quarta-feira, 23 de abril de 2014

Salve São Jorge da Capadócia, Mártir da Fé.


REPRODUÇÃO
O Império Romano começava a dar sinais da sua decadência que o levaria a sua ruína completa em 476 Anno Domini. No período do Império de Diocleciano, no ano 284, este promulgou seu Edito, onde determinava que todos do Império deveriam honrar aos deuses romanos, e que os cristãos seriam tratados como foras da lei caso não se curvassem aos deuses pátrios. Foi nessa época que apareceu, Jorge da Capadócia. As origens deste mártir tão enobrecido pelo hagiológio da Igreja são algo confusas. O Breviário romano não contém a biografia do santo, uma vez que o Papa Gelásio (492 a 496) proibiu que se lessem suas atas por considerá-las apócrifas e imbuídas de erros. Sabe-se que, nascido de uma família abastada na Capadócia, por volta de 280, recebera da parte paterna uma herança de grande fortuna, Jorge educou-se nos princípios da tradição militar romana, na qual foi distinguido com notável posição junto a Diocleciano. Entretanto, estes tempos de decadência eram evidentes, e nas catacumbas, perseguidos e alientados pelo fulgor da fé, os cristãos fortaleciam-se e multiplicavam-se. Jorge, um espírito ardente e justo, tornava-se também um cristão.

Neste tempo sua mãe faleceu e ele, tomando grande parte nas riquezas que lhe ficaram, foi-se para a corte do Imperador. Jorge que assistia tanta crueldade contra os cristãos, parecendo-lhe ser aquele tempo conveniente para alcançar a verdadeira salvação, distribuiu com diligência toda a riqueza que tinha aos pobres.


Nesta época, o Imperador romano era Diocleciano. Filho de um escravo liberto, e sendo analfabeto, Diocleciano seguiu carreira militar, e foi notável General onde comandou bem suas legiões, e posteriormente, se tornou Cônsul. Vindo da planície de Calcedônia, chegou a Roma por volta do ano 283 d.C, juntamente com um jovem oficial de sua corte que era seu genro, que outrora, tinha sido um pastor de ovelhas da Dácia: Galério. Diocleciano, grande devoto de Júpiter, se detivera diante da estátua de Hércules, de buril grego, entre as estátuas de Flora e o do Touro, e fez as primeiras oferendas.

Inicialmente dividiu o império em dois em 285 D.C, do Ocidente e do Oriente, com dois augustos e dois césares, com seu homem de confiança, Maximiano, a quem entregou a metade ocidental do império, enquanto ficava com a parte oriental. Em seguida, repartiu mais ainda o poder num sistema chamado tetrarquia (governo de quatro), implantado para acabar com as agitações nas sucessões imperiais em 293, porém com indiscutível predomínio de sua autoridade e uma progressiva centralização de poder.

O governo do Ocidente ficou, assim, dividido entre Maximiano, a quem coube a Itália e a África, e Constâncio Cloro, que recebeu a Bretanha, a Gália e a Espanha. Enquanto no Oriente, a maior parte, inclusive o Egito, ficava com o próprio Diocleciano, e as regiões do Danúbio e da Ilíria eram confiadas a Galério, seu genro. No campo executivo limitou os poderes do Senado, fortaleceu e ampliou o exército imperial e promoveu reformas tributárias e legislativas. No campo judiciário, determinou que se realizassem duas compilações de leis imperiais, os códigos gregorianos e hermogeniano. No campo religioso, tornou obrigatório o culto a Júpiter, com quem se identificou, e ordenou uma violenta perseguição aos cristãos em 303, que se estenderia por mais de dez anos, na Itália, África e no Oriente.
Foi neste mar de acontecimentos que viveu São Jorge da Capadócia.




O EDITO DE DIOCLECIANO promulgou uma séria determinação deste de manter a tradição politeísta do Estado, pois segundo ele, se quisesse continuar mantendo o domínio do mundo, precisava adorar não somente os seus deuses, mas até os deuses dos povos conquistados. Entretanto, mesmo entre as próprias legiões do Império, havia Oficiais cristãos. E Diocleciano sabia disso, mas ele os precisava, pois entre eles, haviam Sebastianus de Narbone (São Sebastião) e Jorge da Capadócia, militares e cristãos com qualidades impecáveis em seus cargos. O primeiro, era seu Tribuno e comandante da Guarda Pretoriana, e o segundo, seu cônsul imperial.

Entretanto, Diocleciano, embora bom administrador, e embora também não fosse homem de cultura e nem soubesse ler, começou a ser pressionado, sobretudo pelo genro, o sanguinário Galério. Este, ambicioso e invejoso, sabendo que muitos dos componentes do Exército Imperial eram cristãos, resolveu jogar Diocleciano contra estes mesmos que, além de oferecer lealdade a Cristo em sua fé, também ofereceram sua lealdade e sua espada a César por uma questão de política e segurança para a manutenção e ordem no Império.



Os assessores de Diocleciano, para atingir seus fins palacianos, resolveram impor o “Dízimo” entre os legionários. Este consistia nos generais de suas tropas, quando havia casos considerados de indisciplina no Exército, de sortear de cada grupo de dez, um para morrer. Acreditava-se que, assim, este pavor fazia restabelecer a disciplina e a firmeza das tropas.

Enquanto Galério urdia o ataque contra os cristãos, nas catacumbas, São Jorge revia seus amigos de fé, e colaborava com eles, para lhes dar as novas dos acontecimentos ruins do Império, que ja decretava a perseguição contra os cristãos.

Acorrendo ao Palácio Imperial a fim de ouvir a nova política de Diocleciano, centenas de altos dignatários do Império encheram a sala do Conselho. Receoso de aplicar as medidas que pretendia, sem antes ouvir os chefes de províncias e prefeituras, Diocleciano resolver assegurar-se da realidade, não fazendo apenas o que lhe sugeria César Galério, seu genro. Entre estas medidas, estavam a destruição das igrejas dos cristãos, a apreensão e queima de seus livros, prisão e morte para seus ministros, e obrigação para os cristãos de renegarem sua fé e de adoração aos deuses do Império. Entretanto, na Assembléia, uma voz se fez presente contra todas estas medidas: a de Jorge.

"Oh! Imperador e nobres senadores, acostumados a fazer boas leis, que desatino é este tão grande, que não cessais de acrescentar vossa ira contra os cristãos, que tem a certa e verdadeira lei, para que a deixem e sigam a seita que vós mesmos não sabeis se é verdadeira, porque os ídolos que adorais, afirmo que não são deuses, havendo sido homens perdidos. Não vos enganeis: sabeis que Cristo só é Deus e Senhor na glória de Deus Padre, e por ele foram feitas todas as coisas, e pelo seu Espírito Santo todas as coisas são regidas e conservadas. Pois esta é a verdade ele não queirais perturbar os que a professam."

Todos ficaram atônitos ao ouvirem estas palavras de um membro da suprema corte romana, defendendo com grande ousadia a fé em Jesus Cristo. Indagado por um cônsul sobre a origem desta ousadia, Jorge prontamente respondeu-lhe que era por causa da VERDADE. O tal cônsul, não satisfeito, quis saber: "O QUE É A VERDADE ?". Jorge respondeu: "A verdade é meu Senhor Jesus Cristo, a quem vós perseguis, e eu sou servo de meu redentor Jesus Cristo, e nele confiado me pus no meio de vós para dar testemunho da verdade."



Ouvindo isto Diocleciano, cheio de ira mandou aos soldados que o deitassem fora da Assembléia com lançadas, e o metessem no cárcere. Fizeram logo os soldados o que lhes fora mandado, mas, a ponta da lança com que lhe tocou no corpo um soldado, dobrou como se fora de chumbo, e Jorge não cessava de dizer divinos louvores. Sendo ele posto no cárcere, estenderam-no em terra e puseram-lhe grilhões nos pés e sobre o seu peito uma grande pedra. Tudo isso lhes mandou o tirano fazer; mas sofrendo o tormento com muita paciência, não cessou até o dia seguinte de dar graças a Deus.

Sendo manhã, o imperador mandou-o vir perante si, e estando Jorge muito atormentado com o peso da pedra, disse-lhe o imperador: ."Tornaste já sobre ti, Jorge?". Respondeu o jovem: "Por tão fraco me tens imperador, que cuidas que um tormento de meninos e tão pequeno, havia de me afastar de Cristo e negar a verdade, primeiro cansarás tu em me atormentar, do que eu sendo atormentado". Disse Diocleciano: "Eu te darei tantos tormentos que te acabarão a vida". Mandou logo trazer uma roda grande e cheia de navalhas e meter o jovem nela para ser despedaçado. Estava esta roda pendurada, e por baixo tinha umas tábuas nas quais estavam pregadas muitas pontas agudas como canivetes de sapateiro. Puseram-no entre as tábuas e a roda, atado com loros e cordas, tão apertado que dentro da carne se escondiam as cordas; e voltando a roda, todo o corpo lhe ficava cruelmente ferido. Este espantoso gênero de tormento sofreu Jorge com grande ânimo; e fazia oração ao Senhor, e depois ficou como adormecido por um bom espaço de tempo.

Vendo isto, Diocleciano, e cuidando que já estava morto, ficou alegre e começou a louvar os seus deuses, e dizia: "Onde está o teu Deus, Jorge? Por que não te livrou deste tormento?" Mandou então tirá-lo do tormento. e partiu para ir sacrificar a Apolo; mas logo apareceu uma nuvem no ar, e viu um grande trovão, e soou uma voz que muitos ouviram, a qual disse: "Não temas, Jorge, porque estou contigo". Daí a pouco viu-se grande serenidade, e foi visto um homem vestido de branco estar em cima da roda, muito resplandecente no rosto, e deu a mão ao Santo Mártir, e abraçando-o mandou desatá-lo; e logo desapareceu aquele varão de tanta claridade e ficou Jorge solto, livre e são, dando graças a Deus.



Ainda como narra a LENDA ÁUREA, disse Diocleciano: "Agora veremos Jorge, se diante dos nossos olhos fazes milagres". Mandou então o tirano trazer umas chinelas de ferro ardente, e mandou-lhas meter nos pés, e desta maneira, o fez levar ao cárcere. e indo açoitando e zombando dele, diziam: "Oh! Como Jorge corre, ligeiramente", mas o mártir sendo tão cruelmente levado e açoitado, ia muito alegre dizendo a si mesmo: "Corre Jorge, para que alcances o prêmio". Depois orando, dizia: "Senhor, olhai o meu trabalho e ouvi os gemidos de vosso preso, porque os meus inimigos se multiplicaram e me tiveram grande ódio pelo vosso nome; mas vós Senhor, me sarai, porque todos os meus ossos estão atormentados, e dai-me paciência até o fim, para que não diga o meu inimigo: "Prevaleci contra ele". "Desta maneira passou Jorge até chegar ao cárcere, indo muito atormentado das chagas que lhe fizeram nos pés os pregos ardentes que as chinelas de ferro tinham para cima. Passando o Santo todo aquele dia e noite em dar graças a Deus, no dia seguinte foi levado diante do imperador, o qual estava sentado junto ao teatro público, estando presente todo o senado.

Vendo o imperador Jorge andar tão bem e sem sacrifícios como se não recebera algum mal, disse-lhe. "Jorge, as chinelas foram para ti refrigério?". Respondeu "Jorge: "Sim, foram". Disse o imperador: "Deixa já a tua ousadia e arte mágica, vem para nós e oferece sacrifício aos deuses, pois de outra maneira serás atormentado com diversos tormentos". Respondeu Jorge: "Quão ignorante te mostras, pois chamas feitiços ao poder do meu Deus e por outra parte dás honras, aos enganos dos diabos que adoras".

Os soldados que o guardavam ficaram fora de si, espantados de tal visão, e deram logo novas do que se passava ao imperador que se achava no templo. Vendo o imperador a Jorge, dizia que não podia ser aquele o mesmo Jorge, mas outro que se parecesse com ele.

A partir desse gesto, afirmou publicamente sua fé em Jesus Cristo, dizendo a quem quisesse ouvir que era seu servo e que a ele servia em nome da verdade. Fiel ao cristianismo, foi torturado e forçado a negar sua fé. Quanto mais torturado era, mais reafirmava sua crença, chamando a atenção de muitos romanos, inclusive da mulher do Imperador que se converteu ao cristianismo.



Diz-se que a filha de Diocleciano, Prisca, e sua esposa, Valéria, se converteram a fé cristã. Prisca era casada com Galério, o instigador de Diocleciano, cujo este nada fazia sem os seus conselhos, e partiu desse os conselhos de “dizimar” o Exército Imperial. Foram uma das grandes “burrices” que Diocleciano iria lamentar.

Após suplícios terríveis, o Paladino da Capadócia foi levado a sua cela. Nem mesmo lá ele teve paz. Galério, que tinha Diocleciano em suas mãos, e chegou a tentar subornar Jorge, as vésperas de seu martírio. Certa noite o visitou em sua cela , e ofereceu posição de prestígio caso ele o ajudasse a derrubar seu sogro, Diocleciano, do Poder. De caráter íntegro e nobre, não se deixou levar por tão descarada proposta, ao que prontamente respondeu: “Se não visas uma traição minha, podeis-ir, Galério. Melhor seria se não viesses para tornar penosa tua presença, em minha última hora” – respondeu o santo militar.


Finalmente, Diocleciano, não tendo êxito em seu plano macabro, mandou degolar o jovem e fiel servo de Jesus ( e também do próprio Império Romano que não soube reconhecer) no dia 23 de abril de 303. Sua sepultura está na Lídia, Cidade de São Jorge, perto de Jerusalém, na Palestina.


Do oriente, o culto a São Jorge passou a Grécia, onde é conhecido como “Tropeóforos”, isto é, vitorioso. Através dos países balcânicos, o seu culto chegou aos povos latinos, e já por essa época, numerosas igrejas já existiam, levantadas em sua honra, no Oriente.

Os maometanos falam de São Jorge como “o florescente e vigoroso”. O mártir que foi arrastado por uma parelha de cavalos selvagens pelas ruas de Roma, esta associada à lenda popular muçulmana como “O Cavaleiro Santo e o Santo dos Cavaleiros.

A tradição dos primeiros tempos obstinou-se em nos legar São Jorge de forma épica, montado em um fogoso cavalo de guerra, e de lança em riste, no ataque ao mitológico dragão. O simbolismo é claro. O dragão representa o espírito das trevas, que o Santo Mártir da Capadócia tão bem soube combater. A lenda de São Jorge matando o dragão não encontra sustentação nas primeiras atas do santo, levando a crer que foi um acréscimo proposto durante a Idade Média. Contudo, fica a simbologia, e temos também nossos próprios dragões para combater. Por isso, diga-nos: “Salve, Santo Guerreiro, interceda por todos nós, e nos ajude a livrar-nos de todas as forças obsessoras do mal, e que sejamos, como ti, vitoriosas, em nosso combate do dia a dia. Vencer e vencer”.


LENDAS:

Um horrível dragão saía de vez em quando das profundezas de um lago e se atirava contra os muros da cidade trazendo-lhe a morte com seu mortífero hálito. Para ter afastado tamanho flagelo, as populações do lugar lhe ofereciam jovens vítimas, pegas por sorteio. um dia coube a filha do Rei ser oferecida em comida ao monstro. O Monarca, que nada pôde fazer para evitar esse horrível destino da tenra filhinha, acompanhou-a com lágrimas até às margens do lago. A princesa parecia irremediavelmente destinada a um fim atroz, quando de repente apareceu um corajoso cavaleiro vindo da Capadócia. Era São Jorge.
O valente Guerreiro desembainhou a espada e, em pouco tempo reduziu o terrível dragão num manso cordeirinho, que a jovem levou preso numa corrente, até dentro dos muros da cidade, entre a admiração de todos os habitantes que se fechavam em casa, cheios de pavor. O misterioso cavaleiro lhes assegurou, gritando-lhes que tinha vindo, em nome de Cristo, para vencer o dragão. Eles deviam converter-se e ser batizados.

Datas Marcantes No século XII, a arte, literatura e religiosa popular representam São Jorge, como soldado das cruzadas com manto e armadura com cruz vermelha, nobre um cavalo branco, com lança em punho, vencendo um dragão. São Jorge é o cavaleiro da cruz que derrota o dragão do mal, da dominação e exclusão.

Desde o século VI, havia peregrinações ao túmulo de São Jorge em Lídia. Esse santuário foi destruído e reconstruído várias vezes durante a história.

Santo Estevão, rei da Hungria, reconstruiu esse santuário no século XI. Foram dedicadas numerosas igrejas a São Jorge na Grécia e na Síria.

A devoção a São Jorge chegou à Sicília na Itália no século VI. No séc. VII o siciliano Papa Leão II construiu em Roma uma igreja para S. Sebastião e S. Jorge. No séc. VIII, o Papa Zacarias transferiu para essa igreja de Roma a cabeça de S. Jorge.

A devoção a São Jorge chegou  também a Inglaterra no século VIII. No ano de 1101, o exército inglês acampou na Lídia antes de atacar Jerusalém. A Inglaterra tornou-se o país que mais se distinguiu no culto ao mártir São Jorge.

Em 1340, o rei inglês Eduardo III instituiu a Ordem dos cavaleiros de São Jorge.
Foi o Papa Bento XIV (1740-1758) que fez São Jorge, padroeiro da Inglaterra até hoje. Em 1420, o rei húngaro, Frederico III (1534) evoca-o para lutar contra os turcos.

As Cruzadas Medievais tornaram popular no ocidente a devoção a São Jorge, como guerreiro, padroeiro dos cavaleiros da cruz e das ordens de cavalaria, para libertar todo país dominado e para converter o povo no cristianismo.

Seu dia foi colocado no Calendário particular da Igreja, isto é, celebrados nos lugares de sua devoção.





Oração a São Jorge

Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam, e nem em pensamentos eles possam me fazer mal.Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar, cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar. Jesus Cristo, me proteja e me defenda com o poder de sua santa e divina graça, Virgem de Nazaré, me cubra com o seu manto sagrado e divino, protegendo-me em todas as minhas dores e aflições, e Deus, com sua divina misericórdia e grande poder, seja meu defensor contra as maldades e perseguições dos meu inimigos. Glorioso São Jorge, em nome de Deus, estenda-me o seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza, e que debaixo das patas de seu fiel ginete meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós. Assim seja com o poder de Deus, de Jesus e da falange do Divino Espírito Santo. São Jorge Rogai por Nós.

Oração a São Jorge II

São Jorge,cavaleiro corajoso, intrépido e vencedor; abre os meus caminhos, ajuda-me a conseguir um bom emprego; faze com que eu seja bem quisto por todos superiores, colegas, e subordinados; que a paz, o amor e a harmonia estejam sempre presentes no meu coração, no meu lar e no meu serviço; meus inimigos terão os olhos e não me verão, terão boca e não me falarão, terão pés e não me alcançarão, terão mãos e não e não me ofenderão. São Jorge vela por mim e pelos meus, protegendo-me com suas armas. O meu corpo não será preso nem ferido, nem meu sangue derramado; andarei tão livre como andou Jesus Cristo nove meses no ventre da Virgem Maria. Amém.

Oração a São Jorge III

Ó Deus onipotente, Que nos protegeis Pelos méritos e as bênçãos De São Jorge. Fazei que este grande mártir, Com sua couraça, Sua espada, E seu escudo, Que representam a fé, A esperança, E a inteligência, Ilumine os nossos caminhos... Fortaleça o nosso ânimo... Nas lutas da vida. Dê firmeza À nossa vontade, Contra as tramas do maligno, Para que, Vencendo na terra, Como São Jorge venceu, Possamos triunfar no céu Convosco, E participar Das eternas alegrias. Amém!

terça-feira, 1 de abril de 2014

José de Anchieta, patrimônio do povo brasileiro


José de Anchieta: dedicação ao projeto do Pai.

Por Padre Geovane Saraiva*

Na dinâmica do Reino de Deus, cujos alicerces Jesus estabeleceu há 2 mil anos, constatamos ainda hoje um mundo profundamente conturbado, marcado por sinais de morte e violência de toda natureza. É a partir do projeto inexprimível e indizível de Deus Pai, que gostaria de apresentar aos queridos leitores uma figura humana, considerada imprescindível, no seu inflamado zelo e amor, querendo “tudo para a maior glória Deus”. Pessoa profundamente marcada pela mística redentora, a ponto de se consumir em vida, indo ao encontro dos indígenas e demais pessoas do tempo por ele vivido, através da catequese, do anúncio e da instrução, por meio do Evangelho. Tê-lo como uma figura exemplar e referencial, pela sua lavra literária, pelo ardor genuíno e garra na missão, a ponto de transformá-lo numa pessoa emblemática e patrimônio do povo brasileiro, em todas as ocasiões e circunstâncias, no decorrer da história.

Trata-se do bem-aventurado José de Anchieta, o qual em condições sine qua non, abriu as portas do nosso imenso Brasil para que a semente do Evangelho fosse lançada, como a maravilhosa proposta do Reino de Deus, ofertada ao povo brasileiro, no início de sua história e civilização. Dos seus 63 anos vividos, e bem vividos, 46 foram na vida religiosa, com ingresso em Coimbra na Companhia de Jesus (Padres Jesuítas) e destes, 44 consagrados como missionário no Brasil (1553-1597).



Nascido na Ilha de Tenerife, no Arquipélago das Canárias, aos 19 de março de 1534, recebeu no batismo o nome de José, porque nasceu no dia deste glorioso santo. Coincidentemente, no ano de seu nascimento, Santo Inácio de Loyola fundara em Paris a Companhia de Jesus. José viveu com a família até os 14 anos, quando se mudou para Coimbra, Portugal, lugar muito importante em sua vida, onde estudou Filosofia no Real Colégio das Artes e Humanidades, um anexo da universidade, destacando-se por seus talentos, inteligência e memória raríssima e privilegiada. Foi aí que pediu para ingressar, aos 16 anos (1551), na Companhia de Jesus, sendo enviado dois anos depois às missões do Brasil. Sua vida religiosa foi exemplar, distinguindo-se nas virtudes da humildade, obediência e, sobretudo, numa grande devoção a Nossa Senhora.

Ordenado sacerdote em 1566, foi escolhido para superior da comunidade de São Vicente e depois de São Paulo. Dez anos mais tarde, foi nomeado provincial de toda a missão no Brasil, revelando-se um superior de decisões sábias e seguras. Inteligente, altivo e dotado das melhores qualidades, do ponto de vista literário, dominava o tupi, língua dos indígenas, a ponto de arrancar-lhes aplausos, seja ao dialogar ou escrever. Ele ainda escreveu uma gramática e depois um catecismo na língua dos aborígenes, os quais lhe agraciaram com cognome de “apóstolo do Brasil”.


 Dele se contam maravilhas e prodígios, através de milagres, profecias, curas e até mesmo sua proximidade e familiaridade com os pássaros e animais ferozes, o que nos faz lembrar Francisco de Assis ou Santo Antônio. Deste extraordinário homem de Deus, sabe-se que escrevia com uma vara na areia da praia e a água do mar não apagava e ainda levitava em êxtase. Por fim, suas virtudes, qualidades, contribuições científicas e literárias o qualificaram, de tal forma, que se tornou o mais popular e venerado dos seguidores de Inácio de Loyola no século XVI.

A vinda de José de Anchieta para o Brasil foi quase casual, porque se recuperava de uma grave enfermidade que o deixou abatido e com forças precárias. Ele tinha o receio de não continuar os estudos exigidos a um aluno e discípulo de Inácio de Loyola. Padre Manuel da Nóbrega, superior provincial dos Jesuítas no Brasil, desejando homens de braços e mãos corajosas para a atividade apostólica e missionária na Terra de Santa Cruz, solicita do provincial da Companhia de Jesus em Portugal, que enviasse missionários com muita disposição para catequizar e anunciar o Evangelho. Entre outros, a sorte caiu no jovem José de Anchieta, que foi confortado por seu superior, e por conselho do seu médico, oferecendo-lhe a possibilidade de viajar para o Brasil, onde o clima podia favorecê-lo, chegando à sua nova pátria aos 13 de junho de 1553, com menos de 20 anos de idade.


Ao mesmo tempo em que, com palavras inauditas, encantava e atraía o povo, convertia os inimigos e pacificava adversários. Apesar do seu físico franzino, apresentava-se sempre com semblante alegre e afável, com força e coragem inabaláveis, que com tenacidade soube enfrentar os desafios, os quais a missão o exigia.


Sempre dava demonstração de preocupação, diante das angústias, dos sofrimentos e das necessidades da humanidade de seu tempo. A exemplo de Jesus, o Bom Pastor, ofereceu seus dons, talentos e a própria vida, desejoso de realizar na Igreja o projeto do Pai:  plantar a semente do Evangelho em nossas terras, mostrando a ternura e a face amorosa de Deus, através do exercício da caridade, alimentado pela fé e esperança. Não procurava alienar as pessoas, pelo contrário, quando anunciava que os cristãos deveriam viver o novo mandamento: “Que vos ameis uns aos outros. Como eu vos amei, amais uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros” (Jo 13, 34-35). José de Anchieta faleceu aos nove de junho 1597. O papa João Paulo II o declarou bem-aventurado em 22 de junho 1980.

* Padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal - Pároco de Santo Afonso. É autor dos livros “O peregrino da Paz”, “Nascido Para as Coisas Maiores”, “A Ternura de um Pastor”, “A Esperança Tem Nome”, "Dom Helder: sonhos e utopias" e "25 Anos sobre Águas Sagradas”.

                                               ************


O padre José de Anchieta, apóstolo do Brasil, será declarado santo pelo papa Francisco no início do  mês de abril. A informação foi dada, nesta quinta-feira (27), pelo arcebispo de Aparecida e Presidente da CNBB, cardeal Raymundo Damasceno, durante entrevista nos estúdios da Rádio Vaticano.

"José de Anchieta deixou marcas profundas no início da colonização do Brasil, como também na sua evangelização. Eu creio que ele merece ser cultuado por toda a Igreja", disse o cardeal.

Dom Raymundo se encontrou o papa Francisco recentemente para falar sobre o beato José de Anchieta. Segundo ele, a canonização será feita em uma cerimônia mais simples, menos solene e que consiste na assinatura de um decreto pelo próprio papa, em que ele declara santo o padre jesuíta Anchieta.

Sobre o porquê de não ser realizada uma grande cerimônia, na Praça São Pedro, para a canonização do beato, Dom Damasceno explica que foi uma decisão do próprio papa. “Ele quis uma cerimônia mais simples, discreta, mas tem o mesmo valor, evidentemente, que quando a canonização é feita de modo mais solene”, salientou.


A canonização será comemorada com uma missa celebrada pelo papa Francisco e com a presença de bispos e representantes do povo canadense e do Brasil. Isso porque, segundo Dom Damasceno, a canonização de padre Anchieta será feita junto com outros dois beatos canadenses importantes para a história da Igreja no Canadá ( Marie de l´Encarnação, conhecida como a Mãe da Igreja canadense, e François de Laval, primeiro bispo de Quebec).

“Depois, nós pretendemos também celebrar, de uma forma mais solene, agradecendo a Deus pelo dom desse santo para nós no Brasil, na Assembleia dos Bispos, em Aparecida (SP), quando vamos realizar a próxima assembleia geral, no fim de abril, começo de maio. Será uma celebração nacional, com a presença, portanto, de todo o episcopado e convidados especiais. Depois, cada estado fará também a sua celebração solene e com grande participação do povo, sobretudo aqueles Estados que têm muito a ver com a vida de Anchieta”, pontuou.

O Cardeal também informou que se pretende fazer uma celebração mais restrita no Colégio Pio Brasileiro, em Roma, mas ainda não há uma data estabelecida, porque depende da agenda do Papa. O Santo Padre já aceitou um convite para visitar o colégio, que vai comemorar 80 anos em 3 de abril. Segundo Dom Damasceno, os jesuítas estão deixando a direção do colégio, que será assumida pela
CNBB.



História

José de Anchieta (1534-1597) foi um padre jesuíta espanhol, beatificado pelo Papa João Paulo II em 1980. Com 14 anos de idade, estudou no Real Colégio das Artes em Coimbra. Ingressou na Companhia de Jesus em 1551 e dois anos depois embarcou com destino ao Brasil, na comitiva de Duarte da Costa - segundo Governador Geral - para catequizar os índios.

Em 25 de janeiro de 1554 fundou, junto com o padre Manoel da Nóbrega, um colégio em Piratininga; aos poucos se formou um povoado ao redor da instituição de ensino, batizado por José de Anchieta, de São Paulo. Foi aclamado por portugueses e índios como "apóstolo do Brasil".

Padre José de Anchieta também  foi professor dos noviços que entravam para a Companhia de Jesus no Brasil. Viveu em São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Em 1595, escreveu Arte da gramática da língua mais usada na costa do Brasil, a primeira gramática do Tupi - Guarani.

Escreveu diversas poesias, cartas e autos. A poesia de José Anchieta é marcada por conceitos morais, espirituais e pedagógicos. Compôs primeiro em sua língua materna, o castelhano, e em latim e posteriormente traduziu para o português e para o tupi. Faleceu em 9 de junho de 1597 no Espírito Santo.

FONTE: http://www.domtotal.com.br/
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