Páginas

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Corpos Incorruptíveis

A Igreja Católica define como incorruptíveis os corpos encontrados não como em vida, mas sim os inflexíveis. Eles permanecem íntegros, às vezes durante séculos, apesar das circunstâncias que normalmente causam a decomposição. Alguns incorruptíveis emanam transpiração e sangue, mesmo depois da morte. Nunca são embalsamados e nem recebem algum tratamento. Para os fies, os incorruptíveis são milagrosos e tem poderes sobrenaturais. Grupos constantemente visitam suas criptas para visitação dentro das igrejas. Mas poucas pessoas tiveram a chance de examinar estes corpos fora de seus caixões. Para alguns peritos no meio científico mais cético, os incorruptíveis não são milagres, mas para os católicos, isto é uma sublime  manifestação de Deus.

 Após 120 anos, a exemplo, tudo que deveria ser encontrado são ossadas.Quando o coração para de bater e o fluxo sanguíneo é interrompido, as células deixam de receber oxigênio, e morrem em poucos minutos. A velocidade da decomposição depende em muitos casos, das condições ambientais, mas o corpo sofre grande deterioração em poucos dias. Microrganismos contidos no intestino começam a romper o abdômen de dentro pra fora, enquanto outras bactérias infestam o restante do corpo. O corpo em decomposição fica esverdeado com a liberação de substâncias e de gazes que provocam inchaços e bolhas na pele, começando a partir do estômago. Em poucas semanas, cabelos e unhas começam a se soltar, e após um mês, o tecido do corpo se liquefazem, e tudo que resta são o esqueleto e os dentes, ou algum vestígio de tecidos presos aos ossos.
  Um exemplo notável: quatro anos após São Felipe Néri (1515-1595) ser enterrado sobre a nave de uma pequena capela, seu corpo foi encontrado tão bem preservado – segundo os médicos – que foi considerado “indubitavelmente miraculoso”. Este caso simplesmente indica o estado de credulidade dos médicos da época (ou então a pressão que eles sofreram para atestar o milagre), uma vez que sempre se soube que as vísceras de Felipe haviam sido removidas e o corpo embalsamado de maneira simples logo após a autópsia do santo em 1595. Também uma referência recente ao “último embalsamamento” sugere que o corpo tenha sido repetidamente preservado. Entretanto, em alguns casos, existem corpos classificados, como anti-incorruptíveis.


Ainda outros corpos “incorruptíveis” são mais apuradamente descritos como mumificados; isto é, o corpo está dessecado – uma condição que pode ocorrer naturalmente sob certas condições (tais como ser mantido num túmulo seco ou catacumbas), ou ser induzido por embalsamamento. Um exemplo bem documentado é o caso de São João Maria Batista Vianney (1786-1859), o "Cura d"Ars", que 45 anos após sua morte, seus restos mortais foram achados “secos e escurecidos”, mas as vísceras foram removidas como medida de conservação e a face coberta com uma máscara de cera (como é comum nesses casos). Em outros casos, o corpo aparentemente saponificou – um estado natural no qual os tecidos do corpo essencialmente transformam-se em sabão por debaixo da pele endurecida. 

A substância amoniacal, semelhante a sabão, é chamadaadipocere” e ocorre em alguns casos de enterro em solo úmido. Enquanto que casos de saponificação podem resultar em alegações de incorruptibilidade em culturas católicas, em certos países eslavos realimenta-se a lenda do “morto-vivo” espetando uma estaca afiada de pau no coração do “vampiro”. Na América do Norte rural tais casos são conhecidos como exemplos de pessoas “petrificadas. Um corpo enterrado desde há séculos não é mais que um magma informe de pó de terra e de ossos. É a lei da decomposição do corpo do mortal. Uma das grandes leis da natureza: Todas as coisas perecem, voltam a terra, tornando-se pó e cinzas. No entanto, em certos casos o corpo aparece intacto ou quase. Os cientistas explicam este fenômeno como sendo causada pela composição do terreno onde está enterrado o cadáver, as variações de temperatura do subsolo, a ausência de insetos ou de roedores que provocam uma proteção natural, impedindo o seu apodrecimento.

Um dos casos mais famosos e intrigantes de incorrupção é o de Santa Zita (1218-1278), que viveu em Lucca, na Itália. Quando morreu, foi sepultada numa cova comum. Exumado três séculos depois, seu corpo estava completo e intacto. Sem nenhum sinal de manipulação. Permanece assim até hoje, passados mais de 700 anos. "É uma bela múmia", diz o legista italiano Gino Fornaciari, da Universidade de Pisa, que já examinou vários "incorruptíveis".
  Como Santa Zita, os corpos de santos como Ubaldo de Gubbio e Savina Petrilli se mantêm conservados. Especialistas acreditam que as condições ambientais existentes no interior das igrejas, onde a maioria dos "incorruptíveis" foi sepultada, podem explicar o fenômeno. "A temperatura nas igrejas é baixa e há pouca variação entre o inverno e o verão", observa o médico Enzio Fulcheri, legista da Universidade de Gênova.

Simples hipóteses científicas quando se conhecem outros fenômenos que acontecem na incorruptibilidade de certos cadáveres: um perfume agradável do corpo, suor de sangue, humores do cadáver, luminosidades na parte superior da sepultura, como aconteceu quando São Charbel Makluf morreu com a idade de 78 anos, no seu eremitério do Líbano. O corpo de São Charbel permaneceu intacto depois de sua morte, inclusive transpirava. Este fenômeno de conservação e transpiração de corpo, desafiando as leis da natureza, fascinou os médicos, os homens de ciência e as pessoas mais simples. Os santos e santas do cristianismo apresentam muitas vezes um bom estado de conservação quando passaram séculos sobre o dia da sua inumação. 

Outro caso é de São Francisco Xavier, que morreu em 2 de dezembro de 1552. O corpo do santo foi colocado em uma caixa e preenchido por cal (para se obter mais depressa os ossos) e assim facilitar seu transporte. A caixa foi aberta dois meses depois, para averiguar a destruição das carnes.

Constatou-se que nada havia ocorrido. O corpo de São Francisco foi encontrado fresco e rosado, sem nenhum traço de putrefação. O mais impressionante é que fizeram um corte perto do joelho e o sangue escorreu. Além disso, o corpo exalava um aroma agradável. Transportado por mar, foi enterrado em Malaca, a 22 de Março de 1553. Mas o miraculoso fenômeno não ficou por aqui e, como que causado por uma força misteriosa, alguns meses depois mantinha o mesmo estado da incorruptibilidade. Transportado para Goa, foi sepultado na igreja de S. Paulo. Em 1612, quando se lhe amputou um dos braços para ser enviado para Roma, o sangue correu vermelho e fluido!

Nos Evangelhos, assim como no Antigo Testamento, o sangue é portador do espírito de Deus. No jardim das Oliveiras, na Noite Divina, Jesus suou sangue como se o Espírito sangrasse e sofresse. Mas no caso, ocorreu hemadítrose, ou seja, o rompimento dos vasos capilares motivados por uma grande carga emotiva de desespero, tensão, medo ou nervosismo, tendo em vista o exemplo de Jesus pela provação que passaria: “Afasta de mim este cálice”. O processo de incorruptibilidade é raro e é diferente da mumificação. Neste caso, as vísceras são extraídas e o corpo é coberto por uma camada de cera. Ele é poupado de oxigênio e umidade, facilitando, assim, sua conservação. Também existem registros de casos onde ocorreram a adipocera, ou seja, o tecido do corpo transformou-se em uma espécie de massa branca, mole e quebradiça, dando a impressão incorreta de incorruptibilidade.


Em 1582, Santa Teresa d’ Ávila morre na sua cela do convento de Alba de Tormes. O rosto de Santa Teresa de Jesus, segundo afirmou a duquesa d’Alba, ficou após a morte lindo e resplandecente, dir-se-ia como Sol brilhando. Metido num caixão cheio de cal e tijolos, foi o corpo transportado ao cemitério. Mas no dia seguinte à sua morte, do túmulo de Santa Teresa de Jesus emanava um perfume de tal forma intenso e delicioso que os monges teriam tido a sensação de estarem de novo na presença da sua Madre. Abriu-se o túmulo a 4 de Julho de 1583. A tampa do caixão estava partida, meia apodrecida e cheia de bolor. Era forte o cheiro a bafio e as vestes encontravam-se putrefatas. O corpo, tinha bolor, mas mantinha a frescura como se tivesse sido enterrado na véspera. As monjas despiram-na quase totalmente, para a vestirem de novo. Segundo afirmaram, um maravilhoso odor se espalhou pelo convento. Em Novembro de 1585, três anos passados sobre a sua morte, os médicos de Ávila examinaram o corpo, tendo chegado à conclusão de que apenas um milagre, e não uma causa natural teria permitido que um corpo fechado três anos (sem estar embalsamado) se mantivesse intacto, continuando a exalar o mesmo perfume de sempre.

Um caso impressionante é de Santa Bernadete Soubirous. Camponesa e devota da Virgem Maria, Bernadete teve uma visão da mãe de Jesus. Tornou-se freira e, anos mais tarde, morreu em um convento francês (1879), sendo enterrada na capela do convento. Seu corpo foi exumado em 1923
.
Os médicos encontraram o corpo de Santa Bernadete intacto, sem nenhum indício de putrefação. Os órgãos internos estavam flexíveis e seu fígado tinha uma consistência normal. Em outras exumações constatou também que após de tanto tempo morta nenhum mau cheiro exalava do corpo de Santa Bernadete. Ainda hoje o corpo de Santa Bernadete conserva-se completamente incorrupto em um caixão de vidro exposto na Capela do Convento de São Gildardo em Nevers, França. Estudos recentes comprovaram que o coração e a língua que normalmente são as primeiras coisas a se decompor em um cadáver, estão (sem nenhum processo artificial de conservação) flácidos e rosados, completamente conservados da corrupção. Durante o processo de sua canonização, seu corpo foi exumado três vezes, mas em sua vida religiosa, Bernadete já era considerada uma santa por muitos que a conheceram.

Vinte anos após a morte da Santa, na primeira exumação, autoridades eclesiásticas e dois médicos assinaram um juramento a respeito do que tinham visto: o corpo estava completamente incorrupto, e mesmo os olhos se preservaram da decomposição, era inclusive possível ver as formas das veias nos braços. OUTRO CASO FANTÁSTICO é o de São Luigi Orione.

Viveu em Gênova, Itália, entre os anos de 1872 e 1940. Sentiu desde pequeno a vocação religiosa. E, aprendeu, desde cedo, as se preocupar com a educação das crianças e ajuda aos pobres. Estudou no Seminário de Tortona, onde recebeu o Sacerdócio em 1895. Viveu uma vida de sacrifício a Deus, deixando atrás de si um exército de caridade com creches, asilos e orfanatos. Sua obra alcança todos os lugares onde se necessita doação, trabalho, sacrifício e difusão do Evangelho e do Amor de Cristo. Durante sua vida, fez inúmeras viagens de peregrinação, e seu legado esta em comunidades no mundo todo. Orione morreu em 1940, e foi exumado pela primeira vez em 1965. Seu corpo estava em ótimas condições.

Após 25 anos, não havia no corpo de Orione sinais de putrefação. As unhas, a pele, e os cabelos, estavam intactos. Como em outros casos de incorruptos, os órgãos internos também estavam intactos. Seu coração foi removido e enviado para o país que mais amava.
  Seu corpo foi preservado naturalmente, sem qualquer tipo de tratamento ou manipulação. Nunca foi embalsamado, e o estado de preservação do corpo de Luigi Orione foi algo que surpreendeu até mesmo os mais céticos. Alguns cientistas acreditam que a preservação “altamente milagrosa” pode ser um fenômeno fascinante, mas aparentemente natural. Entretanto, ainda assim, o corpo estava ameaçado de decomposição uma vez exposto ao ambiente externo. Logo, a Igreja tratou de tomar providências, e pediu a alguns cientistas para manter o estado de conservação do corpo. As condições das sepulturas e seu estado climático, como falamos, podem influir consideravelmente na decomposição de um corpo. Água e calor podem apresar o processo putrefatório, enquanto ambientes frios e secos, por outro lado, ajudam na preservação e mumificação natural. Dom Orione foi sepultado em local frio e seco em uma cripta subterrânea que retardariam certamente a decomposição. Mas nem todos os incorruptíveis são facilmente explicados. Foram encontrados casos que pareciam desafiar as leis científicas.

O corpo da BEATA MARGUERITA pode parecer desgastado, mas ele tem séculos de idade. Ela morreu em 1464, há mais de 540 anos. Beata Marguerita foi enterrada com outros diversos corpos, todos em condições idênticas. Somente o corpo dela permaneceu intacto. Havia uma grande infiltração de água, e o solo era favorável a decomposição do corpo. Enquanto os outros corpos seguiu o processo natural, o dela permaneceu inalterável. Para um cristão, isto é um milagre, mas para um cético é um evento natural sem explicação. Em 2001, Beata Marguerita foi exumada de seu caixão de vidro, e passou a sofrer os efeitos de exposição ao ambiente. Seu corpo começou a dar sinais de deterioração. Para retardar a decomposição e reparar os danos sofridos, os cientistas e legistas italianos, professores Enzio Fulcheri e Nazareno Gabriele, este ex-diretor do Gabinete de pesquisas científicas do vaticano, se uniram a comissão encarregada de usar a ciência moderna para manter o “milagre”.

Após um ano de trabalho, o corpo de Marguerita foi exposto para o público no convento em que viveu, e desta vez, colocado numa caixa especialmente projetada, e repleta de nitrogênio. Mas muitos céticos acreditam que tais corpos foram embalsamados em segredo. O embalsamamento arterial somente foi desenvolvido nos séculos ao longo dos séculos XVII e XVIII, bem depois de mortes de incorruptíveis como a Beata Marguerita. Alguns acreditam que até mesmo membros da Igreja poderiam embalsamar um corpo santo. Sabe-se que as condições da sepultura e do solo influem imensamente na decomposição, acelerando o processo. Outro fator que pode manter o corpo intacto é a SAPONIFICAÇÃO, um fenômeno que pode ocorrer em alguns corpos durante a decomposição. É basicamente a conversão das gorduras do corpo em uma espécie de cera. É uma substância maleável e densa. Ou seja, a gordura se torna um tipo de sabão, dando ao corpo uma aparência vivaz.

Poderia a saponificação ter influído no processo de outra incorruptível, a Beata Teresa Fasce, da região de Cássia, Itália.

  Beata Teresa dedicou sua vida de cuidar e educar as meninas órfãs, a quem ela chamava “suas abelhinhas”. Sofrendo de diabetes, asma, e câncer, foi uma inspiração para sua comunidade. Beata Teresa Fasce morreu em 1947, e seu corpo foi exumado 50 anos depois, praticamente intactos. Embora sua pele tenha sido envernizada em 1998, não houve qualquer tipo de reconstrução. A pele tinha uma aparência rosada e firme, e o corpo quase inalterado. O cientista e legista italiano Paolo Gelem atribuí o caso de Beata Teresa a Saponificação. O caso que na mumificação espontânea, imagina-se que há uma perda considerável de peso, mas no caso aqui abordado, o peso dela permaneceu inalterado desde o dia em que ela morreu.

Na saponificação apenas se converte uma substância sólida com outra substância sólida. A SAPONIFICAÇÃO tem mistérios próprios, mas cientistas pouco sabem o que provoca a conversão de gorduras em uma substância saponácea. Imagina-se que seja uma combinação da química com o local. Ela nem sempre acontece. É uma combinação de fatores intrínsecos e extrínsecos ao corpo.

Outro caso é o de Santa Rita de Cássia, uma freira gentil que exibiu estigmas em sua vida. Ela morreu há mais de 500 anos. Quando seu caixão foi aberto, em vez de poeira, testemunhas encontraram carne e ossos. Análises científicas constataram que Santa Rita havia sido embalsamada, mas sua incorruptibilidade vai além da conservação do corpo. Segundo fies, quando seu túmulo foi aberto, em vez do odor de putrefação, se exalou um cheiro de jasmim e rosas. Até hoje, pessoas que trabalham na igreja em que viveu e onde se encontra o corpo de Santa Rita de Cássia, dizem sentir cheiro de perfumes doces quando estão perto do caixão da santa.


Os pesquisadores entendem que para conhecer o processo da incorruptibilidade seria importante fazer análises histológicas, citológicas e químicas, já que, para a medicina clássica, estes corpos deveriam entrar em decomposição.
Para alguns místicos, o corpo incorruptível é envolvido por um corpo astral. Este seria o motivo de ele se apresentar morno. Se o corpo está morno, é sinal de que ainda desprende algum tipo de energia. Nenhum corpo consegue armazenar energia por tantos anos (e em alguns casos, séculos). Isto seria o indicativo de um processo energético desconhecido que tanto pode ser de uma reação interna como de uma remição de energia cósmica.

São mistérios que o homem tenta ainda decifrar, ainda que desafiem os milagres de Deus e dos seus Santos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário