Nascimento
O rei Costus, da Cilícia, casou-se com
Sabinela, mulher prudente e sábia, filha de um príncipe dos Samaritanos, que
deu a Costus, como dote, terras do Egito, na região de Alexandria . Deste
casamento nasceu Catarina, pelos fins do século III.
Conversão
Costus faleceu.Sabinela e Catarina foram
residir na região da Montanha Negra, na Cilícia. Ali Sabinela conheceu o
eremita Ananias que lhe revelou o Deus verdadeiro e a instruiu na fé. Sabinela
aderiu a Jesus Cristo e recebeu o Batismo. Insistia com sua filha para que
também ela se fizesse discípula de Cristo. Catarina resistia; defendia o
paganismo e refutava todos os argumentos apresentados pela mãe, em favor de
Jesus Cristo.
Catarina estava em idade de contrair
matrimônio. A mãe exortava-a para que recebesse um esposo. Os grandes do reino,
do qual Catarina era herdeira, lhe pediam o mesmo, para que o reino não
perecesse pela rebelião dos ambiciosos. Príncipes de diversas regiões ouviam
falar de sua sabedoria e beleza e desejavam casar-se com ela. Catarina primava
nas ciências profanas e respondia à mãe e aos pretendentes:
– Encontrai-me um esposo que seja sábio, belo
e nobre; em uma palavra, da mesma condição que eu, e, por amor a vós, estou
pronta a recebê-lo por marido.
Tal resposta entristecia a mãe e os príncipes.
Sabinela acorria à ermida de Ananias e lhe pedia que orasse em favor de sua
filha.
O sonho revelador
Certa noite, Catarina e Sabinela tiveram
sonhos idênticos: uma senhora de extrema beleza, rodeada de príncipes,
aproximou-se de Catarina e lhe disse:
– Todos
estes são reis submissos a meu Filho, o Imperador da Glória. Se queres, escolhe
para esposo o que mais te agrada. Catarina não quis nenhum deles. Apareceu,
então, o Imperador da Glória, rodeado de uma multidão de seres celestes. A
senhora perguntou:
– Queres
este, para teu esposo?
Com grande
fervor, Catarina disse sim, fosse ele quem fosse, e a nenhum outro.
Sabinela
reprovou-a:
– Como ousas
pedir para teu esposo aquele que tem tantos reis a seus pés? Que te baste um de
seus príncipes, pois todos são poderosos.
A filha
respondeu:
– Não me
repreendais se desejo este. Não vejo aqui nenhum outro que me seja superior em
tudo, a não ser ele. Implorai à sua Mãe, a fim de que lhe fira o coração para
que me aceite por esposa. Se não, jamais me casarei. Sabinela dirigiu-se à
Senhora e lhe ofereceu a filha para esposa do Imperador da Glória.
A senhora
disse a seu Filho:
– Quereis
esta jovem para vossa esposa?
Ele lhe
respondeu:
– Não.
Afastai-a. Não posso desposar uma idólatra. Se ela se batizar, prometo
aceitá-la por esposa, dando-lhe um anel como sinal de aliança.
Quando acordaram, Sabinela e Catarina
relataram uma à outra o sonho. Parecia-lhes ser revelador.
Esposa
do Imperador da Glória
Catarina e Sabinela procuraram o eremita Ananias.
Contaram-lhe o sonho. Esclarecido por Deus, o eremita lhes disse que a senhora
é Maria, a Mãe de Deus; o Imperador da Glória é Jesus Cristo; os príncipes são
os Patriarcas, os Profetas, os Apóstolos e os Santos; os seres celestes são os
Anjos. Acrescentou, ainda, que se Catarina quisesse o Imperador da Glória por
esposo, seria necessário que se fizesse cristã.
O eremita a instruiu. Chorando e com fervor,
recebeu o batismo. Catarina não conseguia esquecer o sonho. Desejava Cristo
para seu esposo. Certo dia, rezando em seu quarto, o Senhor lhe apareceu. Em
sinal de que a aceitava por esposa, colocou-lhe um anel verdadeiro no dedo e
prometeu fazer por ela grandes coisas. E desapareceu. Catarina compreendeu que
era uma visão espiritual. A Caridade Divina a abrasava e a envolvia por
respeitosa ternura para com o Senhor Jesus, seu esposo. Ele a cumulava de
graças. Catarina passou a dedicar seu tempo à contemplação, à oração, à leitura
e meditação da Sagrada Escritura, especialmente dos textos dos Evangelhos.
Costumava exclamar: – Ó pecadora, como perdi meu tempo nas trevas dos livros
profanos!
– Catarina, eis o Evangelho de teu esposo! Põe
teu coração a estudá-lo cuidadosamente, a fim de que possas chegar à luz da
Verdade.
Em Alexandria
Os grandes
do reino pediam a Catarina que se casasse. Catarina respondeu:
– Sou esposa
do Rei Altíssimo, o Salvador do mundo. Eis o anel pelo qual o Senhor Jesus me
declarou sua esposa.
Os príncipes
continuaram a insistir. Catarina, querendo servir unicamente a Deus, pediu à
mãe para retornarem à Alexandria, ao patrimônio que lhe pertencia por herança.
Confiaram o reino a um governador e partiram. Sabinela sentia-se feliz com as
boas disposições da filha. Mas, por esse tempo, Sabinela morreu em paz.
Catarina, em Alexandria, administrava cuidadosamente seus bens e cuidava dos
servos. Distribuía víveres e vestimentas entre eles. Da abundância da fortuna
de seu pai ela fazia esmolas aos pobres. Os príncipes da Cilícia ficaram
desapontados. Acusaram Catarina de cristã, ao Imperador Maxêncio, que deu
ouvidos aos mensageiros dos príncipes. Determinou que Catarina fosse vigiada
secretamente. Em breve, ele mesmo iria a Alexandria. Ficou sabendo que a jovem
era sobrinha de seu primo Constantino, seu inimigo mortal, que o expulsara de Roma.
Perseguições
Estamos por volta do ano 307. Diocleciano e
Maximiano haviam favorecido a idolatria e perseguido a Igreja. Maxêncio, filho
de Maximiano, quis incrementar o poder da idolatria. Ordenou que a Igreja de
Cristo fosse perseguida e arrasada. Para melhor identificar os cristãos,
organizou pomposa festa. No dia determinado, Maxêncio, ao som de trombetas, fez
convocar os habitantes de Alexandria a se reunirem no templo dos deuses, a fim
de oferecerem sacrifícios segundo as posses: os ricos, touros e carneiros; os pobres
imolariam pássaros.
Por toda
cidade ouvia-se a voz dos animais que eram sacrificados. O sangue das vítimas
escorria pelo chão.
Catarina, ao ouvir o som das trombetas, os
gritos dos animais e todo o alarido que se fazia no templo dos ídolos, enviou mensageiros
para se informar sobre os acontecimentos. Ciente do que era, dirigiu-se ao
templo. Encontrou cristãos a chorar, a gemer e a se queixar. Por medo da morte,
viram-se constrangidos a participar dos sacrifícios aos ídolos. A jovem
Catarina, tocada de dor e de zelo, enfrentou o olhar do imperador.
Reprovou-o pela ingratidão para com Deus que o
investira de poder; e ele, em vez de reconhecer o seu Criador, sacrificava aos
ídolos, inventados pelos homens, e lhes rendia as homenagens devidas ao Deus
verdadeiro.
– Além do
mais, Deus não se alegra com o sacrifício de animais. O que Deus quer de seus
filhos é a fé, a prática da justiça e da misericórdia.
Enquanto a
jovem falava, o imperador fixou-lhe o olhar. Considerava a beleza irradiante do
semblante da virgem, a coragem e a força de seus argumentos. Quando ela
terminou de falar, ele procurou refutar suas afirmações… apoiando-se na
tradição dos antepassados,… Maxêncio, vendo que não podia vencê-la na
sabedoria, convidou-a a residir em seu palácio e submeter-se às suas ordens.
Corajosa
e sábia
Maxêncio, vencido nos mestres de sua crença,
enfurecido por ver demonstrada a falsidade dos deuses, mandou que os sábios
fossem queimados vivos, em praça pública, no dia seguinte.O imperador Maxêncio
convocou os eruditos. Quando souberam do motivo, ficaram decepcionados.
Julgaram ser afronta à sua sabedoria, disputar com a jovem que eles
qualificaram de feiticeira, atrevida e orgulhosa. O imperador prometeu-lhes
presentes e honras se a convencessem de erro. Catarina, ciente do duelo
intelectual que a esperava, não se perturbou.
Recomendou-se ao Senhor dizendo:
– Senhor
Jesus Cristo, que te dignaste reconfortar teus servos para que não tremessem
ante às perseguições; que lhes disseste: “Quando estiverdes diante dos reis e
presidentes, não vos inquieteis sobre o que haveis de responder. Eu vos darei
uma sabedoria à qual vossos adversários não poderão resistir, nem vos
contradizer”6 , sê presente a mim, tua serva, e dá à minha boca a palavra exata
a fim de que aqueles que vieram para insultar Teu nome, não tenham força e
poder contra mim, mas que, ao contrário, pela virtude de Tua palavra, seus
sentidos endurecidos se abram à Tua luz e que eles rendam honra e glória ao Teu
nome, Senhor, que com o Pai e o Espírito Santo, reinas sempre, pelos séculos.
Amém.
Apareceu-lhe o Arcanjo São Miguel e lhe disse:
– Não tenhas medo, Catarina! És agradável a
Deus! Continua neste caminho. Jesus Cristo, amigo verdadeiro e fiel, te
recompensará pelas lutas que travas por amor a Ele. Teus adversários serão
tocados pela Graça. Em breve tua provação chegará ao fim.
Maxêncio, em seu trono, mandou que entrassem
os sábios. Ordenou que Catarina se apresentasse. Grande número de alexandrinos
acorreu para ouvir a disputa.
Os sábios
expuseram sua doutrina em defesa da autoridade dos deuses. O auditório
aplaudiu. Catarina falou da divindade eterna sem princípio, do Criador do céu e
da terra e da humanidade do Verbo, para a redenção do mundo. Tal foi a força de
suas razões e a evidência das afirmações, que abalou as convicções dos 50
sábios e todos confessaram a verdade do cristianismo. Muitos, dentre o povo, se
converteram a Cristo. Maxêncio, vencido nos mestres de sua crença, enfurecido
por ver demonstrada a falsidade dos deuses, mandou que os sábios fossem
queimados vivos, em praça pública, no dia seguinte.
A prisão
Por ordem do tirano, Catarina foi encarcerada.
No dia seguinte, Maxêncio mandou vir Catarina à sua presença. Estava apaixonado
pela beleza da jovem. Procurou conquistá-la por meio de promessas e de
adulações. Prometeu-lhe as honras devidas a uma deusa e dedicar-lhe um templo.
A jovem insistia junto ao imperador para que deixasse de fazer tais propostas.
Fiel a Jesus Cristo, dispôs-se a aceitar os sofrimentos e o martírio. O monarca
enfurecido, deu ordens para que a jovem fosse flagelada. Catarina continuou
condenada ao cárcere escuro, sem comer e sem beber. Maxêncio precisou viajar.
Em sua ausência, a Imperatriz chamou o General
Porfírio e contou-lhe:
– Nesta
noite tive um sonho que me fez sofrer. Vi uma jovem encerrada num cárcere,
rodeada de luz e de muitas pessoas vestidas de branco. A jovem se aproximou de
mim e colocou-me uma coroa na cabeça dizendo: Ó imperatriz, eis a coroa que o
céu te envia, em nome de Jesus Cristo, meu Deus e meu Senhor!” Peço-te,
Porfírio, que me acompanhes à prisão em que se encontra Catarina.
Porfírio já perdera a fé nos deuses e olhava
com simpatia o Cristianismo. Chegaram ao cárcere às primeiras horas da noite.
Estava iluminado por claridade indescritível. Rescendia suave odor. Apavorados,
caíram por terra.
- Levantai-vos! disse Catarina. Não vos
assusteis! Cristo quer dar-vos a vitória.
Catarina
conversou longamente com a imperatriz e o general Porfírio que aderiram a
Cristo. Animou-os a se prepararem para as conseqüências, inclusive para o
martírio que sua adesão a Cristo lhes traria. Porfírio comandava a primeira
coorte dos guardas imperiais: 500 homens. Confirmado na fé, anunciou a seus
soldados a Boa Nova de Jesus. Muitos se converteram.
Uma pomba
branca trazia um alimento divino que sustentava Catarina, na prisão. No 12º dia
de prisão, Cristo lhe apareceu e disse:
– Alegra-te! Não tenhas medo! Estou contigo e
não te abandonarei jamais. Muitos devem a ti a fé em meu nome!
Martírio
Maxêncio retornou da viagem. Convocou Catarina
a comparecer no tribunal. O imperador ficou surpreso ao vê-la mais bela do que
antes, apesar do jejum e da flagelação. Ordenou que os guardas fossem
castigados se não revelassem quem a havia socorrido na prisão. Para defender a
vida dos guardas, Catarina declarou:
– Se estou com boa aparência é porque Aquele
que eu confessei diante de ti, dignou-se alimentar Sua serva com pão celestial.
Mais irritado ainda, Maxêncio acusa-a de feiticeira. Ordena que seja torturada
e assassinada. A caminho do suplício, Catarina converteu a muitos que insistiam
com ela para que atendesse aos desejos do imperador.
Chursates, alto funcionário da corte, homem
diabólico, veio ter com o imperador e lhe propôs condenar Catarina ao suplício
da máquina com facas e pontas de ferro nas quatro grandes rodas que, ao se
movimentarem em sentidos inversos umas das outras, despedaçariam o corpo
colocado no meio delas. A máquina foi colocada na praça pública e Catarina foi
trazida para o local. Enquanto preparavam o suplício, Catarina permaneceu
tranqüila e rezou:
– Ó Deus, Pai Todo-Poderoso, que não cessas de
vir com bondade em socorro daqueles que Te invocam em seus perigos e em suas
necessidades, atende-me. Peço-Te que esta máquina de tortura seja destruída a
fim de que aqueles que estão aqui, tocados pelo Teu poder, glorifiquem Teu
santo nome. Tu sabes que não oro por medo dos sofrimentos, pois desejo, de
coração, chegar a Ti por qualquer gênero de morte, mas rezo por aqueles que,
através de mim, devem crer em Ti e perseverem na confissão de Teu nome. Apenas
a jovem acabara a oração, eis que um Anjo descendo do céu, num turbilhão,
quebrou a máquina com tal ímpeto que os pedaços se projetaram sobre os algozes.
Alguns morreram atingidos pelos pedaços das rodas e, outros, pelo raio.
A Imperatriz foi ter com seu marido e lhe
disse:
– Por que
lutas contra o Senhor meu Deus? Que loucura te ergueres contra o Criador!
Pensas que terás êxito? Reconhece, ao menos agora, nas rodas quebradas, o poder
do Deus dos cristãos!
Muitos
pagãos, vendo o sinal do céu, converteram-se a Jesus Cristo e diziam:
–
Verdadeiramente, o Deus dos cristãos é muito grande. Confessamos Sua glória e
somos Seus servidores, pois os teus deuses, ó imperador, são ídolos vãos e
inúteis que não podem ajudar em nada aos seus adoradores e nem a eles mesmos.
Irritado ao
ver que sua esposa professava a fé em Jesus Cristo ordenou aos carrascos que a
levassem ao lugar do suplício para ser martirizada.
A imperatriz
se encontrou com Catarina e lhe disse:
– Ó virgem
de Jesus Cristo, ora por mim ao Senhor Deus por cuja glória iniciei este
combate. Pede-lhe que ele confirme minha coragem, que fortaleça meu coração a
fim de que, por meio do martírio, como afirmaste, obtenha aquilo que Cristo
prometeu a Seus servos.
Catarina
respondeu:
– Não tenhas
medo, ó Rainha, amada pelo Senhor Deus, mas age com coragem, pois hoje, em
troca de teu reino passageiro, receberás um reino eterno; em lugar de teu
esposo mortal, farás aliança com o esposo imortal. Os sofrimentos passageiros
conduzir-te-ão ao repouso eterno. Uma morte rápida, conduzir-te-á à vida que
não terá fim. Hoje, em verdade, verás o dia em que se realizará teu nascimento.
Encorajada, a rainha exortou os algozes a cumprirem logo as ordens do tirano.
Os carrascos conduziram-na para fora da cidade. Com tenazes de ferro lhe
arrancaram os seios; e, depois de cruéis tormentos, lhe deceparam a cabeça.
Na manhã seguinte o imperador ficou sabendo
que o general Porfírio e seus soldados embalsamaram e sepultaram o corpo da
imperatriz. Encolerizado, ordenou que Porfírio e seus soldados fossem martirizados
e decapitados. Por um edito expresso ordenou que seus corpos fossem devorados
pelos cães.
Morte Gloriosa
Alguns dias depois, o imperador Maxêncio pediu
que lhe trouxessem Catarina e lhe disse:
– Embora
sejas mais culpada do que todos aqueles que, seduzidos por tua arte mágica,
incorreram, por tua causa, à dura sentença de morte, todavia, se te
arrependeres e ofereceres incenso às nossas divindades onipotentes, poderás
reinar feliz conosco e ser nomeada a primeira em nosso reino.
Catarina
desdenhou as promessas do tirano e preferiu ser fiel a Jesus Cristo.
Maxêncio
ordenou que fizessem Catarina sair de sua presença e que fosse imediatamente
decapitada.
Enquanto
Catarina se apressava em direção ao lugar fixado para o martírio, viu a
multidão que a seguia e muitos choravam. Disse-lhes:
– Se alguma
piedade natural vos comove a meu respeito, peço-vos: alegrai-vos comigo, pois
vejo Nosso Senhor Jesus Cristo que me chama. Ele é a soberana recompensa dos
santos, a beleza e a coroa das virgens.
Pediu ao carrasco
lhe desse tempo para orar:
– Ó bom
Jesus, que és a alegria e a salvação de todos os que crêem em Ti, eu Te
agradeço, meu Salvador, por Te haveres dignado admitir-me entre Teus servos.
Usa de
misericórdia para com Tua humilde serva a fim de que todos aqueles que, em
memória de meu martírio, Te louvarem e glorificarem, ou que me invocarem na
hora da morte, ou em qualquer angústia, tribulação ou necessidade, sintam o
poderoso efeito de Tua ajuda. Que toda peste e fome, toda doença e contágio,
que a mortal violência das tempestades se afastem para longe deles. Que em seus
campos e lavouras a colheita seja abundante. Que o ar, em seu clima, seja doce
e salutar. Que todos os elementos lhes sejam amigos. Que eles obtenham
abundância de bens corporais e espirituais.
Eis que meu
combate chega ao fim, ó bom Jesus; mas, belo Senhor Deus, ordena que meu corpo,
que agora será entregue à morte pelo gládio, seja guardado dos cães vorazes,
pelas mãos de Teus anjos, e que ele espere em paz o dia em que se reunirá à minha
alma, na companhia das virgens bem-aventuradas, no paraíso da felicidade
eterna.
Catarina
estendeu o pescoço e disse ao algoz:
– Eis que
Nosso Senhor Jesus Cristo me chama! Faze o que tens a fazer.
O algoz, de
um só golpe, decepou-lhe a cabeça.
Veneração a Santa Catarina de Alexandria
Segundo a tradição, os Anjos (monges)
transportaram o corpo de Catarina para o mais alto pico do monte Sinai que passou a ter seu nome.Desde os primeiros
tempos do cristianismo, muitos fiéis, para fugirem das perseguições de Roma, e
viverem mais unidos a Deus, no silêncio e na solidão, retiraram-se nos desertos
do Sinai. Já no século III depois de Cristo encontramos monges no Sinai
formando comunidades junto aos lugares santos: ao redor do monte Horeb, junto à
“sarça ardente”8 , ao oásis Faran e a outros lugares, ao sul do Sinai.
Os primeiros
monges sofreram privações, quer pela hostilidade da natureza, quer pelos
assaltos de tribos nômades. Nada os detinha de se adentrarem nos desertos
sinaíticos. Muitos deles viviam eremiticamente, nas grutas e dedicavam-se à
oração. Nos dias festivos reuniam-se perto da “sarça ardente” para ouvirem o
mestre espiritual e receberem a Eucaristia.A liberdade religiosa concedida pelo
imperador Constantino9 propiciou o
florescimento da vida monástica do Sinai.O imperador bizantino Justiniano (527
a 565) ordenou a construção do Mosteiro de Santa Catarina10 e da Igreja,11 no Monte Sinai.
A veneração
a Santa Catarina teve novo impulso quando seu corpo foi descoberto no Monte
Katharin, no século VIII12 . Tornou-se objeto de freqüentes visitas .Sua
veneração propagou-se nas cristandades do Oriente, em toda Igreja Grega, no
Ocidente, especialmente, na Igreja Latina.A Biblioteca Nacional da França
possui a Vida de Santa Catarina em dois manuscritos de redação latina
anteriores às Cruzadas…Catarina é um nome comum de batismo. Numerosas Igrejas e
Capelas, localidades , tanto no Oriente como no Ocidente, são colocadas sob sua
proteção.
Ela é
honrada como padroeira da Congregação das Irmãs de Santa Catarina, dos jovens,
das faculdades de filosofia das universidades, das escolas cristãs, da
corporação dos moleiros (donos de moinho) e dos fabricantes de carros. É um dos
quatorze santos auxiliares. Sua festa é celebrada no dia 25 de novembro.
Oração
Senhor, nosso Deus, nas tribulações Tu nos
revelas o poder de Tua misericórdia. De Ti, Santa Catarina recebeu a graça de
suportar o martírio. De Ti nos venha também a força de confiar em Teu auxílio
em todas as necessidades. Isto Te pedimos por Jesus Cristo. Amém.
A fama de
Santa Catarina de Alexandria sobrevive na devoção crista e no nome de muitas
igrejas em todas as partes do mundo.