: “Deixemos aos brancos habitarem na ilha, lhes disse, eles podem nos trazer riquezas”. Depois disso veio a calma e os missionários foram convidados a comer com o rei e sua família essa noite. Monsenhor presenteou o rei com uma série de presentes que repartiu com a sua gente.
No dia seguinte, 12 de novembro de 1837, foi o dia fixado para desembarcar com sua pobre equipagem, algumas caixas com míseras provisões e material para a missão.

Nesse mesmo dia aconteceu a separação: Mons. Pompallier, o Padre Servant e o irmão Miguel embarcaram para Nova Zelândia. O Padre Chanel ficou definitivamente na ilha de Futuna e não voltaria a vê-los mais. Seu companheiro inseparável será o irmão Marie Nizier. Os dois terão como campo de missão as ilhas de Futuna e Alofi.

Primeiramente tiveram que construir uma casa ou algo que se parecesse com isso para viver; na verdade uma choça coberta com folhas de coqueiros e alguns troncos de árvore. Tudo era tão precário que durante dois meses não sabiam como se proteger da chuva assim como seus pobres pertences.

Enquanto isso, o Padre Chanel sentiu de imediato a necessidade de uma alimentação mais abundante e sã para poder suportar o clima, os trabalhos esgotantes, assim como um mínimo de descanso durante as noites.

Desde o dia 8 de novembro, dia da sua chegada, não tinha podido celebrar nenhuma missa na ilha. Pela especial devoção que o Padre Chanel tinha pela Santíssima Virgem Maria, esta, sem dúvida, lhe inspirou a idéia de escolher o dia 8 de dezembro, festa da Imaculada Conceição, para celebrar a primeira missa em Futuna.

Logo começaram os contatos com as pessoas da ilha para aprender seu idioma e seus costumes, e ensinar a elas a trabalhar a terra, plantar árvores, criar alguns animais domésticos. Também pouco a pouco foi evangelizando-as a fim de convertê-las ao cristianismo na medida em que se encontravam preparados.

O rei Niuliki os apoiou desde o início. Mais tarde, por influências estranhas, começou a manifestar sua oposição. Mesmo que no início tenha havido notáveis conversões, logo começaram as dificuldades de todo tipo para o Padre Chanel e o irmão Marie Nizier. Surgiram as oposições “aos brancos e à sua nova religião” por parte de alguns nativos. Porém, sem desanimar, nosso santo missionário de Futuna se empenhou cada vez mais com energia em sua pregação e por isso aguçou ainda mais a luta. Percorreu a ilha em todas as direções e sem descanso, enfrentado tudo, constantemente, com amável paciência e coragem.

Martírio do Padre Pedro Chanel

Mais uma vez, viu o perigo sobre sua cabeça, pois seus amigos declarados o perseguiam. E isso ocorreu realmente do dia 28 de abril de 1841. Das ameaças eles passaram aos fatos.

Um chefe nativo que se opunha ferozmente ao seu trabalho missionário se apresentou numa manhã com vários de seus cúmplices na casa do Padre Chanel para matá-lo. Um dos homens com um machado deu-lhe dois golpes na cabeça: o sangue começou a escorrer abundantemente. Outro o golpeou com um grosso bastão; e o chefe que rondava a casa como um animal feroz ao redor da sua presa, saltou por uma janela lançando-se sobre o Padre Chanel com seu facão e o cravou na cabeça. Assim morreu o “homem de grande coração” como o chamavam os homens de Futuna. Não obstante, o cristianismo continuou se propagando na ilha através de outros missionários.

Seu martírio foi reconhecido pela Igreja que o declarou santo, quando em 1954 realizou a Canonização de São Pedro Chanel em Roma, determinando sua festa para o dia 28 de abril.
O que chama a atenção agora, é constatar em que grau São Pedro Chanel se converteu em algo muito familiar para os habitantes de Futuna. É um deles. A Sociedade de Maria, que mandou transferir para Lyon os restos mortais dele em 1842, os devolveu aos habitantes de Futuna em 1977, a pedido deles. Seus restos mortais, como preciosas relíquias, descansam hoje no lugar do seu martírio, dentro de uma grande basílica construída em 1986.


AUTOR: Ir. Manuel Herrero, F.M.S.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Uma noite de Reflexão com São Marcos.



O Evangelista São Marcos (João Marcos) era hebreu de origem, da tribo de Levi, foi um dos primeiros discípulos de São Pedro, que na festa de Pentecostes receberam o santo Batismo das mãos do Apóstolo, razão talvez, de São Pedro em sua primeira epístola o chamar “seu filho”. (I. Pedro, 5, 13).

Os atos dos Apóstolos (12, 12) mencionam a mãe de São Marcos, Maria, proprietária de uma casa em Jerusalém, onde os cristãos realizavam suas reuniões.

Seu apostolado é intimamente ligado também ao de São Paulo, em Roma, onde desenvolveu um zelo e atividade apostólicos tais, que seu Chefe desejou tê-lo sempre em sua companhia.



Apostolado em Roma

Em Roma teve São Marcos o prazer de ver os belos frutos, que a prega­ção do príncipe dos Apóstolos produzira, crescendo dia por dia o número dos que pediam o santo Batismo.

Durante sua ausência, São Pedro confiou a São Marcos a vigilância sobre a jovem Igreja. Atendendo ao insistente pedido dos primeiros cristãos de Roma, de deixar-lhes um documento escrito, que contivesse tudo que da sua e da boca de São Pedro ouviram da vida, da dou­trina, dos milagres e da morte de Jesus Cristo, São Marcos escreveu o Evangelho que lhe traz o nome, dos quatro Evangelhos o mais curto e por assim dizer, o mais incompleto; não contém a história da Infância de Cristo, nem o sermão da montanha. São Pedro leu-o apro­vou-o e recomendou aos cristãos que dele fizessem a leitura.


 Outros destinos de São Marcos

Depois de ter passado alguns anos em Roma, São Marcos pregou o Evangelho na ilha de Chipre, no Egito e nos países vizinhos. As conversões produzidas por esta pregação contavam-se aos milhares.

Milhares de ídolos ruíram por terra, e nos lugares dos templos se ergue­ram igrejas cristãs. O Egito, antes um país entregue à mais crassa idolatria, tornou-se teatro da mais alta perfeição cristã e refúgio de muitos eremitas.


São Marcos trabalhou 19 anos em Alexandria, aonde a Igreja chegou a um estado de extraordinário esplendor.

Observavam do modo mais perfeito os conselhos evangélicos, abstendo-se, a exemplo do mestre, do uso da carne e do vinho e distribuindo os bens entre os pobres. Inúmeros eram aqueles que viviam em perfeita castidade. O número dos cristãos cresceu de tal maneira, que para todos terem ocasião de assistir ao santo sacrifício da Missa e à pregação, foi necessária destacar um número de casas bem grande onde se pudessem reunir.



 Conspirações contra São Marcos

Tão grande prosperidade da causa do Senhor não podia deixar de inquietar e irritar os sacerdotes pagãos contra o grande Apóstolo. São Marcos, sabendo que os inimigos seus e de Cris­to estavam conspirando contra sua vida, e, prevendo uma perseguição, na qual muitos cristãos poderiam não ter a força de perseverar na fé, ausentou-se da cidade. Dois anos durou essa ausência.

Ao voltar, havia uma grande festa, que os pagãos celebravam em honra do deus Serapis. A maior homenagem que podiam render à divindade havia de ser — assim opinavam os idólatras — a oferta da vida do Galileu: por este no­me era conhecido o grande evangelista.

Imediatamente se puseram a caminho em busca de São Marcos. A eles se uniu o populacho. Descobrir-lhe paradeiro e penetrar na casa que hospedava, foi obra de minutos.

São Marcos estava celebrando os santos mistérios, quando a horda sequiosa do seu sangue, entrou. Prenderam-no e, com escolhida brutalidade, conduziram-no pelas ruas da cidade. O trajeto todo ficou marcado do sangue do Mártir. São Marcos nenhuma resistência fez; ao contrário, deu louvor a Deus por ter sido achado digno de sofrer pelo nome de Cristo.

Na noite seguinte apareceu-lhe um anjo e disse-lhe: “Marcos, Servo de Deus, teu nome está escrito no livro da vida, e tua memória jamais se apagará. Os Arcanjos receberão em paz teu espírito”.

Além desta teve a aparição de Deus Nosso Senhor, da maneira por que muitas vezes o tinha visto durante a vida mortal e disse-lhe: “Marcos, a paz seja contigo”.

Es­tas, como as palavras do Anjo, encheram a alma do Mártir de grande consolo e ânimo.


Morte de São Marcos

O dia seguinte, 25 de abril, foi o dia do martírio. Os pagãos maltratavam-no de um modo tal que morreu no meio das crueldades. As últimas palavras que proferiu foram: “Em vossas mãos encomendo o meu espírito”.

Os pagãos quiseram incinerar-lhe o corpo. Uma fortíssima tempestade, que sobreveio, frustrou-lhes os planos e forneceu aos cristãos, ocasião de tirar o corpo e dar lhe honesta sepultura, numa rocha em Bucoles.

Em 815 foram as relíquias de São Marcos transportadas para Veneza, onde ainda se acham. O leão é o símbolo deste evangelista, que inicia seu Evangelho com estas palavras:

“Voz daquele que clama no deserto: Preparai os caminhos do Senhor”.

Retirado e adaptado do livro: Lehmann, Pe. João Batista , S.V.D., Na Luz Perpétua, Lar Católico, Juiz de Fora, 1956.

Fonte: Lepanto

Oração de São Marcos

I. Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo, que deu a seu discípulo Marcos a graça do apostolado cristão e a narração do seu Santo Evangelho. São Marcos, rogai por nós, para que sejamos iluminados pela força do Evangelho. Amém.

II. Deus Eterno e Todo Poderoso, nós vos pedimos as bençãos e graças necessárias, para a nossa Salvação, pela intercessão poderosíssima do evangelista São Marcos. Tudo isto vos pedimos Pai Celeste, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, na Unidade do Espírito Santo. Amém.


terça-feira, 23 de abril de 2013

Salve São Jorge da Capadócia - Sua História

O Império Romano começava a dar sinais da sua decadência que o levaria a sua ruína completa em 476 Anno Domini. No período do Império de Diocleciano, no ano 284, este promulgou seu Edito, onde determinava que todos do Império deveriam honrar aos deuses romanos, e que os cristãos seriam tratados como foras da lei caso não se curvassem aos deuses pátrios. Foi nessa época que apareceu, Jorge da Capadócia. As origens deste mártir tão enobrecido pelo hagiológio da Igreja são algo confusas. O Breviário romano não contém a biografia do santo, uma vez que o Papa Gelásio (492 a 496) proibiu que se lessem suas atas por considerá-las apócrifas e imbuídas de erros. Sabe-se que, nascido de uma família abastada na Capadócia, por volta de 280, recebera da parte paterna uma herança de grande fortuna, Jorge educou-se nos princípios da tradição militar romana, na qual foi distinguido com notável posição junto a Diocleciano. Entretanto, estes tempos de decadência eram evidentes, e nas catacumbas, perseguidos e alientados pelo fulgor da fé, os cristãos fortaleciam-se e multiplicavam-se. Jorge, um espírito ardente e justo, tornava-se também um cristão.

Neste tempo sua mãe faleceu e ele, tomando grande parte nas riquezas que lhe ficaram, foi-se para a corte do Imperador. Jorge que assistia tanta crueldade contra os cristãos, parecendo-lhe ser aquele tempo conveniente para alcançar a verdadeira salvação, distribuiu com diligência toda a riqueza que tinha aos pobres.


Nesta época, o Imperador romano era Diocleciano. Filho de um escravo liberto, e sendo analfabeto, Diocleciano seguiu carreira militar, e foi notável General onde comandou bem suas legiões, e posteriormente, se tornou Cônsul. Vindo da planície de Calcedônia, chegou a Roma por volta do ano 283 d.C, juntamente com um jovem oficial de sua corte que era seu genro, que outrora, tinha sido um pastor de ovelhas da Dácia: Galério. Diocleciano, grande devoto de Júpiter, se detivera diante da estátua de Hércules, de buril grego, entre as estátuas de Flora e o do Touro, e fez as primeiras oferendas.

Inicialmente dividiu o império em dois em 285 D.C, do Ocidente e do Oriente, com dois augustos e dois césares, com seu homem de confiança, Maximiano, a quem entregou a metade ocidental do império, enquanto ficava com a parte oriental. Em seguida, repartiu mais ainda o poder num sistema chamado tetrarquia (governo de quatro), implantado para acabar com as agitações nas sucessões imperiais em 293, porém com indiscutível predomínio de sua autoridade e uma progressiva centralização de poder.

O governo do Ocidente ficou, assim, dividido entre Maximiano, a quem coube a Itália e a África, e Constâncio Cloro, que recebeu a Bretanha, a Gália e a Espanha. Enquanto no Oriente, a maior parte, inclusive o Egito, ficava com o próprio Diocleciano, e as regiões do Danúbio e da Ilíria eram confiadas a Galério, seu genro. No campo executivo limitou os poderes do Senado, fortaleceu e ampliou o exército imperial e promoveu reformas tributárias e legislativas. No campo judiciário, determinou que se realizassem duas compilações de leis imperiais, os códigos gregorianos e hermogeniano. No campo religioso, tornou obrigatório o culto a Júpiter, com quem se identificou, e ordenou uma violenta perseguição aos cristãos em 303, que se estenderia por mais de dez anos, na Itália, África e no Oriente.
Foi neste mar de acontecimentos que viveu São Jorge da Capadócia.




O EDITO DE DIOCLECIANO promulgou uma séria determinação deste de manter a tradição politeísta do Estado, pois segundo ele, se quisesse continuar mantendo o domínio do mundo, precisava adorar não somente os seus deuses, mas até os deuses dos povos conquistados. Entretanto, mesmo entre as próprias legiões do Império, havia Oficiais cristãos. E Diocleciano sabia disso, mas ele os precisava, pois entre eles, haviam Sebastianus de Narbone (São Sebastião) e Jorge da Capadócia, militares e cristãos com qualidades impecáveis em seus cargos. O primeiro, era seu Tribuno e comandante da Guarda Pretoriana, e o segundo, seu cônsul imperial.

Entretanto, Diocleciano, embora bom administrador, e embora também não fosse homem de cultura e nem soubesse ler, começou a ser pressionado, sobretudo pelo genro, o sanguinário Galério. Este, ambicioso e invejoso, sabendo que muitos dos componentes do Exército Imperial eram cristãos, resolveu jogar Diocleciano contra estes mesmos que, além de oferecer lealdade a Cristo em sua fé, também ofereceram sua lealdade e sua espada a César por uma questão de política e segurança para a manutenção e ordem no Império.



Os assessores de Diocleciano, para atingir seus fins palacianos, resolveram impor o “Dízimo” entre os legionários. Este consistia nos generais de suas tropas, quando havia casos considerados de indisciplina no Exército, de sortear de cada grupo de dez, um para morrer. Acreditava-se que, assim, este pavor fazia restabelecer a disciplina e a firmeza das tropas.

Enquanto Galério urdia o ataque contra os cristãos, nas catacumbas, São Jorge revia seus amigos de fé, e colaborava com eles, para lhes dar as novas dos acontecimentos ruins do Império, que ja decretava a perseguição contra os cristãos.

Acorrendo ao Palácio Imperial a fim de ouvir a nova política de Diocleciano, centenas de altos dignatários do Império encheram a sala do Conselho. Receoso de aplicar as medidas que pretendia, sem antes ouvir os chefes de províncias e prefeituras, Diocleciano resolver assegurar-se da realidade, não fazendo apenas o que lhe sugeria César Galério, seu genro. Entre estas medidas, estavam a destruição das igrejas dos cristãos, a apreensão e queima de seus livros, prisão e morte para seus ministros, e obrigação para os cristãos de renegarem sua fé e de adoração aos deuses do Império. Entretanto, na Assembléia, uma voz se fez presente contra todas estas medidas: a de Jorge.

"Oh! Imperador e nobres senadores, acostumados a fazer boas leis, que desatino é este tão grande, que não cessais de acrescentar vossa ira contra os cristãos, que tem a certa e verdadeira lei, para que a deixem e sigam a seita que vós mesmos não sabeis se é verdadeira, porque os ídolos que adorais, afirmo que não são deuses, havendo sido homens perdidos. Não vos enganeis: sabeis que Cristo só é Deus e Senhor na glória de Deus Padre, e por ele foram feitas todas as coisas, e pelo seu Espírito Santo todas as coisas são regidas e conservadas. Pois esta é a verdade ele não queirais perturbar os que a professam."

Todos ficaram atônitos ao ouvirem estas palavras de um membro da suprema corte romana, defendendo com grande ousadia a fé em Jesus Cristo. Indagado por um cônsul sobre a origem desta ousadia, Jorge prontamente respondeu-lhe que era por causa da VERDADE. O tal cônsul, não satisfeito, quis saber: "O QUE É A VERDADE ?". Jorge respondeu: "A verdade é meu Senhor Jesus Cristo, a quem vós perseguis, e eu sou servo de meu redentor Jesus Cristo, e nele confiado me pus no meio de vós para dar testemunho da verdade."



Ouvindo isto Diocleciano, cheio de ira mandou aos soldados que o deitassem fora da Assembléia com lançadas, e o metessem no cárcere. Fizeram logo os soldados o que lhes fora mandado, mas, a ponta da lança com que lhe tocou no corpo um soldado, dobrou como se fora de chumbo, e Jorge não cessava de dizer divinos louvores. Sendo ele posto no cárcere, estenderam-no em terra e puseram-lhe grilhões nos pés e sobre o seu peito uma grande pedra. Tudo isso lhes mandou o tirano fazer; mas sofrendo o tormento com muita paciência, não cessou até o dia seguinte de dar graças a Deus.

Sendo manhã, o imperador mandou-o vir perante si, e estando Jorge muito atormentado com o peso da pedra, disse-lhe o imperador: ."Tornaste já sobre ti, Jorge?". Respondeu o jovem: "Por tão fraco me tens imperador, que cuidas que um tormento de meninos e tão pequeno, havia de me afastar de Cristo e negar a verdade, primeiro cansarás tu em me atormentar, do que eu sendo atormentado". Disse Diocleciano: "Eu te darei tantos tormentos que te acabarão a vida". Mandou logo trazer uma roda grande e cheia de navalhas e meter o jovem nela para ser despedaçado. Estava esta roda pendurada, e por baixo tinha umas tábuas nas quais estavam pregadas muitas pontas agudas como canivetes de sapateiro. Puseram-no entre as tábuas e a roda, atado com loros e cordas, tão apertado que dentro da carne se escondiam as cordas; e voltando a roda, todo o corpo lhe ficava cruelmente ferido. Este espantoso gênero de tormento sofreu Jorge com grande ânimo; e fazia oração ao Senhor, e depois ficou como adormecido por um bom espaço de tempo.

Vendo isto, Diocleciano, e cuidando que já estava morto, ficou alegre e começou a louvar os seus deuses, e dizia: "Onde está o teu Deus, Jorge? Por que não te livrou deste tormento?" Mandou então tirá-lo do tormento. e partiu para ir sacrificar a Apolo; mas logo apareceu uma nuvem no ar, e viu um grande trovão, e soou uma voz que muitos ouviram, a qual disse: "Não temas, Jorge, porque estou contigo". Daí a pouco viu-se grande serenidade, e foi visto um homem vestido de branco estar em cima da roda, muito resplandecente no rosto, e deu a mão ao Santo Mártir, e abraçando-o mandou desatá-lo; e logo desapareceu aquele varão de tanta claridade e ficou Jorge solto, livre e são, dando graças a Deus.



Ainda como narra a LENDA ÁUREA, disse Diocleciano: "Agora veremos Jorge, se diante dos nossos olhos fazes milagres". Mandou então o tirano trazer umas chinelas de ferro ardente, e mandou-lhas meter nos pés, e desta maneira, o fez levar ao cárcere. e indo açoitando e zombando dele, diziam: "Oh! Como Jorge corre, ligeiramente", mas o mártir sendo tão cruelmente levado e açoitado, ia muito alegre dizendo a si mesmo: "Corre Jorge, para que alcances o prêmio". Depois orando, dizia: "Senhor, olhai o meu trabalho e ouvi os gemidos de vosso preso, porque os meus inimigos se multiplicaram e me tiveram grande ódio pelo vosso nome; mas vós Senhor, me sarai, porque todos os meus ossos estão atormentados, e dai-me paciência até o fim, para que não diga o meu inimigo: "Prevaleci contra ele". "Desta maneira passou Jorge até chegar ao cárcere, indo muito atormentado das chagas que lhe fizeram nos pés os pregos ardentes que as chinelas de ferro tinham para cima. Passando o Santo todo aquele dia e noite em dar graças a Deus, no dia seguinte foi levado diante do imperador, o qual estava sentado junto ao teatro público, estando presente todo o senado.

Vendo o imperador Jorge andar tão bem e sem sacrifícios como se não recebera algum mal, disse-lhe. "Jorge, as chinelas foram para ti refrigério?". Respondeu "Jorge: "Sim, foram". Disse o imperador: "Deixa já a tua ousadia e arte mágica, vem para nós e oferece sacrifício aos deuses, pois de outra maneira serás atormentado com diversos tormentos". Respondeu Jorge: "Quão ignorante te mostras, pois chamas feitiços ao poder do meu Deus e por outra parte dás honras, aos enganos dos diabos que adoras".

Os soldados que o guardavam ficaram fora de si, espantados de tal visão, e deram logo novas do que se passava ao imperador que se achava no templo. Vendo o imperador a Jorge, dizia que não podia ser aquele o mesmo Jorge, mas outro que se parecesse com ele.

A partir desse gesto, afirmou publicamente sua fé em Jesus Cristo, dizendo a quem quisesse ouvir que era seu servo e que a ele servia em nome da verdade. Fiel ao cristianismo, foi torturado e forçado a negar sua fé. Quanto mais torturado era, mais reafirmava sua crença, chamando a atenção de muitos romanos, inclusive da mulher do Imperador que se converteu ao cristianismo.



Diz-se que a filha de Diocleciano, Prisca, e sua esposa, Valéria, se converteram a fé cristã. Prisca era casada com Galério, o instigador de Diocleciano, cujo este nada fazia sem os seus conselhos, e partiu desse os conselhos de “dizimar” o Exército Imperial. Foram uma das grandes “burrices” que Diocleciano iria lamentar.

Após suplícios terríveis, o Paladino da Capadócia foi levado a sua cela. Nem mesmo lá ele teve paz. Galério, que tinha Diocleciano em suas mãos, e chegou a tentar subornar Jorge, as vésperas de seu martírio. Certa noite o visitou em sua cela , e ofereceu posição de prestígio caso ele o ajudasse a derrubar seu sogro, Diocleciano, do Poder. De caráter íntegro e nobre, não se deixou levar por tão descarada proposta, ao que prontamente respondeu: “Se não visas uma traição minha, podeis-ir, Galério. Melhor seria se não viesses para tornar penosa tua presença, em minha última hora” – respondeu o santo militar.


Finalmente, Diocleciano, não tendo êxito em seu plano macabro, mandou degolar o jovem e fiel servo de Jesus ( e também do próprio Império Romano que não soube reconhecer) no dia 23 de abril de 303. Sua sepultura está na Lídia, Cidade de São Jorge, perto de Jerusalém, na Palestina.


Do oriente, o culto a São Jorge passou a Grécia, onde é conhecido como “Tropeóforos”, isto é, vitorioso. Através dos países balcânicos, o seu culto chegou aos povos latinos, e já por essa época, numerosas igrejas já existiam, levantadas em sua honra, no Oriente.

Os maometanos falam de São Jorge como “o florescente e vigoroso”. O mártir que foi arrastado por uma parelha de cavalos selvagens pelas ruas de Roma, esta associada à lenda popular muçulmana como “O Cavaleiro Santo e o Santo dos Cavaleiros.

A tradição dos primeiros tempos obstinou-se em nos legar São Jorge de forma épica, montado em um fogoso cavalo de guerra, e de lança em riste, no ataque ao mitológico dragão. O simbolismo é claro. O dragão representa o espírito das trevas, que o Santo Mártir da Capadócia tão bem soube combater. A lenda de São Jorge matando o dragão não encontra sustentação nas primeiras atas do santo, levando a crer que foi um acréscimo proposto durante a Idade Média. Contudo, fica a simbologia, e temos também nossos próprios dragões para combater. Por isso, diga-nos: “Salve, Santo Guerreiro, interceda por todos nós, e nos ajude a livrar-nos de todas as forças obsessoras do mal, e que sejamos, como ti, vitoriosas, em nosso combate do dia a dia. Vencer e vencer”.


LENDAS:

Um horrível dragão saía de vez em quando das profundezas de um lago e se atirava contra os muros da cidade trazendo-lhe a morte com seu mortífero hálito. Para ter afastado tamanho flagelo, as populações do lugar lhe ofereciam jovens vítimas, pegas por sorteio. um dia coube a filha do Rei ser oferecida em comida ao monstro. O Monarca, que nada pôde fazer para evitar esse horrível destino da tenra filhinha, acompanhou-a com lágrimas até às margens do lago. A princesa parecia irremediavelmente destinada a um fim atroz, quando de repente apareceu um corajoso cavaleiro vindo da Capadócia. Era São Jorge.
O valente Guerreiro desembainhou a espada e, em pouco tempo reduziu o terrível dragão num manso cordeirinho, que a jovem levou preso numa corrente, até dentro dos muros da cidade, entre a admiração de todos os habitantes que se fechavam em casa, cheios de pavor. O misterioso cavaleiro lhes assegurou, gritando-lhes que tinha vindo, em nome de Cristo, para vencer o dragão. Eles deviam converter-se e ser batizados.

Datas Marcantes No século XII, a arte, literatura e religiosa popular representam São Jorge, como soldado das cruzadas com manto e armadura com cruz vermelha, nobre um cavalo branco, com lança em punho, vencendo um dragão. São Jorge é o cavaleiro da cruz que derrota o dragão do mal, da dominação e exclusão.

Desde o século VI, havia peregrinações ao túmulo de São Jorge em Lídia. Esse santuário foi destruído e reconstruído várias vezes durante a história.

Santo Estevão, rei da Hungria, reconstruiu esse santuário no século XI. Foram dedicadas numerosas igrejas a São Jorge na Grécia e na Síria.

A devoção a São Jorge chegou à Sicília na Itália no século VI. No séc. VII o siciliano Papa Leão II construiu em Roma uma igreja para S. Sebastião e S. Jorge. No séc. VIII, o Papa Zacarias transferiu para essa igreja de Roma a cabeça de S. Jorge.

A devoção a São Jorge chegou  também a Inglaterra no século VIII. No ano de 1101, o exército inglês acampou na Lídia antes de atacar Jerusalém. A Inglaterra tornou-se o país que mais se distinguiu no culto ao mártir São Jorge.

Em 1340, o rei inglês Eduardo III instituiu a Ordem dos cavaleiros de São Jorge.
Foi o Papa Bento XIV (1740-1758) que fez São Jorge, padroeiro da Inglaterra até hoje. Em 1420, o rei húngaro, Frederico III (1534) evoca-o para lutar contra os turcos.

As Cruzadas Medievais tornaram popular no ocidente a devoção a São Jorge, como guerreiro, padroeiro dos cavaleiros da cruz e das ordens de cavalaria, para libertar todo país dominado e para converter o povo no cristianismo.

Seu dia foi colocado no Calendário particular da Igreja, isto é, celebrados nos lugares de sua devoção.





Oração a São Jorge

Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam, e nem em pensamentos eles possam me fazer mal.Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar, cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar. Jesus Cristo, me proteja e me defenda com o poder de sua santa e divina graça, Virgem de Nazaré, me cubra com o seu manto sagrado e divino, protegendo-me em todas as minhas dores e aflições, e Deus, com sua divina misericórdia e grande poder, seja meu defensor contra as maldades e perseguições dos meu inimigos. Glorioso São Jorge, em nome de Deus, estenda-me o seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza, e que debaixo das patas de seu fiel ginete meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós. Assim seja com o poder de Deus, de Jesus e da falange do Divino Espírito Santo. São Jorge Rogai por Nós.

Oração a São Jorge II

São Jorge,cavaleiro corajoso, intrépido e vencedor; abre os meus caminhos, ajuda-me a conseguir um bom emprego; faze com que eu seja bem quisto por todos superiores, colegas, e subordinados; que a paz, o amor e a harmonia estejam sempre presentes no meu coração, no meu lar e no meu serviço; meus inimigos terão os olhos e não me verão, terão boca e não me falarão, terão pés e não me alcançarão, terão mãos e não e não me ofenderão. São Jorge vela por mim e pelos meus, protegendo-me com suas armas. O meu corpo não será preso nem ferido, nem meu sangue derramado; andarei tão livre como andou Jesus Cristo nove meses no ventre da Virgem Maria. Amém.

Oração a São Jorge III

Ó Deus onipotente, Que nos protegeis Pelos méritos e as bênçãos De São Jorge. Fazei que este grande mártir, Com sua couraça, Sua espada, E seu escudo, Que representam a fé, A esperança, E a inteligência, Ilumine os nossos caminhos... Fortaleça o nosso ânimo... Nas lutas da vida. Dê firmeza À nossa vontade, Contra as tramas do maligno, Para que, Vencendo na terra, Como São Jorge venceu, Possamos triunfar no céu Convosco, E participar Das eternas alegrias. Amém!

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Santo Expedito, Rogai por Nós.


Expedito era oficial do exército romano e comandava a 12a Legião, estabelecida em Melitene, na Armênia. Essa legião, conhecida como "Fulminante", tinha como missão defender as fronteiras orientais contra os bárbaros asiáticos e entre os seus soldados havia muitos cristãos.
No momento de sua conversão, conta-se que um espírito do mal, na forma de um corvo, veio tentá-lo grasnando "cras" - que em latim significa "amanhã", mas imediatamente Expedito pisoteou o corvo, gritando "hodie", ou "hoje", confirmando que não deixaria sua conversão para depois.


"Expedito" na verdade era o apelido que exprimia a presteza e a prontidão com que agia tanto no cumprimento de seu dever quanto na defesa da religião. Como muitos cristão que se destacavam, Expedito caiu na ira do imperador Diocleciano, que ordenou a sua morte. Ele foi flagelado e depois decapitado em 19 de abril de 303 d.C. (Não há certeza da data.)

Além de padroeiro das causas urgentes, Santo Expedito é conhecido como padroeiro dos militares, dos estudantes e dos viajantes. As imagens de Santo Expedito apresentam-no com traje militar, vestindo uma túnica curta e um manto. Em uma mão sustenta uma palma e na outra a cruz com a palavra "Hodie", em referência à sua conversão. Outra lenda diz respeito à sua conversão ao cristianismo. Tentado por um demônio em forma de corvo que gritava cras! cras! (em latim, "amanhã"), que surgiu para adiar sua conversão, teria pisado a criatura dizendo hodie! ("hoje"), significando sua disposição heroica de converter-se de imediato.


Não há qualquer registro de haver se formado uma tradição sobre ele na Antiguidade,mas no século VIII ele já recebia culto na Germânia e na Sicília. Seu culto só iniciou uma difusão mais larga por volta do século XVII, talvez a partir da França, ou da Alemanha, onde era representado como um advogado pisando um corvo que grita cras! cras!, significando as intermináveis delongas nos processos judiciais, contra as quais ele era invocado. Em 1781 foi designado padroeiro de Acireale, na Sicília, e desde então sua devoção se espalhou rapidamente por muitos países.


É possível que sua ligação com as causas urgentes derive unicamente do significado do seu nome. Tradicionalmente também é o patrono dos mercadores, navegantes, estudantes e dos que vão prestar exames. É o patrono oficial da República da Molóssia, micronação não reconhecida internacionalmente. No Brasil sua veneração ganhou corpo nos anos 80 e hoje ele tem multidões de devotos, e sua imagem circula em chaveiros, cartazes, panfletos e santinhos distribuídos aos milhares. Deu seu nome ao município de Santo Expedito, em São Paulo.
Sua posição oficial na Igreja Católica é incerta. 


No Martyrologium Hieronymianum ele aparecia ao lado de outros mártires comemorados entre os dias 18 e 19 de abril. A Igreja reconhece a devoção popular e existem igrejas e capelas a ele dedicadas em muitas partes do mundo, mas não foi incluído na edição de 2001 do Martyrologium Romanum.



Sua representação mais comum é a de um soldado romano, com traje de legionário, vestido de armadura, túnica curta e manto jogado atrás das espáduas, com postura marcial. Em uma mão sustenta a palma do martírio e na outra uma cruz que ostenta a palavra hodie, em referência ao episódio do espírito do mal, o corvo que lança seu grito habitual cras! e que é representado debaixo de seu pé.


Oração Poderosa de Santo Expedito

Santo Expedito Meu Santo Expedito das causas justas e urgentes, interceda por mim junto a Nosso Senhor Jesus Cristo.

Socorre-me nesta hora de aflição e desespero, meu Santo Expedito, vos que sois um Santo guerreiro, vós que sois o Santo dos Aflitos, vós que sois o Santo dos desesperados, vós que sois o Santo das causas urgentes proteja-me, ajuda-me, dai-me força, coragem e serenidade.

Atenda ao meu pedido ( fazer o pedido):

Meu Santo Expedido! Ajuda-me a superar estas horas difíceis, proteja-me de todos os que possam me prejudicar, proteja a minha família, atenda ao meu pedido com urgência.

Devolve-me a Paz e a tranqüilidade.

Meu Santo Expedito! Serei grato pelo resto de minha vida e levarei seu nome a todos que têm fé.

Muito obrigado.

Rezar um Pai-Nosso, uma Ave-Maria e fazer um Sinal da Cruz.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

A Vida de Santa Bernadette.



A Vida de Santa Bernadette

Infância humilde e enferma mais cheia de piedade

Santa Bernadete nasceu a sete de janeiro, de 1844 no pequeno povoado de Lourdes, nas lindas montanhas dos Pirineus franceses.

Em seu batismo lhe puseram o nome de Marie-Bernarde, mas desde pequena a chamavam pelo diminutivo "Bernardete".

Seu pai Francisco era um homem honesto e reto mais não muito capaz nos negócios.

Vivia com sua família no moinho de Bole.

Sua mãe, Luisa Casterot, se casou aos 16 anos.

Pensava que assim seu futuro estaria assegurado mais as coisas não resultaram dessa maneira.

Quando os clientes vinham moer seu trigo, a jovem lhes servia uma comida completa.

Isto podia se fazer em tempos de abundância, mas chegou a fazer falta em tempos de escassez.

As dívidas forçaram aos Soubirous a deixar o moinho e abrigar-se em uma casa, de propriedade de um primo de Francisco, que havia sido parte de uma prisão.

Em um quarto viviam os seis, o pai, a mãe e os quatro filhos.


Os maiores eram meninas das que Bernardete era a primeira, depois dela vinha Toinete (dois anos e meio mais jovem), e logo os dois meninos, Jean-Marie e Justim.

Para conseguir o escasso pão para os meninos, Francisco e Luisa pegavam todo tipo de trabalhos que podiam encontrar.

Quando nasceu Bernardete a família, todavia tinha recursos.

Uma prova disso é que a menina foi confiada a uma babá por seis meses.

A babá, chamada Marie Avarant, vivia em Bartres, no campo a cinco milhas de Lourdes.

Marie Lagues amamentou a Bernardete por 15 meses, desde junho de 1844 a outubro de 1845.

De acordo com o costume ambas famílias estavam muito unidas entre si.

As dificuldades econômicas da família Soubirous deram oportunidade a Marie para pedir a ajuda de Bernardete.


O pretexto foi que lhe ajudasse com outros meninos, mas em realidade a queria para o pastoreio de ovelhas.

Ficou assim como uma pastorinha contratada ainda que sem ser paga.

Ao ir a Bartrês lhe prometeram que poderia preparar-se com o sacerdote do lugar para fazer sua primeira Comunhão.

Tinha quase 14 anos e era a única menina de sua idade em Lourdes que não a havia recebido.

Mas ao ver que era muito boa em seu trabalho, a obrigavam a passar mais tempo cuidando das ovelhas, o que não lhe permitia assistir as aulas de catecismo.

Os dois meninos da família donde vivia iam todas as manhãs as aulas de catecismo, enquanto a ela lhe exigiam que marchasse no campo a pastorear.

Isto lhe doía muito em seu coração.


Havia uma dúvida quanto à inteligência de Bernardete.

Muitos sugerem que não era inteligente.

É certo que ela aprendia com dificuldade e até ela mesma dizia que tinha "má cabeça", querendo dizer que tinha pouca memória.

Ao ser negado a possibilidade de estudar, Bernardete, aos 13 anos de idade, não sabia nem ler nem escrever.

O Mestre João Barbet, quem em uma ocasião lhe deu aulas de catecismo, dizia dela:

"Bernardete tem dificuldade em reter as palavras do catecismo porque não pode estuda-las, por não saber ler, mas ela faz um grande esforço em compreender o sentido das explicações.

Ainda mais, ela é muito atenta e, especialmente, muito piedosa e modesta".

Sem dúvida Bernadete havia sabido cultivar um grande tesouro de Deus:

um coração adornado das mais belas virtudes cristãs:

inocência, amabilidade, bondade, caridade e doçura.

Nem a ignorância, nem a pobreza, nem o aspeto enfermo de Bernardete lhe preveniram de apreciar nela a simplicidade e a piedade.

Dizia o Sacerdote em uma ocasião:

"Olhai a esta pequena".


Quando a Virgem Santíssima quer aparecer na terra, ela escolhe meninos como esta"· Suas palavras foram proféticas e dali a poucos meses a Virgem começa a aparecer na gruta de Massabiele, perto de Lourdes.

Quando Bernardete viu que seu desejo de preparar se para receber a comunhão não era possível em Bartres, lhe pediu a Maria Lagues que lhe permitisse ir a Lourdes onde insistiu a seus pais que lhe deixaram voltar para casa.

Queria receber a primeira comunhão e teria que começar as aulas de catecismo imediatamente se quisesse a receber em 1858.


Seus pais aceitaram e regressou a Lourdes a 28 de janeiro, de 1858, somente 14 dias antes da primeira aparição da Virgem.

É importante compreender a razão pela qual Bernardete se encontrava em Lourdes quando tinha 14 anos e começaram as aparições:

Ela buscava com todo seu coração receber a Santa Comunhão.

A Virgem visita uma alma muito pura cheia de amor por seu Filho, uma alma disposta a qualquer sacrifício para levar a cabo a obra de Deus.

Bernardete, ao ver se impedida de receber a comunhão, recorre a Virgem, reza diariamente o rosário e a Virgem lhe abre as portas.

A Virgem sabe que pode confiar a ela a mensagem que deseja comunicar ao mundo.



Primeira Aparição:

A 11 de fevereiro de 1858 era o dia escolhido para que o céu se fizesse presente na terra.

Esse dia mudaria para sempre, não somente a vida de Bernadete, mas sim marca o começo de uma fonte de graça que tinha brotado para toda a humanidade.

Fonte que somente cresce com o tempo.

A mãe de Bernadete permitiu a ela ir com sua irmã menor chamada Maria, e com outra menina, ao campo a buscar lenha seca.

O lugar preferido para recolher lenha era um campo que havia frente a uma gruta.

Bernadete por sua fragilidade física ficou atrás.

As companheiras haviam passado pelo rio, mas Bernadete não se atrevia a entrar na água porque estava muito fria.

As demais insistiam que o fizesse e quando ela começou a tirar os sapatos, um ruído muito forte, parecido a um vento impetuoso, a obrigou a levantar a cabeça e olhar para todos os lados.

O que é isto!,dizia.

As folhas das árvores estavam imóveis.

O ruído do vento começou de novo e mais forte na gruta.

E ali, no fundo da gruta, uma maravilhosa aparição se destacava diante dela.

Neste mesmo momento começaram a soar os sinos da Igreja paroquial e se ouvia o canto de anjos.

Uma luz resplandecente como a do sol, doce e de paz como tudo o que vem do céu, uma Senhora prodigiosamente bela se deixou ver por Bernadete.

Vestia um traje branco, brilhante e de um tecido desconhecido, ajustado ao corpo com uma cinta azul; largo véu branco caia até os pés envolvendo todo o corpo.

Os pés, de uma limpeza virginais e descalços, pareciam apoiar-se sobre o rosal silvestre.

Duas rosas brilhantes de cor de ouro cobriam a parte superior dos pés da Santíssima Virgem.

Juntas suas mãos ante o peito, mostravam uma posição de oração fervorosa; tinha entre seus dedos um largo rosário branco e dourado com uma linda cruz de ouro.

Tudo nela irradiava felicidade, majestade, inocência, bondade, doçura e paz.


O rosto sereno, os olhos eram de um azul celeste cheios de amor e os lábios mostravam suavidade e mansidão.

A Senhora parecia saudar-lhe ternamente enquanto se inclinava ante Bernadete.

Bernadete buscou seu rosário (que trazia sempre em seu bolso), fazendo como para defender-se, o sinal da cruz, mas sua mão ficou paralisada.

Nesse momento a Virgem tomou a cruz do rosário e fez o sinal da cruz e disse a Bernadete que o fizesse como ela.

Nesse momento seu braço paralisado ficou livre.

A Senhora começou a passar as contas do rosário entre seus dedos e Bernadete começou a rezar o seu.

Ao terminar, a Virgem lhe fez um sinal para que ela se aproximasse e estendendo o braço, e se inclinou docemente e sorriu como se despedindo de Bernadete.

A visão havia desaparecido! Bernadete perguntou as outras meninas se haviam visto algo e elas responderam que não, lhes contou sua experiência e lhes pediu silêncio.

Mas a irmã de Bernadete contou a sua mamãe.

A mãe não acreditou e ordenou a Bernadete que se deixasse de imaginações e que estava proibida de voltar à gruta.

Essa noite, enquanto rezavam o rosário em família, Bernadete rompeu em prantos, repetindo sua invocação favorita:

"Oh! Maria sem pecado concebida, rogai por nós que acudimos a vós"


Segunda aparição:

No dia 14 de fevereiro, as meninas insistiram em que lhes dessem permissão para regressar a gruta.

Todos pensavam que o que havia acontecido a Bernadete era um engano do demônio, e então lhe disseram que fosse a gruta e jogasse água benta.

Assim fugiria o demônio e estariam tranqüilos.

Quando chegaram a gruta, Bernadete lhes pediu que se ajoelhassem para rezar o rosário.

Apareceu de novo a Virgem.

O rosto de Bernadete se transfigurou.

Esta tirou a água benta e disse:

"Se vens de parte de Deus, ficai conosco".

A água benta chegou até os pés da Virgem e sorrindo com mais doçura se aproximou de Bernadete.

Tomou o rosário e fez sinal com ele.

Começaram ambas a rezar.

Ao entardecer toda a população comentava as maravilhas que ocorriam na gruta de Lourdes, mas aos comentários se uniam as burlas, desprezos e insultos.

Terceira Aparição:

Os pais de Bernadete começaram a crer, pois ela jamais havia mentido e se caracterizava por sua obediência.

Os convenceu a naturalidade com que ela exponha os eventos e seus mais pequenos pormenores.

No dia 18 de fevereiro, uma senhora e uma religiosa desejavam acompanhar a Bernadete na gruta.

Foram com ela primeiro a Santa Missa das 5:30 a. e dali se dirigiram a gruta.

Bernadete caminhava tão rápido que parecia como se uma força superior a empurrasse até lá.

Ajoelhou-se e começou a rezar o rosário, lançou um grito de jubilo ao ver ao fundo da gruta a Senhora.

Perguntou-lhe se podiam estar suas duas acompanhantes e a Virgem disse que sim.

Elas também se ajoelharam e se puseram a rezar enquanto acendiam uma vela benta.

Bernadete lhe passou um papel a Virgem pedindo-lhe que escrevesse qualquer coisa que desejasse comunicar.



A Virgem lhe disse:

"O que tenho que te comunicar não é necessário escrever, fazei unicamente o presente de vir aqui durante quinze dias seguidos".

Bernadete prometeu e a Virgem lhe respondeu:

"Eu também te prometo fazer te feliz, não certamente neste mundo, mas sim no outro "

A quinzena milagrosa:

O rumor das aparições se espalhou rapidamente e uma grande multidão foi à gruta.

No dia 19 de fevereiro:

chegou Bernadete a gruta acompanhada de seus pais e um centena de pessoas.

A partir deste dia, iam a todas as aparições com uma vela acessa.

No dia 20 de fevereiro:

Aproximadamente 500 pessoas a acompanhavam.

No dia 21 de fevereiro, vários milhares de pessoas enchiam todos os arredores da gruta.

Houve um momento em que a aparição parecia para o fundo como se unir no interior da rocha.

Para não perder-la de vista, Bernadete foi aproximando-se de joelhos.

Observou que a Virgem estava triste.

Perguntou-lhe, que aconteceu.

O que posso fazer?A Virgem respondeu:

"Rogai pelos pecadores".


Bernadete era objeto de toda classe de zombarias, perseguições e ofensas.

Inclusive as autoridades civis tomaram partido no assunto.

O comissário chegou a recolher a menina para fazer lhe perguntas.

Ameaçou levar-lhe a cadeia se continuasse indo a gruta.

Um dos principais médicos de Lourdes se dedicou a estudar, observar e examinar Bernadete.

Este chegou a conclusão de que em Bernadete não havia nenhum sinal de alucinação, histeria ou fuga da realidade.

Disse assim:

"Aqui há um feito extraordinário, totalmente desconhecido da ciência e da medicina" ·Sem dúvida, as perseguições não terminaram; a policia continuou tratando-a indignamente.

O Pároco de Lourdes a defendeu energicamente.

Em tudo isto Bernadete se manteve firme, mas com humildade, nunca tomando uma posição defensiva, nem de ataque contra nada.

No Dia 22 de fevereiro: a Virgem não apareceu.

Todos zombavam de Bernadete.

Ela chorava pensando que talvez havia cometido alguma falta e que por isso a Virgem não havia aparecido.

Mas tinha a firme esperança de voltar a ver-la.

Uma das coisas que mais surpreendia as pessoas era ver uma humilde e pobre pastorinha, carente de adequada educação, saudar com graça e dignidade a Virgem ao concluir a aparição.

Perguntaram-lhe uma vez:

"Dizei-me, quem te ensinou a fazer tão graciosas saudações?".

"Ninguém, contestou, não sei como falei saudado, trato de fazer como o faz a visão e ela me trata deste modo quando se vai".

No dia 23 de fevereiro:

primeira vez que a Virgem formula uma ordem concreta.

Ante 10 mil pessoas a Virgem dá a Bernadete um segredo que somente a ela conhece e que não pode revelar a ninguém.

Também lhe ensinou uma oração que lhe fazia repetir, mas que não quis que desse a conhecer.

A Virgem lhe disse:

"e agora, filha minha, vai dizer aos sacerdotes que aqui, neste lugar, deve levantar se um Santuário, e que a ele devem vir em procissão"· Bernadete se dirigiu imediatamente a Igreja para a mensagem ao Pároco.

O sacerdote lhe perguntou o nome da Senhora, Bernadete lhe respondeu que não sabia.

Depois de escuta-la, o pároco lhe disse:

"Podes compreender que eu não posso me basear somente de teu testemunho; dizei a essa grande Senhora que se dê a conhecer; se for a Virgem, que o manifeste mediante um grande milagre.

Não dizes que aparece encima de um rosal silvestre? Então dizei de minha parte, que se quer um Santuário, que faça florescer o rosal deste jardim.

No dia 24 de fevereiro, toda a gente quis saber o que aconteceria com o encargo do Pároco e se a Virgem faria o milagre do rosal.

Bernadete como sempre chegou a gruta e se ajoelhou, sem por atenção em absoluto nas pessoas que ia por curiosidade.

Bernadete contou a Virgem o que o sacerdote lhe havia pedido.

A Virgem somente sorriu, sem dizer uma palavra.

Depois a mandou a rogar pelos pecadores e exclamo três vezes:

Penitência, penitência, penitência

!
A fez repetir estas palavras e Bernadete o fazia enquanto se arrastava de joelhos até o fundo da gruta.

Ali lhe revelou um segredo pessoal e depois desapareceu.

Bernadete por humildade não relatou todos os detalhes, mas as testemunhas contaram que também viram-na beijar a terra em intervalos, a Virgem lhe havia dito:

"Rogarás pelos pecadores.

Beijarás a terra pela conversão dos pecadores".

Como a visão retrocedia, Bernadete a seguia de joelhos beijando a terra.

Bernadete se voltou e pediu as pessoas presentes: "vocês também beijem a terra" ·Desde então se lhe foi encomendada a Bernadete a penitência pelos pecadores.

Um dia a Virgem a mandou a subir e descer várias vezes à gruta de joelhos, a Virgem tinha o rosto de tristeza.

"A Virgem me tinha mandado por mim e pelos demais" disse ela.

No dia 25 de fevereiro:

"Filha minha, lhe disse na Visão, quero confiar-te somente para ti o último segredo; Igualmente aos outros, não os revelaras a nenhuma pessoa deste mundo" ·

E agora lhe disse a Virgem depois de um momento de silêncio - vai beber e lavar os pés na fonte, e come da erva que há ali.

Bernadete olhou ao seu redor, pois não havia nenhuma fonte.

Ela pensou que a Virgem a mandava ao riacho e se dirigiu até lá.

A Virgem a deteve e lhe disse:

"Não vai até lá, vai a fonte que está aqui".

Sinalizou-lhe o fundo da gruta.


Bernadete subiu e, quando estava perto da rocha, buscou com a vista a fonte não encontrando, e querendo obedecer, olhou a Virgem.

A um novo sinal Bernadete se inclinou e escavando a terra com a mão, pode fazer nela um buraco.

De repente se umedeceu o fundo daquela pequena cavidade e vindo de profundidades desconhecidas através das rochas, apareceu uma água que pronto encheu o buraco que podia conter um vaso de água.

Misturada com a terra, Bernadete a aproximou três vezes de seus lábios, não resolvendo se a beberia.

Mas vencendo sua natural repugnância a água suja, bebeu da mesma e molhou também o rosto.

Todos começaram a rir dela e a dizer que agora sim se havia tornado louca.

Mas,... misteriosos desígnios de Deus.

Com sua frágil mão acabava Bernadete de abrir, sem saber, o manancial das cura e dos milagres mais maravilhosos que tem comovido a humanidade. A água milagrosa de Lourdes tinha sido analisada por hábeis químicos:

É uma água virgem, muito pura, uma água natural que carece de toda propriedade térmica.

Ademais tem a peculiaridade que nenhuma bactéria sobrevive nela.

Simboliza a Imaculada Concepção, na qual nunca houve mancha de pecado original nem pessoal.

No dia 26 de fevereiro,a água milagrosa fez o primeiro milagre.

O bom pároco de Lourdes havia pedido um sinal, e em vez do muito pequeno que havia pedido, a Virgem acabava de dar-lhe um muito grande, e não somente a ele, mas a toda a população.

O primeiro milagre de cura

Havia em Lourdes um pobre obreiro chamado Bourriete, quem vinte anos antes havia tido o olho esquerdo horrivelmente mutilado pela explosão de uma mina.

Era um homem muito honrado e muito cristão.

Mandou a filha a buscar água da nova fonte e se pôs a orar, ainda que estava um pouco suja, lavou o olho com ela.

Começou a gritar de alegria.

As negras trevas haviam desaparecido; não lhe ficara mais que uma ligeira sombra, que foi desaparecendo ao continuar lavando-se.

Os médicos haviam dito que jamais se curaria.

Ao examina-lo de novo não teve mais dúvida que chamar o sucedido por seu nome: Milagre.


E o mais impressionante era que o milagre havia deixado as cicatrizes e as lesões profundas da ferida, mas havia devolvido ainda assim a visão, muitos milagres seguem sucedendo em Lourdes pelo que no santuário há sempre uma multidão de enfermos.

A primeira vela na gruta de Lourdes

Um dia ao final da aparição, Bernadete se aproximou de sua tia que a acompanhava e lhe disse:

Queres dar-me uma vela e permiti-me deixa-la na gruta? Então se dirigiu até o fundo da gruta e ali a deixou acessa, apoiando-a na rocha.

Esta vela em um momento foi à única; agora são milhões as que ardem constantemente ante a imagem da Virgem.

A vela acessa é um lindo símbolo:

A cera branca e virgem da qual é formada, sempre tinha representado a humanidade que Cristo tomou de Maria, e que unida a Divindade é a luz de mundo.

Como a cera da vela, esta humanidade sagrada se consumirá diante de Deus em adoração, suplicas e ação de graças.

A luz da vela, resplandecente e radiante, simboliza a Divindade de Filho de Maria.

A vela acessa representa igualmente ao cristão, que iluminado pela fé deve consumir-se diante de Deus como vítima de penitência e amor.

No dia dois de março, Bernadete foi de novo ver a pároco de Lourdes, recordando a ele o pedido da Virgem de levantar um Santuário no lugar das aparições.

O pároco lhe contestou que era obra do Bispo que e a estava inteirado do pedido e seria o encarregado de por em obra o desejo celestial da visão.

No último dia, quatro de março, seguindo seu costume, Bernadete, antes de dirigir-se à gruta, assistiu a Santa Missa.

Ao final da aparição, teve uma grande tristeza, a tristeza da separação.

Voltaria a ver a Virgem? A Virgem sempre generosa, não quis que terminasse o dia sem uma manifestação de sua bondade:

um grande milagre, um milagre maternal, coroação da quinzena de aparições.

Milagre:

Um menino de dois anos estava a agonizando, se chamava Justino.

Desde que nasceu teve uma febre que ia pouco a pouco desmoronando sua vida.

Seus pais, nesse dia, achavam que estava morto.

A mãe em seu desespero o tomou e o levou a fonte.

O menino não dava sinais de vida.

A mãe o colocou 15 minutos na água que estava muito fria.

Ao chegar em casa, notou que se ouvia com normalidade a respiração do menino.

No dia seguinte, Justino se despertou com face fresca e viva, seus olhos cheios de vida, pedindo comida e suas pernas fortalecidas.

Este feito emocionou a toda a comarca e pronto toda França e Europa; três médicos de grande fama certificaram o milagre, chamando-o de primeira ordem.

Então o governador de Tarbes, cidade a que pertencia Lourdes, reuniu a todos os alcaides da zona para dar instruções precisas de proibição de ir a gruta.

Tudo foi em vão, cada dia acudiam mais peregrinos de todas partes.

Não obstante as perseguições, as zombarias e as injurias, Bernadete continuava visitando a Gruta.

Ia rezar o rosário com os peregrinos.

Mas a doce visão não aparecia.

Ela estava resignada a não voltar a ver a Virgem.


No 25 de março, dia da Anunciação, Bernadete se sentiu fortemente movida a ir a Gruta; muito contente obedeceu a esse chamado em seu coração, e se foi imediatamente a Gruta.

Como era uma data solene, os peregrinos tinham a esperança de que a Virgem apareceria e quando chegou Bernadete se assombrou da quantidade de pessoas que encontrou.

Foi este dia 25, na história das aparições, um dia de glória.

Bernadete voltou a perguntar a Senhora.

"Queres ter a bondade de dizer-me qual é teu nome?" (a visão resplandecia mais que nunca; sorrindo sempre, e sendo seu sorriso a única resposta,Bernadete insistiu.

"Queres dizer me quem sois?, te suplico Senhora Minha".

Então a Senhora afastou sua vista de Bernadete, separou suas mãos, fez deslizar em seu braço o rosário que tinha em seus dedos, levantou ao mesmo tempo suas mãos e sua cabeça radiante, que de suas mãos se juntaram diante do coração, sua cabeça se afirmou e, mais resplandecente que a luz de sol, dirigindo a vista ao céu disse:

"Eu sou a Imaculada Conceição", e assim desapareceu, deixando em Bernadete esta imagem e esse nome.

Bernadete ouvia pela primeira vez essas palavras.

Enquanto se dirigia à casa paroquial, para contar ao pároco (este lhe havia dado o encargo de perguntar a visão como se chamava), ia ela por todo o caminho repetindo "Imaculada Conceição ", essas palavras tão misteriosas e difíceis para uma menina analfabeta.

Quando o pároco ouviu o relato de Bernadete, ficou assombrado.

Como podia uma menina sem nenhuma instrução religiosa saber o dogma que somente uns quatro anos antes havia a Igreja promulgado? Em 1854, o Papa Pio IX havia definido o dogma da Imaculada Conceição.

O sacerdote comprovou que Bernadete não se havia enganado, era ela, a Virgem Santíssima, a soberana mãe de Deus quem aparecia na Gruta.

No dia 05 de Abril, o dia de Páscoa voltou a gruta, rodeada de uma verdadeira multidão de pessoas que oravam com ela.

Bernadete ajoelhada como era de costume habitual, tinha na mão esquerda a vela acessa que lhe acompanhava em todas as ocasiões e a apoiava no solo.

Absorta na contemplação da Rainha dos céus, mas sabendo agora com segurança que era a Virgem Santíssima, levantou suas mãos e as deixou cair um pouco, sem perceber que as tinha sobre o extremo da vela acessa; então a chama começou a passar entre seus dedos e a elevar se por cima deles, oscilando de um lado para o outro, segundo fora o leve sopro de vento.

Os que estavam ali gritavam:

"se queima".

Mas ela permanecia imóvel.


Um médico que estava perto de Bernadete tirou o relógio e comprovou que por mais de um quarto de hora a mão esteve em meio da chama, sem fazer ela nenhum movimento.

Todos gritavam milagre! O medico comprovou que a mão de Bernadete estava ilesa.

Depois que terminou a aparição:

Um dos espectadores aproximou a mão de Bernadete da chama da mesma vela acessa, e ela exclamou:

" Oh! O que quer você, queimar-me?.

Ultima aparição:

Foi no dia 16 de Julho, dia da Virgem do Carmo.

Bernadete se sente de novo movida a ir a gruta, que estava cercada, vigiada e proibida.

Vai acompanhada de uma tia e umas meninas.

Haviam madeiras ao redor da gruta.

Se ajoelharam o mais próximo possível da gruta mas sem poder chegar a ela.

Bernadete recebe a ultima visita da Virgem e diria:

"Nunca se havia aparecido tão gloriosa".

Bernadete havia cumprido sua missão, com grande amor e valentia ante todos os sofrimentos que teve que enfrentar e ante todos os obstáculos que o inimigo pôs em seu caminho.

Seu confessor disse repetidamente:

"A melhor prova das aparições é Bernadete mesma, sua vida"

Resumo das mensagem da Virgem de Lourdes


O mensagem que a Santíssima Virgem deu em Lourdes, França, em 1858, pode resumir-se assim:

1-E um agradecimento do céu pela definição de dogma da Imaculada Concepção, que se havia declarado quatro anos antes (1854), ao mesmo tempo que assim se apresenta ela mesma como mãe e modelo de pureza para o mundo que esta necessitado desta virtude.

2-E uma exaltação as virtudes da pobreza e humildade aceitadas cristãmente, ao escolher a Bernadete como instrumento de sua mensagem.

3-Um mensagem importantíssima em Lourdes é a da Cruz.

A Santíssima Virgem lhe repete que o importante é ser feliz na outra vida, ainda que para isso seja preciso aceitar a cruz.

4-Importância da oração, do rosário, da penitência e humildade (beijando o solo como sinal disso).

Também, um mensagem de misericórdia infinita para os pecadores e de cuidado dos enfermos.

Alguns pontos de reflexão sobre os sinais visíveis da primeira aparição:

Neles há uma grande lição espiritual:

1-Rodeada de luz:

É o símbolo da luz da fé, a qual nos abrimos pelo batismo.

A fé é a luz da vida com a qual devemos brilhar ante o mundo.

Devemos fazer resplandecer a fé pela santidade de Nossas vidas.

2-A luz era tranquila e profunda:

Na fé cristã teremos o repouso para nossa alma.

3-De beleza incomparável, não há nada igual aqui na terra:

Trabalhar intensamente por adquirir a verdadeira beleza que é a da alma, a fim de que Deus possa contemplar nos com agrado.

4-Roupa tão branca, tão pura, tão delicada que jamais tela alguma pode imitar:

De que pureza tão perfeita e delicada tinha de estar revestida diante de Deus, nossa alma; mas o pecado mancha nossa branca roupagem.

5-Pés desnudos, brilhando sobre cada um de eles uma rosa luminosa:

Os pés desnudos nos predicam a pobreza evangélica, esta bela e sublime virtude a qual Jesus tinha prometido o mesmo Reino dos céus.

As rosas luminosas:

Jesus nos envia a difundir por todas partes o bom perfume de Cristo, o divino perfume de Evangelho.

6-As mãos sempre juntas, com o santo rosário :

Em fervente oração, orando sempre e sem interrupção.

A oração nosso alimento constante, a respiração de alma, pois todas as virtudes somente nascem em uma alma que ora.



Duas virtudes ressaltavam em Bernadete:

a piedade e a modéstia.

Para ser piedoso não é necessário ser sábio.

Ainda quando se fez religiosa, ela mesma dizia que não sabia como orar e sem dúvida passava muitas horas em oração.

E sua oração não era mecânica, mas sim como se falasse a Deus e a Virgem como se fala com uma pessoa cara a cara.

Era, pois uma oração de coração, intensa, honesta e eficaz.

Amava a oração.

Ela sabia muito bem como rezar o Santo rosário o qual sempre levava em seu bolso.

O tinha em suas mãos quando lhe apareceu a Virgem.

Seu primeiro gesto em momentos de qualquer prova ou dificuldade era sempre tomar seu rosário e começar a recitá-lo.

A pequena escolhida pela Virgem teria muito que sofrer até o dia de sua morte, tanto sofrimentos morais como físicos; Mas nunca devemos duvidar que Deus guia a esta pequena menina e que ela responde com humildade, abandono, fé e coragem.

Bernadete possuía virtudes que seriam criticadas durante toda seu vida como "defeitos".

Por este erro se pôs em dúvida também a autenticidade das aparições.

Esta menina de somente 14 anos (cumpridos em 7 de janeiro de 1858), teve que ser sabia, firme, extraordinariamente valente e saber discernir, para poder enfrentar as pessoas que tratavam de dissuadi-la, entre elas sacerdotes, Bispos, chefes da polícia, procuradores, etc.

Para ter uma idéia da fortaleza interior e a capacidade de seu juízo, podemos ver algumas das frases que disse durante os interrogatórios aos que teve que se submeter.

Depois de que o Procurador Imperial a fez estar de pé por muito tempo a Bernadete e a sua mãe, ao fim lhes disse condescendentemente:

- "ali há cadeiras.

Podem sentar-se" Bernadete respondeu:

"Não.

Podemos sujá-las". Em outra ocasião, quando lhe perguntaram sobre o idioma em que lhe falou a Virgem, Bernadete disse:

-"Ela me falou em dialeto" -"A Virgem Maria não pode ter falado em dialeto", lhe responderam, " Deus e a Virgem não falam dialeto".

Ao que ela respondeu:

"Como podemos saber se eles não falam nosso dialeto?" · - "Por que pensa que me falou em Francês? Posso eu falar em Francês?" Na décima segunda aparição Bernadete aproximou um rosário à Virgem.

Um sacerdote lhe perguntou depois da aparição:

Agora também bendizes rosários? Bernadete riu e disse:

"Eu não uso uma estola, ou sim".

Outro lhe perguntou:

"Bernadete, agora que a Virgem tinha prometido que irás ao céu, não necessitas preocupar-te de cuidar da tua alma".

Bernadete respondeu:

"mas padre, eu somente irei ao céu se me portar corretamente" Seus interrogatórios seriam de várias horas, algumas vezes dias inteiros; e seus interrogadores tratavam de enganá-la para que contradissesse suas declarações.

Mas ela se mantinha alerta, em guarda, sabendo que eles não queriam a verdade, mas sim provar que havia inventado tudo.

Bernadete teve que se enfrentar freqüentemente com o pároco de Lourdes, Abbé Pee Ramale, quem tinha fama por seu mau gênio.

Sem dúvida todas as vezes que nossa santa foi vê-lo, apesar do temor que sentia, nunca se deixou atrás, mas sim sempre vencia seu natural medo.

Sua vontade de cumprir com o que a Virgem lhe havia encarregado podia muito mais que o mau gênio de sacerdote.

E assim vemos como Bernadete cumpre os desejos da Virgem apesar de grandes obstáculos e de suas próprias fraquezas.

Ao final, no último dia das aparições, 25 de março de 1858, a Virgem revela sua identidade dando a Bernadete a prova que tanto pedia seu pároco para crer.

As palavras da Virgem, "Eu sou a Imaculada Conceição", foram as que derrubaram de uma vez por todas o muro da incredulidade no coração do pároco, quem se converteu desde esse momento em seu maior defensor e apoiou, usando seu mesmo temperamento contra os que atacavam a menina.

A diferença de outras aparições, como a Salete, Pointmam, Fátima, Knock, Beuraing, excetuando a Medalha milagrosa;

Bernadete era a única vidente.

Não tinha outros que corroborassem o testemunho e lhe servissem de apoio.

Sua única fonte de fortaleza era a mesma Virgem Santíssima.

Mas esta era suficiente para ela.

Chegaria um tempo onde suas qualidades, sua força interior, sua rapidez ao contestar, todas usadas para defender as aparições da Virgem, se usariam contra si.

Aqueles que a apoiavam sabiam entender suas grandes virtudes, mas para os que a criticavam eram seus grandes defeitos.

A sua fortaleza interna lhe chamavam arrogância; a sua rapidez em responder lhe chamavam insolência.

Uma vez no Convento de São Gildarde, em Nevers, quando foi acusada de ter amor próprio, ela desenhou um circulo e pôs a marca de dedo no centro do mesmo e disse:

"Quem não tenha amor próprio ponha seu dedo aqui" (indicando a marca do centro).

As aparições foram para Bernadete um presente não merecido, um presente que em si mesmo não a fez santa.

Era um presente para ela e para o mundo.

Ela, por sua admirável correspondência a graça, chegou à santidade.

Nós também podemos.

Temos de ter claro que Santa Bernadete não foi canonizada por ter visto a Virgem Santíssima, mas sim por ter subido pela escada da santidade a través de enormes provas e cruzes.

Para ser santo não é necessário ter tido grandes experiências místicas.

É suficiente ter estas duas coisas:

Humildade e amor.

É na assídua oração e na vida de virtude que o amor se expressa a si mesmo.

Bernadete depois das aparições:

A humilde jovem escolhida para tão grande missão, permaneceu depois das aparições como era antes, é dizer a Virgem se encargo de conserva-la singela, humilde e modesta.

Não lhe gostava do alarde nem da popularidade.

Passava como uma simples pessoa, exceto por suas virtudes, por sua inocência, seu candor e retidão em sua edificação.

Fez sua primeira comunhão no mesmo ano 1858, no dia 3 de junho, dia de Corpus Christi.

Nada espetacular sucedeu exceto que ela havia piedosamente recebido a Jesus.

Deus seguia visitando-a, não com brilhantes aparições, mas sim pela prova amarga dos sofrimentos:

da incompreensão, desprezo, quase sempre estava enferma, suportava dores de toda classe, recolhida e resignada com paciência.

Sofria de asma crônica, tuberculose, vômitos de sangue, aneurisma, gastralgia, tumor de um joelho, caries nos ossos, abscessos nos ouvidos que lhe ocasionaram surdez, a qual parou até um pouco antes de sua morte.

A Virgem lhe disse a Bernadete:

"Não te prometo fazer te feliz neste mundo, mas sim no próximo".

E estas palavras da Virgem se cumpriram plenamente em nossa santa.

Muito teve que sofrer durante sua vida até sua morte aos 35 anos.

A saúde de Bernadete era muito delicada, muitas vezes tinha que estar de cama com febre; Tinha dias bem críticos com ataques de asma que muitas vezes eram bem dolorosos.

Muitos encontravam cura na fonte de Lourdes, mas não Bernadete.

Um dia lhe perguntaram:

" Não tomas de água da fonte?.

Estas águas tem curado a outros, por que não a ti?.

Esta pergunta insidiosa pode ter se convertido em uma tentação, para que Bernadete não cresse na aparição, mas ela não se abateu.

Ela respondeu:

"A Virgem Santíssima deseja que eu sofra.

Eu necessito" Porque tu mais que outros ? -"O bom Deus somente o sabe".

Regressa algumas vezes a gruta? - "quando o Pároco me permite".

Porque não te permite todo o tempo ? -"Porque todos me seguiram".

Antes havias ido ainda quando foi proibido - "isso foi porque fui pressionada.

" A Virgem Santíssima te disse que serias feliz no outro mundo, assim que estas segura de ir ao céu.

- "Oh! não, isso será somente se fizer o bem ".

E não te disse ela que fazer para ir ao céu ? -"nós o sabemos muito bem; não é necessário que eu diga".

Bernadete não podia receber em sua casa o cuidado que ela necessitava para sua frágil saúde e o grande número de visitantes curiosos lhe causavam fatiga.

Vendo esta necessidade, Abbé Pee Ramale pediu a Superiora do hospital de Lourdes que acolhesse a menina.

Disse-lhe:

"É com vocês que a menina deve estar.

Vocês podem dar-lhe o cuidado que ela necessita em todos os aspectos".

No ano 1860, as irmãs da Caridade de Nevers, que serviam o hospital e a escola, lhe ofereceram um asilo titular.

Desde aquele dia permaneceu sob seu teto, com sua saúde delicada, mas com seu consignação de sempre:

Não chamar a atenção de nada.

Ainda quando seus pais haviam se mudado e viviam em um moinho, lhe deram permissão sem dificuldades de permanecer com as irmãs.

Ssua mãe chorou por sua partida, mas sabia que era pelo bem estar da menina.

No hospital Bernadete foi indicada sob o cuidado da irmã Elizabeth, quem lhe devia ensinar a ler e escrever melhor.

Bernadete tinha 16 anos, era julho de 1860.

A superiora lhe disse a irmã Elizabeth:

"dizem que ela não é muito inteligente, olha se é possível fazer algo com ela".

A irmã Elizabeth ao entrar em contato com Bernadete diria:

"Encontro nela uma inteligência muito viva, um candor perfeito e um coração puro".

Ela diria a madre superiora:

"Minha querida mãe, estas enganada.

Bernadete é muito inteligente e assimila muito bem a doutrina ensinada.

" Sem ser brilhante, Bernadete adquiri grande quantidade de conhecimento elementar.

Em seu tempo no hospital, parecia uma menina de sua idade.

Era reta, sincera, piedosa, mas travessa, muito vivaz, a quem lhe encantava rir, jogar e brincar.

Muitas vezes a ponham para cuidar meninos mais pequenos, como era o costume nas escolas elementares e Bernadete se mostrava tão jovem e brincalhona como a mais pequena menina.


Um dos meninos diria mais tarde:

"Bernadete era tão simples.

Quando lhe pediam que nos cuidasse, o fazia de uma maneira tal, que parecia outra menina jogando conosco, que não nos fazia pensar tanto em sua visão milagrosa.

Criados com este pensamento de que nossa companheira havia visto a Virgem, o considerava tão natural como um menino de hoje dia que tinha visto ao presidente da república" Bernadete era completamente natural em seu comportamento diário, sem dúvida era muito séria no tocante a sua vida Cristã.

Ao crescer, Bernadete teve como toda jovem, seus momentos de vaidade, querendo estar bonita e vestir-se bem.

Mas todas estas vaidades passaram por ela rapidamente e sem desejar nenhum rastro em seu coração.

Dizia a Irmã Vitorina:

"A febre passou rapidamente e não danificou sua profunda piedade ".

A comunidade contava com as orações de Bernadete.

Um dia uma religiosa, a mãe Alexandrina, sofreu uma torcedura e o médico lhe mandou ter repouso.

Mas ela era muito ativa e pediu a Bernadete que pedisse a Virgem que a curasse.

Bernadete imediatamente foi a rezar ante a estatua da Virgem na capela.

Orou com todo seu coração.

Que aconteceu?.

No outro dia o médico encontrou a madre Alexandrina ocupada em seu trabalho, como se nada tivesse ocorrido.

A Virgem Santíssima lhe deu uma graça especial ao chamá-la a vida religiosa.

Parece que nunca Bernadete considerou a sério o matrimônio.

Aos 19 ou 20 anos, a vocação de ser religiosa se apresentou claramente.


Havia considerado vagamente ser carmelita, mas não foi difícil fazer lhe compreender que sua saúde era muito delicada para enfrentar os rigores do Carmelo.

Foi o Bispo de Nevers, que tinha em sua diocese a Casa mãe das irmãs da Caridade do hospital e a escola de Lourdes, quem contribuiu definitivamente em sua orientação.

Lhe perguntou qual eram seus intenções para o futuro e ela lhe respondeu:

"Senhor Bispo, todo o que peço é estar me nesta casa como uma serva" ·mas filha minha, não tem pensado em chegar a ser uma religiosa como as irmãs as que tão apegada estás?.

"Oh!, Senhor Bispo, nunca acreditei que isto pudesse ser para uma ignorante e pobre menina como ela.

Você sabe bem que sou pobre e não teria o dote necessário".

Não é a pobreza o que deve deter-te.

Pode-se fazer uma exceção a regra e receber a uma jovem sem dote, se ela tem sinais claros de vocação ".

" Senhor Bispo, suas palavras me tem tocado profundamente, lhe prometo que pensarei nelas ".

Bernadete compreendia que uma decisão como esta não se faz sem consideração e reflexão.

O Bispo estava muito compadecido com sua prudência e lhe recomendou que fizesse sua decisão com completa liberdade e sem apressamento.

Em Agosto de 1864, Bernadete disse a mãe Superiora do hospital:

Madre minha, tenho orado muito para saber se estou chamada à vida religiosa.

Creio que a resposta é "sim".

Eu quero entrar em sua congregação se for aceita.

Permitam pedir que escreva ao Bispo ".

Em resposta a superiora abraçou a Bernadete e sua lágrima de alegria foi sua afetuosa resposta. Havia feito sua escolha, mas ataques de enfermidade e a necessidade de tratar com vários remédios retardaram por em prática de sua promessa.

Em 1866 escreveu:

"Estou mais certa que nunca a deixar o mundo.

Agora tenho decidido definitivamente ".

Por fim chegou o grande dia a começos de Julho de 1866, tinha 22 anos de idade.

Por última vez foi a amada gruta onde sua despedida foi de todo coração.

" Vê a gruta?, era meu céu na terra ".

No dia seguinte se despediu de sua família e em Julio 4 1866, Bernadete deixou seu povo natal para nunca mais voltar.

Antes de partir improvisa uma oração tomando como pauta o Magnificat:

Ação de graças pela pobreza de sua escrava.

Dirige-se diretamente a Maria:

"Se, mãe querida, vós tem vindo até a terra para aparecer a uma débil menina.

Vós, Rainha do Céu e da Terra, tem querido servir-Vos do que havia de mais humilde segundo o mundo".

A Religiosa, a Santa:

Vai começar seu noviciado.

Chegaram ao convento das irmãs da Caridade de Nevers, em 7 de julho de 1866 a noite.

No domingo Bernadete teve um ataque de nostalgia que lhe levou a estar chorando todo o dia.

A animavam dizendo-lhe que este era um bom sinal de que sua vida religiosa devia começar com sacrifício.

"Bernadete é em realidade tudo o que dela temos ouvido, humilde em seu triunfo sobrenatural; simples e modesta a pesar de que tudo se tinha unido para elevar lhe.


Ela ri docemente feliz ainda que a enfermidade a está consumindo.

Este é o selo da santidade, sofrimento unido a alegria celestial.

Irmã Maria Bernarda:

Nem a superiora,nem a irmã Josefina Imbert, nem a mestra de noviças madre Maria Teresa Vausou, entendiam o tesouro que se lhes havia sido confiado.

Admitiam que a Virgem lhe apareceu, mas a viam tão "ordinária", que tinham dificuldade em ver santidade nela.

Sua idéia de santidade aparentemente era diferente a da Igreja.

No processo diocesano de Beatificação, o Reverendo P.

Peach, professor de teologia dogmática no seminário de Moulins, disse a seus estudantes:

"O testemunho chegou a isto, que Bernadete era muito ordinária.

Mas quando se pergunta se ela era fiel às regras, se tinha que ser corrigida por desobediência ou em referencia a pobreza e castidade, todas se apressavam a disser:

"Oh! não, nada disso".

Por que suas superioras a julgavam tão mal?; Somente se pode encontrar resposta em que era parte da Providencia Divina para a santificação de Bernadete.

De maneira particular a mestra de noviças, mãe Maria Teresa Vauzou, foi quem causou muitos sofrimentos espirituais a Bernadete durante os 13 anos que viveu no convento.

A madre Maria, quem era estimada por seu olho agudo e sua penetração psicológica, nunca foi capaz de ler nesta alma límpida sua intima união com Deus, nem tampouco seu total abandono aos desejos de sua divina vontade, a qual formava sua vida interior.

Bernadete, sem ter estudado sobre as formas de oração, passava horas nela, recitando seu rosário com grande fervor.

Vivia em união perpetua com a Virgem Santíssima e através dela com Jesus Cristo.

"Bernadete estava totalmente perdida em Deus.

Ao receber o hábito de postulante, recebeu seu nome de religiosa o qual seria seu mesmo nome batismal, Sor Maria Bernarda.

Profissão Antecipada:

Três semanas depois de ter recebido o hábito, Bernadete ficou gravemente enferma com um novo ataque de tuberculose e teve que ser posta na enfermaria.

Esta crise de sufocação asmática foi tão seria que o médico pensava que sua morte era iminente.

A mãe Superiora chamou o Bispo e este lhe administrou o Sacramento de Extrema Unção, mas ela não pude receber o viático porque constantemente estava vomitando sangue.

Pensando que Bernadete estava a ponto de morrer, a madre Superiora quis dar-lhe a alegria de pronunciar seus votos.

Falou com o Bispo, e a comunidade deu sua aprovação unânime.

Sabendo o que iam fazer, Bernadete respondeu com um sorriso de agradecimento.

Foi o Bispo quem presidiu a cerimônia.

Bernadete deu seu consentimento por meio de sinais pois não podia falar.

Então lhe foi dado o véu de professa.

Pensava-se que estava a ponto de morrer, mas Bernadete sempre colocava sua saúde nas mãos da Virgem.

A nova religiosa dormiu e despertou a manhã seguinte em um estado de felicidade que ela declarou a sua Superiora:

"Minha Reverenda madre, você me fez fazer a profissão religiosa porque pensava que eu ia morrer.

Bom, olhe não vou morrer ".

A madre Superiora então lhe respondeu:

"Tonta, tu sabias que não ias morrer e não nos disseste.

Neste caso, se não morrer amanhã de manhã, te tirarei o véu".

E a irmã Maria Bernarda, com admirável submissão heróica, lhe respondeu simplesmente:

"Como você deseje, reverenda madre ".

E a pesar da dor que isto lhe causava, aceitou este cálice que o Senhor lhe enviava.

Sua mãe morreu em 8 de dezembro de 1866, tinha 45 anos e esta foi uma das maiores tristezas que experimentou.

Em meio de sua dor disse ao Senhor:

" Meu Deus, vós o tem querido! Eu aceito o cálice que me dás.

Que vosso nome seja bendito".

Durante seu noviciado, Bernadete foi tratada mais severamente e talvés mais cruelmente que as outras noviças.

Suas companheiras diziam:

"Não é bom ser Bernadete".

Mas ela aceitava tudo e via nisso a mão de Deus.

Bernadete professou em 30 de outubro de 1867 com o nome de Sor Maria Bernarda, tinha 23 anos.

Sem dúvida, a felicidade desse momento foi tomada por uma rude humilhação.

Quando chegou o momento de distribuir as novas professas os trabalhos, a mãe Superiora respondeu a pergunta do Bispo:

" e a irmã Maria Bernarda?, "Oh! Senhor Bispo, não sabemos o que fazer.

Ela não é boa para nada".

E prosseguiu:

"Se deseja, Senhor Bispo, podemos tratar de usa-la ajudando na enfermaria".

Ao qual o Bispo consentiu.

A irmã Maria Bernarda recebeu a dor desta humilhação em seu coração, mas não protestou, nem chorou, simplesmente aceitou o cálice.

Outro cálice que pronto tomaria foi a morte de seu pai em 1871, 6 anos depois que sua mãe.

Depois da morte de seu pai, a quem não havia visto mais desde que deixou Lourdes, mas sabia que havia morrido na fé.

Uma irmã a encontrou chorando aos pés da estatua da Virgem e quando a irmã a ia a consolar ela lhe disse:

"Minha irmã, sempre tive uma grande devoção à agonia de nosso Salvador.

No Sábado a tarde rezei a Jesus em agonia por todos aqueles que iam morrer nesse momento, e foi precisamente no mesmo momento em que meu pai entrou na eternidade.

Que alegria para mim que talvés o tenha ajudado ".

Muitas tribulações teve que passar; humilhações, grandes e pequenas se acumulavam sobre ela e ela dizia:

"Quando a emoção é demasiado forte, recordo as palavras de nosso Senhor, "Sou eu, não tenham medo".

As rixas e humilhações de minhas Superioras e companheiras imediatamente agradeço a nosso Senhor por esta grande graça.

É o amor deste bom Mestre fará desaparecer a árvore de orgulho em suas más raízes.

Enquanto mais pequena me faço, mais cresço no coração de Jesus.

Bernadete ganhou um grande presente ao começo de 1874.

Havia sido assistente de enfermaria, um trabalho que amava muito, mas suas forças se diminuíam.

Depois de um ataque de bronquite no outono de 1873, pelo qual teve que ir ao hospital, se determinou que estava muito frágil para ajudar na enfermaria e lhe deram o trabalho de menos esforço físico no Convento, o qual era ao mesmo tempo o mais importante, e o qual ela amou muito mais que o de ajudante de enfermaria; A fizeram assistente de sacristão.

Sua nova posição lhe dava a oportunidade de passar muito tempo na capela, perto do Santíssimo Sacramento.

Estava quase sem supervisão, o que lhe permitia falar ao Senhor no Tabernáculo, sem que ninguém pensasse que ela era estranha.

Manejava todos os artigos sagrados com grande reverência.

O corporal, os purificadores e os objetos sagrados, os tratava consciente que Jesus Encarnado os havia tocado durante o Sacrifício da Eucaristia.

Por isso não permitia que nada lhe atrapalhasse neste ministério.

Mas este presente não durou por muito tempo e a sua saúde constantemente piorava.

A partir de 1877 não é mais que uma inválida.

Lhe providenciaram mais cuidado e ela obedece todas as prescrições.

Pronunciou seus votos perpétuos a 22 de setembro de 1878, em um tempo em que se sentia melhor.

Mas não durou muito.

Ao seguinte 11 de dezembro, retornou a enfermaria, para nunca mais sair.

Seus últimos meses foram muito difíceis, fazendo-lhe passar pela noite escura de alma.

Perdeu a confiança, a paz de coração e a certeza de céu.

Foi tentada ao desanimo e desespero.

Pensava que era indigna da salvação.

Este foi seu cálice mais amargo e seu sofrimento maior.

Também sofria muito fisicamente.

A cama lhe causou ter as costas repleta de chagas.

Sua perna tuberculosa se revelou.

Desenvolveu abscessos nos ouvidos, que a fizeram praticamente surda por um tempo.

Se não tivessem sido tão evidentes seus sintomas, nada se teria mostrado que estava enferma.

Sua atitude tão serena e alegre não manifestava o profundo sofrimento que padecia.

Não perdeu sua fortaleza e sua aceitação.

Uma irmã lhe disse que ia a orar para que o Senhor lhe mandasse a cura, mas ela lhe respondeu:

"Não, não, não cura, somente fortaleza e paciência".

Bernadete padeceu sua paixão durante a Semana Santa de 1879.

No dia 16 de Abril de 1879 rogou as religiosas que a assistiam que rezaram o rosário, seguindo ela com grande fervor.

Ao acabar um Ave Maria, sorriu como se encontrasse de novo com a Virgem da Gruta e morreu.

Eram 3:15 da tarde.

Suas últimas palavras foram a conclusão de Ave Maria:

"Santa Maria, mãe de Deus, rogai por mim pobre pecadora.

Seu corpo foi posto na pequena capela Gótica, situada no centro de jardim de Convento a qual estava dedicada a São José.

Foi nesta capela que, depois de 30 anos, em setembro 22, 1909, reconheceram o corpo, em vista ao processo de Beatificação diocesano.

O corpo foi achado em perfeito estado de preservação.

Sua pele dura, mas intacta, manteve sua cor.

Houve um segundo reconhecimento em Abril 18, 1925, pouco antes de sua Beatificação o 12 de Junho de 1925.


Bernadete foi Canonizada a 8 de dezembro de 1933.

E celebramos sua festa no dia em que parte a casa do Pai, a 16 de Abril.

Lourdes tinha se convertido no santuário Mariano mais visitado de Europa e o segundo no mundo, depois de santuário da Virgem de Guadalupe em México.

Infinidade de enfermos tem sido curados nas águas milagrosas de Lourdes, mas o maior milagre continua sendo as muitas conversões de coração.

Santa Bernadete, todavia se pode observar incorrupta em sua capela em Nevers, dentro de um féretro de cristal onde parece estar dormindo.

Sua doçura e paz ainda tocam os corações.

Santa Bernadete, rogai por nós!.

FONTE: SITE ORAÇÕES CATÓLICAS
http://www.oracoes.info/SantaBernadete04.html



ASSISTA PELO CANAL ON-LINE "GLORIA TV" O FILME "A CANÇÃO DE BERNADETTE", de 1943. DIREÇÃO: HENRY KING.