A Vida de
Santa Bernadette
Infância
humilde e enferma mais cheia de piedade
Santa
Bernadete nasceu a sete de janeiro, de 1844 no pequeno povoado de Lourdes, nas
lindas montanhas dos Pirineus franceses.
Em seu
batismo lhe puseram o nome de Marie-Bernarde, mas desde pequena a chamavam pelo
diminutivo "Bernardete".
Seu pai
Francisco era um homem honesto e reto mais não muito capaz nos negócios.
Vivia com
sua família no moinho de Bole.
Sua mãe,
Luisa Casterot, se casou aos 16 anos.
Pensava que
assim seu futuro estaria assegurado mais as coisas não resultaram dessa
maneira.
Quando os
clientes vinham moer seu trigo, a jovem lhes servia uma comida completa.
Isto podia
se fazer em tempos de abundância, mas chegou a fazer falta em tempos de
escassez.
As dívidas
forçaram aos Soubirous a deixar o moinho e abrigar-se em uma casa, de
propriedade de um primo de Francisco, que havia sido parte de uma prisão.
Em um quarto
viviam os seis, o pai, a mãe e os quatro filhos.
Os maiores
eram meninas das que Bernardete era a primeira, depois dela vinha Toinete (dois
anos e meio mais jovem), e logo os dois meninos, Jean-Marie e Justim.
Para
conseguir o escasso pão para os meninos, Francisco e Luisa pegavam todo tipo de
trabalhos que podiam encontrar.
Quando
nasceu Bernardete a família, todavia tinha recursos.
Uma prova
disso é que a menina foi confiada a uma babá por seis meses.
A babá,
chamada Marie Avarant, vivia em Bartres, no campo a cinco milhas de Lourdes.
Marie Lagues
amamentou a Bernardete por 15 meses, desde junho de 1844 a outubro de 1845.
De acordo
com o costume ambas famílias estavam muito unidas entre si.
As
dificuldades econômicas da família Soubirous deram oportunidade a Marie para
pedir a ajuda de Bernardete.
O pretexto
foi que lhe ajudasse com outros meninos, mas em realidade a queria para o
pastoreio de ovelhas.
Ficou assim
como uma pastorinha contratada ainda que sem ser paga.
Ao ir a
Bartrês lhe prometeram que poderia preparar-se com o sacerdote do lugar para
fazer sua primeira Comunhão.
Tinha quase
14 anos e era a única menina de sua idade em Lourdes que não a havia recebido.
Mas ao ver
que era muito boa em seu trabalho, a obrigavam a passar mais tempo cuidando das
ovelhas, o que não lhe permitia assistir as aulas de catecismo.
Os dois
meninos da família donde vivia iam todas as manhãs as aulas de catecismo,
enquanto a ela lhe exigiam que marchasse no campo a pastorear.
Isto lhe
doía muito em seu coração.
Havia uma
dúvida quanto à inteligência de Bernardete.
Muitos
sugerem que não era inteligente.
É certo que
ela aprendia com dificuldade e até ela mesma dizia que tinha "má
cabeça", querendo dizer que tinha pouca memória.
Ao ser
negado a possibilidade de estudar, Bernardete, aos 13 anos de idade, não sabia
nem ler nem escrever.
O Mestre
João Barbet, quem em uma ocasião lhe deu aulas de catecismo, dizia dela:
"Bernardete
tem dificuldade em reter as palavras do catecismo porque não pode estuda-las,
por não saber ler, mas ela faz um grande esforço em compreender o sentido das
explicações.
Ainda mais,
ela é muito atenta e, especialmente, muito piedosa e modesta".
Sem dúvida
Bernadete havia sabido cultivar um grande tesouro de Deus:
um coração
adornado das mais belas virtudes cristãs:
inocência,
amabilidade, bondade, caridade e doçura.
Nem a
ignorância, nem a pobreza, nem o aspeto enfermo de Bernardete lhe preveniram de
apreciar nela a simplicidade e a piedade.
Dizia o Sacerdote
em uma ocasião:
"Olhai
a esta pequena".
Quando a
Virgem Santíssima quer aparecer na terra, ela escolhe meninos como esta"·
Suas palavras foram proféticas e dali a poucos meses a Virgem começa a aparecer
na gruta de Massabiele, perto de Lourdes.
Quando
Bernardete viu que seu desejo de preparar se para receber a comunhão não era
possível em Bartres, lhe pediu a Maria Lagues que lhe permitisse ir a Lourdes
onde insistiu a seus pais que lhe deixaram voltar para casa.
Queria
receber a primeira comunhão e teria que começar as aulas de catecismo
imediatamente se quisesse a receber em 1858.
Seus pais
aceitaram e regressou a Lourdes a 28 de janeiro, de 1858, somente 14 dias antes
da primeira aparição da Virgem.
É importante
compreender a razão pela qual Bernardete se encontrava em Lourdes quando tinha
14 anos e começaram as aparições:
Ela buscava
com todo seu coração receber a Santa Comunhão.
A Virgem
visita uma alma muito pura cheia de amor por seu Filho, uma alma disposta a
qualquer sacrifício para levar a cabo a obra de Deus.
Bernardete,
ao ver se impedida de receber a comunhão, recorre a Virgem, reza diariamente o
rosário e a Virgem lhe abre as portas.
A Virgem
sabe que pode confiar a ela a mensagem que deseja comunicar ao mundo.
Primeira
Aparição:
A 11 de
fevereiro de 1858 era o dia escolhido para que o céu se fizesse presente na
terra.
Esse dia
mudaria para sempre, não somente a vida de Bernadete, mas sim marca o começo de
uma fonte de graça que tinha brotado para toda a humanidade.
Fonte que
somente cresce com o tempo.
A mãe de
Bernadete permitiu a ela ir com sua irmã menor chamada Maria, e com outra
menina, ao campo a buscar lenha seca.
O lugar
preferido para recolher lenha era um campo que havia frente a uma gruta.
Bernadete
por sua fragilidade física ficou atrás.
As
companheiras haviam passado pelo rio, mas Bernadete não se atrevia a entrar na
água porque estava muito fria.
As demais
insistiam que o fizesse e quando ela começou a tirar os sapatos, um ruído muito
forte, parecido a um vento impetuoso, a obrigou a levantar a cabeça e olhar
para todos os lados.
O que é
isto!,dizia.
As folhas
das árvores estavam imóveis.
O ruído do
vento começou de novo e mais forte na gruta.
E ali, no
fundo da gruta, uma maravilhosa aparição se destacava diante dela.
Neste mesmo
momento começaram a soar os sinos da Igreja paroquial e se ouvia o canto de
anjos.
Uma luz
resplandecente como a do sol, doce e de paz como tudo o que vem do céu, uma
Senhora prodigiosamente bela se deixou ver por Bernadete.
Vestia um
traje branco, brilhante e de um tecido desconhecido, ajustado ao corpo com uma
cinta azul; largo véu branco caia até os pés envolvendo todo o corpo.
Os pés, de
uma limpeza virginais e descalços, pareciam apoiar-se sobre o rosal silvestre.
Duas rosas
brilhantes de cor de ouro cobriam a parte superior dos pés da Santíssima
Virgem.
Juntas suas
mãos ante o peito, mostravam uma posição de oração fervorosa; tinha entre seus
dedos um largo rosário branco e dourado com uma linda cruz de ouro.
Tudo nela
irradiava felicidade, majestade, inocência, bondade, doçura e paz.
O rosto
sereno, os olhos eram de um azul celeste cheios de amor e os lábios mostravam
suavidade e mansidão.
A Senhora
parecia saudar-lhe ternamente enquanto se inclinava ante Bernadete.
Bernadete
buscou seu rosário (que trazia sempre em seu bolso), fazendo como para
defender-se, o sinal da cruz, mas sua mão ficou paralisada.
Nesse
momento a Virgem tomou a cruz do rosário e fez o sinal da cruz e disse a
Bernadete que o fizesse como ela.
Nesse
momento seu braço paralisado ficou livre.
A Senhora
começou a passar as contas do rosário entre seus dedos e Bernadete começou a
rezar o seu.
Ao terminar,
a Virgem lhe fez um sinal para que ela se aproximasse e estendendo o braço, e
se inclinou docemente e sorriu como se despedindo de Bernadete.
A visão
havia desaparecido! Bernadete perguntou as outras meninas se haviam visto algo
e elas responderam que não, lhes contou sua experiência e lhes pediu silêncio.
Mas a irmã
de Bernadete contou a sua mamãe.
A mãe não
acreditou e ordenou a Bernadete que se deixasse de imaginações e que estava
proibida de voltar à gruta.
Essa noite,
enquanto rezavam o rosário em família, Bernadete rompeu em prantos, repetindo
sua invocação favorita:
"Oh!
Maria sem pecado concebida, rogai por nós que acudimos a vós"
Segunda
aparição:
No dia 14 de
fevereiro, as meninas insistiram em que lhes dessem permissão para regressar a
gruta.
Todos
pensavam que o que havia acontecido a Bernadete era um engano do demônio, e
então lhe disseram que fosse a gruta e jogasse água benta.
Assim
fugiria o demônio e estariam tranqüilos.
Quando
chegaram a gruta, Bernadete lhes pediu que se ajoelhassem para rezar o rosário.
Apareceu de
novo a Virgem.
O rosto de
Bernadete se transfigurou.
Esta tirou a
água benta e disse:
"Se
vens de parte de Deus, ficai conosco".
A água benta
chegou até os pés da Virgem e sorrindo com mais doçura se aproximou de
Bernadete.
Tomou o
rosário e fez sinal com ele.
Começaram
ambas a rezar.
Ao
entardecer toda a população comentava as maravilhas que ocorriam na gruta de
Lourdes, mas aos comentários se uniam as burlas, desprezos e insultos.
Terceira
Aparição:
Os pais de
Bernadete começaram a crer, pois ela jamais havia mentido e se caracterizava
por sua obediência.
Os convenceu
a naturalidade com que ela exponha os eventos e seus mais pequenos pormenores.
No dia 18 de
fevereiro, uma senhora e uma religiosa desejavam acompanhar a Bernadete na
gruta.
Foram com
ela primeiro a Santa Missa das 5:30 a. e dali se dirigiram a gruta.
Bernadete
caminhava tão rápido que parecia como se uma força superior a empurrasse até
lá.
Ajoelhou-se
e começou a rezar o rosário, lançou um grito de jubilo ao ver ao fundo da gruta
a Senhora.
Perguntou-lhe
se podiam estar suas duas acompanhantes e a Virgem disse que sim.
Elas também
se ajoelharam e se puseram a rezar enquanto acendiam uma vela benta.
Bernadete
lhe passou um papel a Virgem pedindo-lhe que escrevesse qualquer coisa que
desejasse comunicar.
A Virgem lhe
disse:
"O que
tenho que te comunicar não é necessário escrever, fazei unicamente o presente
de vir aqui durante quinze dias seguidos".
Bernadete
prometeu e a Virgem lhe respondeu:
"Eu
também te prometo fazer te feliz, não certamente neste mundo, mas sim no outro
"
A quinzena
milagrosa:
O rumor das
aparições se espalhou rapidamente e uma grande multidão foi à gruta.
No dia 19 de
fevereiro:
chegou
Bernadete a gruta acompanhada de seus pais e um centena de pessoas.
A partir
deste dia, iam a todas as aparições com uma vela acessa.
No dia 20 de
fevereiro:
Aproximadamente
500 pessoas a acompanhavam.
No dia 21 de
fevereiro, vários milhares de pessoas enchiam todos os arredores da gruta.
Houve um
momento em que a aparição parecia para o fundo como se unir no interior da
rocha.
Para não
perder-la de vista, Bernadete foi aproximando-se de joelhos.
Observou que
a Virgem estava triste.
Perguntou-lhe,
que aconteceu.
O que posso
fazer?A Virgem respondeu:
"Rogai
pelos pecadores".
Bernadete
era objeto de toda classe de zombarias, perseguições e ofensas.
Inclusive as
autoridades civis tomaram partido no assunto.
O comissário
chegou a recolher a menina para fazer lhe perguntas.
Ameaçou
levar-lhe a cadeia se continuasse indo a gruta.
Um dos
principais médicos de Lourdes se dedicou a estudar, observar e examinar
Bernadete.
Este chegou
a conclusão de que em Bernadete não havia nenhum sinal de alucinação, histeria
ou fuga da realidade.
Disse assim:
"Aqui
há um feito extraordinário, totalmente desconhecido da ciência e da
medicina" ·Sem dúvida, as perseguições não terminaram; a policia continuou
tratando-a indignamente.
O Pároco de
Lourdes a defendeu energicamente.
Em tudo isto
Bernadete se manteve firme, mas com humildade, nunca tomando uma posição
defensiva, nem de ataque contra nada.
No Dia 22 de
fevereiro: a Virgem não apareceu.
Todos
zombavam de Bernadete.
Ela chorava
pensando que talvez havia cometido alguma falta e que por isso a Virgem não
havia aparecido.
Mas tinha a
firme esperança de voltar a ver-la.
Uma das
coisas que mais surpreendia as pessoas era ver uma humilde e pobre pastorinha,
carente de adequada educação, saudar com graça e dignidade a Virgem ao concluir
a aparição.
Perguntaram-lhe
uma vez:
"Dizei-me,
quem te ensinou a fazer tão graciosas saudações?".
"Ninguém,
contestou, não sei como falei saudado, trato de fazer como o faz a visão e ela
me trata deste modo quando se vai".
No dia 23 de
fevereiro:
primeira vez
que a Virgem formula uma ordem concreta.
Ante 10 mil
pessoas a Virgem dá a Bernadete um segredo que somente a ela conhece e que não
pode revelar a ninguém.
Também lhe
ensinou uma oração que lhe fazia repetir, mas que não quis que desse a
conhecer.
A Virgem lhe
disse:
"e
agora, filha minha, vai dizer aos sacerdotes que aqui, neste lugar, deve
levantar se um Santuário, e que a ele devem vir em procissão"· Bernadete
se dirigiu imediatamente a Igreja para a mensagem ao Pároco.
O sacerdote
lhe perguntou o nome da Senhora, Bernadete lhe respondeu que não sabia.
Depois de
escuta-la, o pároco lhe disse:
"Podes
compreender que eu não posso me basear somente de teu testemunho; dizei a essa
grande Senhora que se dê a conhecer; se for a Virgem, que o manifeste mediante
um grande milagre.
Não dizes
que aparece encima de um rosal silvestre? Então dizei de minha parte, que se
quer um Santuário, que faça florescer o rosal deste jardim.
No dia 24 de
fevereiro, toda a gente quis saber o que aconteceria com o encargo do Pároco e
se a Virgem faria o milagre do rosal.
Bernadete
como sempre chegou a gruta e se ajoelhou, sem por atenção em absoluto nas
pessoas que ia por curiosidade.
Bernadete
contou a Virgem o que o sacerdote lhe havia pedido.
A Virgem
somente sorriu, sem dizer uma palavra.
Depois a
mandou a rogar pelos pecadores e exclamo três vezes:
Penitência,
penitência, penitência
!
A fez
repetir estas palavras e Bernadete o fazia enquanto se arrastava de joelhos até
o fundo da gruta.
Ali lhe
revelou um segredo pessoal e depois desapareceu.
Bernadete
por humildade não relatou todos os detalhes, mas as testemunhas contaram que
também viram-na beijar a terra em intervalos, a Virgem lhe havia dito:
"Rogarás
pelos pecadores.
Beijarás a
terra pela conversão dos pecadores".
Como a visão
retrocedia, Bernadete a seguia de joelhos beijando a terra.
Bernadete se
voltou e pediu as pessoas presentes: "vocês também beijem a terra"
·Desde então se lhe foi encomendada a Bernadete a penitência pelos pecadores.
Um dia a
Virgem a mandou a subir e descer várias vezes à gruta de joelhos, a Virgem
tinha o rosto de tristeza.
"A
Virgem me tinha mandado por mim e pelos demais" disse ela.
No dia 25 de
fevereiro:
"Filha
minha, lhe disse na Visão, quero confiar-te somente para ti o último segredo;
Igualmente aos outros, não os revelaras a nenhuma pessoa deste mundo" ·
E agora lhe
disse a Virgem depois de um momento de silêncio - vai beber e lavar os pés na
fonte, e come da erva que há ali.
Bernadete
olhou ao seu redor, pois não havia nenhuma fonte.
Ela pensou
que a Virgem a mandava ao riacho e se dirigiu até lá.
A Virgem a
deteve e lhe disse:
"Não
vai até lá, vai a fonte que está aqui".
Sinalizou-lhe
o fundo da gruta.
Bernadete
subiu e, quando estava perto da rocha, buscou com a vista a fonte não
encontrando, e querendo obedecer, olhou a Virgem.
A um novo
sinal Bernadete se inclinou e escavando a terra com a mão, pode fazer nela um
buraco.
De repente
se umedeceu o fundo daquela pequena cavidade e vindo de profundidades
desconhecidas através das rochas, apareceu uma água que pronto encheu o buraco
que podia conter um vaso de água.
Misturada
com a terra, Bernadete a aproximou três vezes de seus lábios, não resolvendo se
a beberia.
Mas vencendo
sua natural repugnância a água suja, bebeu da mesma e molhou também o rosto.
Todos
começaram a rir dela e a dizer que agora sim se havia tornado louca.
Mas,...
misteriosos desígnios de Deus.
Com sua frágil
mão acabava Bernadete de abrir, sem saber, o manancial das cura e dos milagres
mais maravilhosos que tem comovido a humanidade. A água milagrosa de Lourdes
tinha sido analisada por hábeis químicos:
É uma água
virgem, muito pura, uma água natural que carece de toda propriedade térmica.
Ademais tem
a peculiaridade que nenhuma bactéria sobrevive nela.
Simboliza a
Imaculada Concepção, na qual nunca houve mancha de pecado original nem pessoal.
No dia 26 de
fevereiro,a água milagrosa fez o primeiro milagre.
O bom pároco
de Lourdes havia pedido um sinal, e em vez do muito pequeno que havia pedido, a
Virgem acabava de dar-lhe um muito grande, e não somente a ele, mas a toda a
população.
O primeiro
milagre de cura
Havia em
Lourdes um pobre obreiro chamado Bourriete, quem vinte anos antes havia tido o
olho esquerdo horrivelmente mutilado pela explosão de uma mina.
Era um homem
muito honrado e muito cristão.
Mandou a
filha a buscar água da nova fonte e se pôs a orar, ainda que estava um pouco
suja, lavou o olho com ela.
Começou a
gritar de alegria.
As negras
trevas haviam desaparecido; não lhe ficara mais que uma ligeira sombra, que foi
desaparecendo ao continuar lavando-se.
Os médicos
haviam dito que jamais se curaria.
Ao
examina-lo de novo não teve mais dúvida que chamar o sucedido por seu nome:
Milagre.
E o mais
impressionante era que o milagre havia deixado as cicatrizes e as lesões
profundas da ferida, mas havia devolvido ainda assim a visão, muitos milagres
seguem sucedendo em Lourdes pelo que no santuário há sempre uma multidão de
enfermos.
A primeira
vela na gruta de Lourdes
Um dia ao
final da aparição, Bernadete se aproximou de sua tia que a acompanhava e lhe
disse:
Queres
dar-me uma vela e permiti-me deixa-la na gruta? Então se dirigiu até o fundo da
gruta e ali a deixou acessa, apoiando-a na rocha.
Esta vela em
um momento foi à única; agora são milhões as que ardem constantemente ante a
imagem da Virgem.
A vela
acessa é um lindo símbolo:
A cera
branca e virgem da qual é formada, sempre tinha representado a humanidade que
Cristo tomou de Maria, e que unida a Divindade é a luz de mundo.
Como a cera
da vela, esta humanidade sagrada se consumirá diante de Deus em adoração,
suplicas e ação de graças.
A luz da
vela, resplandecente e radiante, simboliza a Divindade de Filho de Maria.
A vela
acessa representa igualmente ao cristão, que iluminado pela fé deve consumir-se
diante de Deus como vítima de penitência e amor.
No dia dois
de março, Bernadete foi de novo ver a pároco de Lourdes, recordando a ele o
pedido da Virgem de levantar um Santuário no lugar das aparições.
O pároco lhe
contestou que era obra do Bispo que e a estava inteirado do pedido e seria o
encarregado de por em obra o desejo celestial da visão.
No último
dia, quatro de março, seguindo seu costume, Bernadete, antes de dirigir-se à
gruta, assistiu a Santa Missa.
Ao final da
aparição, teve uma grande tristeza, a tristeza da separação.
Voltaria a
ver a Virgem? A Virgem sempre generosa, não quis que terminasse o dia sem uma
manifestação de sua bondade:
um grande
milagre, um milagre maternal, coroação da quinzena de aparições.
Milagre:
Um menino de
dois anos estava a agonizando, se chamava Justino.
Desde que
nasceu teve uma febre que ia pouco a pouco desmoronando sua vida.
Seus pais,
nesse dia, achavam que estava morto.
A mãe em seu
desespero o tomou e o levou a fonte.
O menino não
dava sinais de vida.
A mãe o
colocou 15 minutos na água que estava muito fria.
Ao chegar em
casa, notou que se ouvia com normalidade a respiração do menino.
No dia
seguinte, Justino se despertou com face fresca e viva, seus olhos cheios de
vida, pedindo comida e suas pernas fortalecidas.
Este feito
emocionou a toda a comarca e pronto toda França e Europa; três médicos de
grande fama certificaram o milagre, chamando-o de primeira ordem.
Então o
governador de Tarbes, cidade a que pertencia Lourdes, reuniu a todos os
alcaides da zona para dar instruções precisas de proibição de ir a gruta.
Tudo foi em
vão, cada dia acudiam mais peregrinos de todas partes.
Não obstante
as perseguições, as zombarias e as injurias, Bernadete continuava visitando a
Gruta.
Ia rezar o
rosário com os peregrinos.
Mas a doce
visão não aparecia.
Ela estava
resignada a não voltar a ver a Virgem.
No 25 de
março, dia da Anunciação, Bernadete se sentiu fortemente movida a ir a Gruta;
muito contente obedeceu a esse chamado em seu coração, e se foi imediatamente a
Gruta.
Como era uma
data solene, os peregrinos tinham a esperança de que a Virgem apareceria e
quando chegou Bernadete se assombrou da quantidade de pessoas que encontrou.
Foi este dia
25, na história das aparições, um dia de glória.
Bernadete
voltou a perguntar a Senhora.
"Queres
ter a bondade de dizer-me qual é teu nome?" (a visão resplandecia mais que
nunca; sorrindo sempre, e sendo seu sorriso a única resposta,Bernadete
insistiu.
"Queres
dizer me quem sois?, te suplico Senhora Minha".
Então a
Senhora afastou sua vista de Bernadete, separou suas mãos, fez deslizar em seu
braço o rosário que tinha em seus dedos, levantou ao mesmo tempo suas mãos e
sua cabeça radiante, que de suas mãos se juntaram diante do coração, sua cabeça
se afirmou e, mais resplandecente que a luz de sol, dirigindo a vista ao céu
disse:
"Eu sou
a Imaculada Conceição", e assim desapareceu, deixando em Bernadete esta
imagem e esse nome.
Bernadete
ouvia pela primeira vez essas palavras.
Enquanto se
dirigia à casa paroquial, para contar ao pároco (este lhe havia dado o encargo
de perguntar a visão como se chamava), ia ela por todo o caminho repetindo
"Imaculada Conceição ", essas palavras tão misteriosas e difíceis
para uma menina analfabeta.
Quando o
pároco ouviu o relato de Bernadete, ficou assombrado.
Como podia
uma menina sem nenhuma instrução religiosa saber o dogma que somente uns quatro
anos antes havia a Igreja promulgado? Em 1854, o Papa Pio IX havia definido o
dogma da Imaculada Conceição.
O sacerdote
comprovou que Bernadete não se havia enganado, era ela, a Virgem Santíssima, a
soberana mãe de Deus quem aparecia na Gruta.
No dia 05 de
Abril, o dia de Páscoa voltou a gruta, rodeada de uma verdadeira multidão de
pessoas que oravam com ela.
Bernadete
ajoelhada como era de costume habitual, tinha na mão esquerda a vela acessa que
lhe acompanhava em todas as ocasiões e a apoiava no solo.
Absorta na
contemplação da Rainha dos céus, mas sabendo agora com segurança que era a
Virgem Santíssima, levantou suas mãos e as deixou cair um pouco, sem perceber
que as tinha sobre o extremo da vela acessa; então a chama começou a passar
entre seus dedos e a elevar se por cima deles, oscilando de um lado para o
outro, segundo fora o leve sopro de vento.
Os que
estavam ali gritavam:
"se
queima".
Mas ela
permanecia imóvel.
Um médico
que estava perto de Bernadete tirou o relógio e comprovou que por mais de um
quarto de hora a mão esteve em meio da chama, sem fazer ela nenhum movimento.
Todos
gritavam milagre! O medico comprovou que a mão de Bernadete estava ilesa.
Depois que
terminou a aparição:
Um dos
espectadores aproximou a mão de Bernadete da chama da mesma vela acessa, e ela
exclamou:
" Oh! O
que quer você, queimar-me?.
Ultima aparição:
Foi no dia
16 de Julho, dia da Virgem do Carmo.
Bernadete se
sente de novo movida a ir a gruta, que estava cercada, vigiada e proibida.
Vai
acompanhada de uma tia e umas meninas.
Haviam
madeiras ao redor da gruta.
Se
ajoelharam o mais próximo possível da gruta mas sem poder chegar a ela.
Bernadete
recebe a ultima visita da Virgem e diria:
"Nunca
se havia aparecido tão gloriosa".
Bernadete
havia cumprido sua missão, com grande amor e valentia ante todos os sofrimentos
que teve que enfrentar e ante todos os obstáculos que o inimigo pôs em seu
caminho.
Seu
confessor disse repetidamente:
"A
melhor prova das aparições é Bernadete mesma, sua vida"
Resumo das
mensagem da Virgem de Lourdes
O mensagem
que a Santíssima Virgem deu em Lourdes, França, em 1858, pode resumir-se assim:
1-E um
agradecimento do céu pela definição de dogma da Imaculada Concepção, que se
havia declarado quatro anos antes (1854), ao mesmo tempo que assim se apresenta
ela mesma como mãe e modelo de pureza para o mundo que esta necessitado desta
virtude.
2-E uma
exaltação as virtudes da pobreza e humildade aceitadas cristãmente, ao escolher
a Bernadete como instrumento de sua mensagem.
3-Um
mensagem importantíssima em Lourdes é a da Cruz.
A Santíssima
Virgem lhe repete que o importante é ser feliz na outra vida, ainda que para
isso seja preciso aceitar a cruz.
4-Importância
da oração, do rosário, da penitência e humildade (beijando o solo como sinal
disso).
Também, um
mensagem de misericórdia infinita para os pecadores e de cuidado dos enfermos.
Alguns
pontos de reflexão sobre os sinais visíveis da primeira aparição:
Neles há uma
grande lição espiritual:
1-Rodeada de
luz:
É o símbolo
da luz da fé, a qual nos abrimos pelo batismo.
A fé é a luz
da vida com a qual devemos brilhar ante o mundo.
Devemos
fazer resplandecer a fé pela santidade de Nossas vidas.
2-A luz era
tranquila e profunda:
Na fé cristã
teremos o repouso para nossa alma.
3-De beleza
incomparável, não há nada igual aqui na terra:
Trabalhar
intensamente por adquirir a verdadeira beleza que é a da alma, a fim de que
Deus possa contemplar nos com agrado.
4-Roupa tão
branca, tão pura, tão delicada que jamais tela alguma pode imitar:
De que
pureza tão perfeita e delicada tinha de estar revestida diante de Deus, nossa
alma; mas o pecado mancha nossa branca roupagem.
5-Pés
desnudos, brilhando sobre cada um de eles uma rosa luminosa:
Os pés
desnudos nos predicam a pobreza evangélica, esta bela e sublime virtude a qual
Jesus tinha prometido o mesmo Reino dos céus.
As rosas
luminosas:
Jesus nos
envia a difundir por todas partes o bom perfume de Cristo, o divino perfume de
Evangelho.
6-As mãos
sempre juntas, com o santo rosário :
Em fervente
oração, orando sempre e sem interrupção.
A oração
nosso alimento constante, a respiração de alma, pois todas as virtudes somente
nascem em uma alma que ora.
Duas
virtudes ressaltavam em Bernadete:
a piedade e
a modéstia.
Para ser
piedoso não é necessário ser sábio.
Ainda quando
se fez religiosa, ela mesma dizia que não sabia como orar e sem dúvida passava
muitas horas em oração.
E sua oração
não era mecânica, mas sim como se falasse a Deus e a Virgem como se fala com
uma pessoa cara a cara.
Era, pois
uma oração de coração, intensa, honesta e eficaz.
Amava a
oração.
Ela sabia
muito bem como rezar o Santo rosário o qual sempre levava em seu bolso.
O tinha em
suas mãos quando lhe apareceu a Virgem.
Seu primeiro
gesto em momentos de qualquer prova ou dificuldade era sempre tomar seu rosário
e começar a recitá-lo.
A pequena
escolhida pela Virgem teria muito que sofrer até o dia de sua morte, tanto
sofrimentos morais como físicos; Mas nunca devemos duvidar que Deus guia a esta
pequena menina e que ela responde com humildade, abandono, fé e coragem.
Bernadete
possuía virtudes que seriam criticadas durante toda seu vida como
"defeitos".
Por este
erro se pôs em dúvida também a autenticidade das aparições.
Esta menina
de somente 14 anos (cumpridos em 7 de janeiro de 1858), teve que ser sabia,
firme, extraordinariamente valente e saber discernir, para poder enfrentar as
pessoas que tratavam de dissuadi-la, entre elas sacerdotes, Bispos, chefes da
polícia, procuradores, etc.
Para ter uma
idéia da fortaleza interior e a capacidade de seu juízo, podemos ver algumas
das frases que disse durante os interrogatórios aos que teve que se submeter.
Depois de
que o Procurador Imperial a fez estar de pé por muito tempo a Bernadete e a sua
mãe, ao fim lhes disse condescendentemente:
- "ali
há cadeiras.
Podem
sentar-se" Bernadete respondeu:
"Não.
Podemos
sujá-las". Em outra ocasião, quando lhe perguntaram sobre o idioma em que
lhe falou a Virgem, Bernadete disse:
-"Ela
me falou em dialeto" -"A Virgem Maria não pode ter falado em
dialeto", lhe responderam, " Deus e a Virgem não falam dialeto".
Ao que ela
respondeu:
"Como
podemos saber se eles não falam nosso dialeto?" · - "Por que pensa
que me falou em Francês? Posso eu falar em Francês?" Na décima segunda
aparição Bernadete aproximou um rosário à Virgem.
Um sacerdote
lhe perguntou depois da aparição:
Agora também
bendizes rosários? Bernadete riu e disse:
"Eu não
uso uma estola, ou sim".
Outro lhe
perguntou:
"Bernadete,
agora que a Virgem tinha prometido que irás ao céu, não necessitas preocupar-te
de cuidar da tua alma".
Bernadete
respondeu:
"mas
padre, eu somente irei ao céu se me portar corretamente" Seus
interrogatórios seriam de várias horas, algumas vezes dias inteiros; e seus
interrogadores tratavam de enganá-la para que contradissesse suas declarações.
Mas ela se
mantinha alerta, em guarda, sabendo que eles não queriam a verdade, mas sim
provar que havia inventado tudo.
Bernadete
teve que se enfrentar freqüentemente com o pároco de Lourdes, Abbé Pee Ramale,
quem tinha fama por seu mau gênio.
Sem dúvida
todas as vezes que nossa santa foi vê-lo, apesar do temor que sentia, nunca se
deixou atrás, mas sim sempre vencia seu natural medo.
Sua vontade
de cumprir com o que a Virgem lhe havia encarregado podia muito mais que o mau
gênio de sacerdote.
E assim
vemos como Bernadete cumpre os desejos da Virgem apesar de grandes obstáculos e
de suas próprias fraquezas.
Ao final, no
último dia das aparições, 25 de março de 1858, a Virgem revela sua identidade
dando a Bernadete a prova que tanto pedia seu pároco para crer.
As palavras
da Virgem, "Eu sou a Imaculada Conceição", foram as que derrubaram de
uma vez por todas o muro da incredulidade no coração do pároco, quem se
converteu desde esse momento em seu maior defensor e apoiou, usando seu mesmo
temperamento contra os que atacavam a menina.
A diferença
de outras aparições, como a Salete, Pointmam, Fátima, Knock, Beuraing, excetuando
a Medalha milagrosa;
Bernadete
era a única vidente.
Não tinha
outros que corroborassem o testemunho e lhe servissem de apoio.
Sua única
fonte de fortaleza era a mesma Virgem Santíssima.
Mas esta era
suficiente para ela.
Chegaria um
tempo onde suas qualidades, sua força interior, sua rapidez ao contestar, todas
usadas para defender as aparições da Virgem, se usariam contra si.
Aqueles que
a apoiavam sabiam entender suas grandes virtudes, mas para os que a criticavam
eram seus grandes defeitos.
A sua
fortaleza interna lhe chamavam arrogância; a sua rapidez em responder lhe
chamavam insolência.
Uma vez no
Convento de São Gildarde, em Nevers, quando foi acusada de ter amor próprio,
ela desenhou um circulo e pôs a marca de dedo no centro do mesmo e disse:
"Quem
não tenha amor próprio ponha seu dedo aqui" (indicando a marca do centro).
As aparições
foram para Bernadete um presente não merecido, um presente que em si mesmo não
a fez santa.
Era um
presente para ela e para o mundo.
Ela, por sua
admirável correspondência a graça, chegou à santidade.
Nós também
podemos.
Temos de ter
claro que Santa Bernadete não foi canonizada por ter visto a Virgem Santíssima,
mas sim por ter subido pela escada da santidade a través de enormes provas e
cruzes.
Para ser
santo não é necessário ter tido grandes experiências místicas.
É suficiente
ter estas duas coisas:
Humildade e
amor.
É na assídua
oração e na vida de virtude que o amor se expressa a si mesmo.
Bernadete
depois das aparições:
A humilde
jovem escolhida para tão grande missão, permaneceu depois das aparições como
era antes, é dizer a Virgem se encargo de conserva-la singela, humilde e
modesta.
Não lhe
gostava do alarde nem da popularidade.
Passava como
uma simples pessoa, exceto por suas virtudes, por sua inocência, seu candor e
retidão em sua edificação.
Fez sua
primeira comunhão no mesmo ano 1858, no dia 3 de junho, dia de Corpus Christi.
Nada
espetacular sucedeu exceto que ela havia piedosamente recebido a Jesus.
Deus seguia
visitando-a, não com brilhantes aparições, mas sim pela prova amarga dos sofrimentos:
da
incompreensão, desprezo, quase sempre estava enferma, suportava dores de toda
classe, recolhida e resignada com paciência.
Sofria de
asma crônica, tuberculose, vômitos de sangue, aneurisma, gastralgia, tumor de
um joelho, caries nos ossos, abscessos nos ouvidos que lhe ocasionaram surdez,
a qual parou até um pouco antes de sua morte.
A Virgem lhe
disse a Bernadete:
"Não te
prometo fazer te feliz neste mundo, mas sim no próximo".
E estas
palavras da Virgem se cumpriram plenamente em nossa santa.
Muito teve
que sofrer durante sua vida até sua morte aos 35 anos.
A saúde de
Bernadete era muito delicada, muitas vezes tinha que estar de cama com febre;
Tinha dias bem críticos com ataques de asma que muitas vezes eram bem
dolorosos.
Muitos
encontravam cura na fonte de Lourdes, mas não Bernadete.
Um dia lhe
perguntaram:
" Não
tomas de água da fonte?.
Estas águas
tem curado a outros, por que não a ti?.
Esta
pergunta insidiosa pode ter se convertido em uma tentação, para que Bernadete
não cresse na aparição, mas ela não se abateu.
Ela
respondeu:
"A
Virgem Santíssima deseja que eu sofra.
Eu
necessito" Porque tu mais que outros ? -"O bom Deus somente o sabe".
Regressa
algumas vezes a gruta? - "quando o Pároco me permite".
Porque não
te permite todo o tempo ? -"Porque todos me seguiram".
Antes havias
ido ainda quando foi proibido - "isso foi porque fui pressionada.
" A
Virgem Santíssima te disse que serias feliz no outro mundo, assim que estas
segura de ir ao céu.
- "Oh!
não, isso será somente se fizer o bem ".
E não te
disse ela que fazer para ir ao céu ? -"nós o sabemos muito bem; não é
necessário que eu diga".
Bernadete
não podia receber em sua casa o cuidado que ela necessitava para sua frágil
saúde e o grande número de visitantes curiosos lhe causavam fatiga.
Vendo esta
necessidade, Abbé Pee Ramale pediu a Superiora do hospital de Lourdes que
acolhesse a menina.
Disse-lhe:
"É com
vocês que a menina deve estar.
Vocês podem
dar-lhe o cuidado que ela necessita em todos os aspectos".
No ano 1860,
as irmãs da Caridade de Nevers, que serviam o hospital e a escola, lhe
ofereceram um asilo titular.
Desde aquele
dia permaneceu sob seu teto, com sua saúde delicada, mas com seu consignação de
sempre:
Não chamar a
atenção de nada.
Ainda quando
seus pais haviam se mudado e viviam em um moinho, lhe deram permissão sem
dificuldades de permanecer com as irmãs.
Ssua mãe
chorou por sua partida, mas sabia que era pelo bem estar da menina.
No hospital
Bernadete foi indicada sob o cuidado da irmã Elizabeth, quem lhe devia ensinar
a ler e escrever melhor.
Bernadete
tinha 16 anos, era julho de 1860.
A superiora
lhe disse a irmã Elizabeth:
"dizem
que ela não é muito inteligente, olha se é possível fazer algo com ela".
A irmã
Elizabeth ao entrar em contato com Bernadete diria:
"Encontro
nela uma inteligência muito viva, um candor perfeito e um coração puro".
Ela diria a
madre superiora:
"Minha
querida mãe, estas enganada.
Bernadete é
muito inteligente e assimila muito bem a doutrina ensinada.
" Sem
ser brilhante, Bernadete adquiri grande quantidade de conhecimento elementar.
Em seu tempo
no hospital, parecia uma menina de sua idade.
Era reta,
sincera, piedosa, mas travessa, muito vivaz, a quem lhe encantava rir, jogar e
brincar.
Muitas vezes
a ponham para cuidar meninos mais pequenos, como era o costume nas escolas
elementares e Bernadete se mostrava tão jovem e brincalhona como a mais pequena
menina.
Um dos
meninos diria mais tarde:
"Bernadete
era tão simples.
Quando lhe
pediam que nos cuidasse, o fazia de uma maneira tal, que parecia outra menina
jogando conosco, que não nos fazia pensar tanto em sua visão milagrosa.
Criados com
este pensamento de que nossa companheira havia visto a Virgem, o considerava
tão natural como um menino de hoje dia que tinha visto ao presidente da
república" Bernadete era completamente natural em seu comportamento
diário, sem dúvida era muito séria no tocante a sua vida Cristã.
Ao crescer,
Bernadete teve como toda jovem, seus momentos de vaidade, querendo estar bonita
e vestir-se bem.
Mas todas
estas vaidades passaram por ela rapidamente e sem desejar nenhum rastro em seu
coração.
Dizia a Irmã
Vitorina:
"A
febre passou rapidamente e não danificou sua profunda piedade ".
A comunidade
contava com as orações de Bernadete.
Um dia uma
religiosa, a mãe Alexandrina, sofreu uma torcedura e o médico lhe mandou ter
repouso.
Mas ela era
muito ativa e pediu a Bernadete que pedisse a Virgem que a curasse.
Bernadete
imediatamente foi a rezar ante a estatua da Virgem na capela.
Orou com
todo seu coração.
Que
aconteceu?.
No outro dia
o médico encontrou a madre Alexandrina ocupada em seu trabalho, como se nada
tivesse ocorrido.
A Virgem
Santíssima lhe deu uma graça especial ao chamá-la a vida religiosa.
Parece que
nunca Bernadete considerou a sério o matrimônio.
Aos 19 ou 20
anos, a vocação de ser religiosa se apresentou claramente.
Havia
considerado vagamente ser carmelita, mas não foi difícil fazer lhe compreender
que sua saúde era muito delicada para enfrentar os rigores do Carmelo.
Foi o Bispo
de Nevers, que tinha em sua diocese a Casa mãe das irmãs da Caridade do
hospital e a escola de Lourdes, quem contribuiu definitivamente em sua
orientação.
Lhe
perguntou qual eram seus intenções para o futuro e ela lhe respondeu:
"Senhor
Bispo, todo o que peço é estar me nesta casa como uma serva" ·mas filha
minha, não tem pensado em chegar a ser uma religiosa como as irmãs as que tão
apegada estás?.
"Oh!,
Senhor Bispo, nunca acreditei que isto pudesse ser para uma ignorante e pobre
menina como ela.
Você sabe
bem que sou pobre e não teria o dote necessário".
Não é a
pobreza o que deve deter-te.
Pode-se
fazer uma exceção a regra e receber a uma jovem sem dote, se ela tem sinais
claros de vocação ".
"
Senhor Bispo, suas palavras me tem tocado profundamente, lhe prometo que
pensarei nelas ".
Bernadete
compreendia que uma decisão como esta não se faz sem consideração e reflexão.
O Bispo
estava muito compadecido com sua prudência e lhe recomendou que fizesse sua
decisão com completa liberdade e sem apressamento.
Em Agosto de
1864, Bernadete disse a mãe Superiora do hospital:
Madre minha,
tenho orado muito para saber se estou chamada à vida religiosa.
Creio que a
resposta é "sim".
Eu quero
entrar em sua congregação se for aceita.
Permitam
pedir que escreva ao Bispo ".
Em resposta
a superiora abraçou a Bernadete e sua lágrima de alegria foi sua afetuosa
resposta. Havia feito sua escolha, mas ataques de enfermidade e a necessidade
de tratar com vários remédios retardaram por em prática de sua promessa.
Em 1866
escreveu:
"Estou
mais certa que nunca a deixar o mundo.
Agora tenho
decidido definitivamente ".
Por fim
chegou o grande dia a começos de Julho de 1866, tinha 22 anos de idade.
Por última
vez foi a amada gruta onde sua despedida foi de todo coração.
" Vê a
gruta?, era meu céu na terra ".
No dia
seguinte se despediu de sua família e em Julio 4 1866, Bernadete deixou seu
povo natal para nunca mais voltar.
Antes de
partir improvisa uma oração tomando como pauta o Magnificat:
Ação de
graças pela pobreza de sua escrava.
Dirige-se
diretamente a Maria:
"Se,
mãe querida, vós tem vindo até a terra para aparecer a uma débil menina.
Vós, Rainha
do Céu e da Terra, tem querido servir-Vos do que havia de mais humilde segundo
o mundo".
A Religiosa,
a Santa:
Vai começar
seu noviciado.
Chegaram ao
convento das irmãs da Caridade de Nevers, em 7 de julho de 1866 a noite.
No domingo
Bernadete teve um ataque de nostalgia que lhe levou a estar chorando todo o
dia.
A animavam
dizendo-lhe que este era um bom sinal de que sua vida religiosa devia começar
com sacrifício.
"Bernadete
é em realidade tudo o que dela temos ouvido, humilde em seu triunfo
sobrenatural; simples e modesta a pesar de que tudo se tinha unido para elevar
lhe.
Ela ri
docemente feliz ainda que a enfermidade a está consumindo.
Este é o
selo da santidade, sofrimento unido a alegria celestial.
Irmã Maria
Bernarda:
Nem a
superiora,nem a irmã Josefina Imbert, nem a mestra de noviças madre Maria
Teresa Vausou, entendiam o tesouro que se lhes havia sido confiado.
Admitiam que
a Virgem lhe apareceu, mas a viam tão "ordinária", que tinham
dificuldade em ver santidade nela.
Sua idéia de
santidade aparentemente era diferente a da Igreja.
No processo
diocesano de Beatificação, o Reverendo P.
Peach,
professor de teologia dogmática no seminário de Moulins, disse a seus
estudantes:
"O
testemunho chegou a isto, que Bernadete era muito ordinária.
Mas quando
se pergunta se ela era fiel às regras, se tinha que ser corrigida por
desobediência ou em referencia a pobreza e castidade, todas se apressavam a
disser:
"Oh!
não, nada disso".
Por que suas
superioras a julgavam tão mal?; Somente se pode encontrar resposta em que era
parte da Providencia Divina para a santificação de Bernadete.
De maneira
particular a mestra de noviças, mãe Maria Teresa Vauzou, foi quem causou muitos
sofrimentos espirituais a Bernadete durante os 13 anos que viveu no convento.
A madre
Maria, quem era estimada por seu olho agudo e sua penetração psicológica, nunca
foi capaz de ler nesta alma límpida sua intima união com Deus, nem tampouco seu
total abandono aos desejos de sua divina vontade, a qual formava sua vida
interior.
Bernadete,
sem ter estudado sobre as formas de oração, passava horas nela, recitando seu
rosário com grande fervor.
Vivia em
união perpetua com a Virgem Santíssima e através dela com Jesus Cristo.
"Bernadete
estava totalmente perdida em Deus.
Ao receber o
hábito de postulante, recebeu seu nome de religiosa o qual seria seu mesmo nome
batismal, Sor Maria Bernarda.
Profissão
Antecipada:
Três semanas
depois de ter recebido o hábito, Bernadete ficou gravemente enferma com um novo
ataque de tuberculose e teve que ser posta na enfermaria.
Esta crise
de sufocação asmática foi tão seria que o médico pensava que sua morte era
iminente.
A mãe
Superiora chamou o Bispo e este lhe administrou o Sacramento de Extrema Unção,
mas ela não pude receber o viático porque constantemente estava vomitando
sangue.
Pensando que
Bernadete estava a ponto de morrer, a madre Superiora quis dar-lhe a alegria de
pronunciar seus votos.
Falou com o
Bispo, e a comunidade deu sua aprovação unânime.
Sabendo o
que iam fazer, Bernadete respondeu com um sorriso de agradecimento.
Foi o Bispo
quem presidiu a cerimônia.
Bernadete
deu seu consentimento por meio de sinais pois não podia falar.
Então lhe
foi dado o véu de professa.
Pensava-se
que estava a ponto de morrer, mas Bernadete sempre colocava sua saúde nas mãos
da Virgem.
A nova
religiosa dormiu e despertou a manhã seguinte em um estado de felicidade que
ela declarou a sua Superiora:
"Minha
Reverenda madre, você me fez fazer a profissão religiosa porque pensava que eu
ia morrer.
Bom, olhe
não vou morrer ".
A madre
Superiora então lhe respondeu:
"Tonta,
tu sabias que não ias morrer e não nos disseste.
Neste caso,
se não morrer amanhã de manhã, te tirarei o véu".
E a irmã
Maria Bernarda, com admirável submissão heróica, lhe respondeu simplesmente:
"Como
você deseje, reverenda madre ".
E a pesar da
dor que isto lhe causava, aceitou este cálice que o Senhor lhe enviava.
Sua mãe morreu
em 8 de dezembro de 1866, tinha 45 anos e esta foi uma das maiores tristezas
que experimentou.
Em meio de
sua dor disse ao Senhor:
" Meu
Deus, vós o tem querido! Eu aceito o cálice que me dás.
Que vosso
nome seja bendito".
Durante seu
noviciado, Bernadete foi tratada mais severamente e talvés mais cruelmente que
as outras noviças.
Suas
companheiras diziam:
"Não é
bom ser Bernadete".
Mas ela
aceitava tudo e via nisso a mão de Deus.
Bernadete
professou em 30 de outubro de 1867 com o nome de Sor Maria Bernarda, tinha 23
anos.
Sem dúvida,
a felicidade desse momento foi tomada por uma rude humilhação.
Quando
chegou o momento de distribuir as novas professas os trabalhos, a mãe Superiora
respondeu a pergunta do Bispo:
" e a
irmã Maria Bernarda?, "Oh! Senhor Bispo, não sabemos o que fazer.
Ela não é
boa para nada".
E
prosseguiu:
"Se
deseja, Senhor Bispo, podemos tratar de usa-la ajudando na enfermaria".
Ao qual o
Bispo consentiu.
A irmã Maria
Bernarda recebeu a dor desta humilhação em seu coração, mas não protestou, nem
chorou, simplesmente aceitou o cálice.
Outro cálice
que pronto tomaria foi a morte de seu pai em 1871, 6 anos depois que sua mãe.
Depois da
morte de seu pai, a quem não havia visto mais desde que deixou Lourdes, mas
sabia que havia morrido na fé.
Uma irmã a
encontrou chorando aos pés da estatua da Virgem e quando a irmã a ia a consolar
ela lhe disse:
"Minha
irmã, sempre tive uma grande devoção à agonia de nosso Salvador.
No Sábado a
tarde rezei a Jesus em agonia por todos aqueles que iam morrer nesse momento, e
foi precisamente no mesmo momento em que meu pai entrou na eternidade.
Que alegria
para mim que talvés o tenha ajudado ".
Muitas
tribulações teve que passar; humilhações, grandes e pequenas se acumulavam
sobre ela e ela dizia:
"Quando
a emoção é demasiado forte, recordo as palavras de nosso Senhor, "Sou eu,
não tenham medo".
As rixas e
humilhações de minhas Superioras e companheiras imediatamente agradeço a nosso
Senhor por esta grande graça.
É o amor
deste bom Mestre fará desaparecer a árvore de orgulho em suas más raízes.
Enquanto
mais pequena me faço, mais cresço no coração de Jesus.
Bernadete
ganhou um grande presente ao começo de 1874.
Havia sido
assistente de enfermaria, um trabalho que amava muito, mas suas forças se
diminuíam.
Depois de um
ataque de bronquite no outono de 1873, pelo qual teve que ir ao hospital, se
determinou que estava muito frágil para ajudar na enfermaria e lhe deram o
trabalho de menos esforço físico no Convento, o qual era ao mesmo tempo o mais
importante, e o qual ela amou muito mais que o de ajudante de enfermaria; A
fizeram assistente de sacristão.
Sua nova
posição lhe dava a oportunidade de passar muito tempo na capela, perto do
Santíssimo Sacramento.
Estava quase
sem supervisão, o que lhe permitia falar ao Senhor no Tabernáculo, sem que
ninguém pensasse que ela era estranha.
Manejava
todos os artigos sagrados com grande reverência.
O corporal,
os purificadores e os objetos sagrados, os tratava consciente que Jesus
Encarnado os havia tocado durante o Sacrifício da Eucaristia.
Por isso não
permitia que nada lhe atrapalhasse neste ministério.
Mas este
presente não durou por muito tempo e a sua saúde constantemente piorava.
A partir de
1877 não é mais que uma inválida.
Lhe
providenciaram mais cuidado e ela obedece todas as prescrições.
Pronunciou
seus votos perpétuos a 22 de setembro de 1878, em um tempo em que se sentia
melhor.
Mas não
durou muito.
Ao seguinte
11 de dezembro, retornou a enfermaria, para nunca mais sair.
Seus últimos
meses foram muito difíceis, fazendo-lhe passar pela noite escura de alma.
Perdeu a
confiança, a paz de coração e a certeza de céu.
Foi tentada
ao desanimo e desespero.
Pensava que
era indigna da salvação.
Este foi seu
cálice mais amargo e seu sofrimento maior.
Também
sofria muito fisicamente.
A cama lhe
causou ter as costas repleta de chagas.
Sua perna tuberculosa
se revelou.
Desenvolveu
abscessos nos ouvidos, que a fizeram praticamente surda por um tempo.
Se não
tivessem sido tão evidentes seus sintomas, nada se teria mostrado que estava
enferma.
Sua atitude
tão serena e alegre não manifestava o profundo sofrimento que padecia.
Não perdeu
sua fortaleza e sua aceitação.
Uma irmã lhe
disse que ia a orar para que o Senhor lhe mandasse a cura, mas ela lhe
respondeu:
"Não,
não, não cura, somente fortaleza e paciência".
Bernadete
padeceu sua paixão durante a Semana Santa de 1879.
No dia 16 de
Abril de 1879 rogou as religiosas que a assistiam que rezaram o rosário,
seguindo ela com grande fervor.
Ao acabar um
Ave Maria, sorriu como se encontrasse de novo com a Virgem da Gruta e morreu.
Eram 3:15 da
tarde.
Suas últimas
palavras foram a conclusão de Ave Maria:
"Santa
Maria, mãe de Deus, rogai por mim pobre pecadora.
Seu corpo
foi posto na pequena capela Gótica, situada no centro de jardim de Convento a
qual estava dedicada a São José.
Foi nesta
capela que, depois de 30 anos, em setembro 22, 1909, reconheceram o corpo, em
vista ao processo de Beatificação diocesano.
O corpo foi
achado em perfeito estado de preservação.
Sua pele
dura, mas intacta, manteve sua cor.
Houve um
segundo reconhecimento em Abril 18, 1925, pouco antes de sua Beatificação o 12
de Junho de 1925.
Bernadete
foi Canonizada a 8 de dezembro de 1933.
E celebramos
sua festa no dia em que parte a casa do Pai, a 16 de Abril.
Lourdes
tinha se convertido no santuário Mariano mais visitado de Europa e o segundo no
mundo, depois de santuário da Virgem de Guadalupe em México.
Infinidade
de enfermos tem sido curados nas águas milagrosas de Lourdes, mas o maior
milagre continua sendo as muitas conversões de coração.
Santa
Bernadete, todavia se pode observar incorrupta em sua capela em Nevers, dentro
de um féretro de cristal onde parece estar dormindo.
Sua doçura e
paz ainda tocam os corações.
Santa Bernadete, rogai por nós!.
FONTE: SITE
ORAÇÕES CATÓLICAS