Pedro e Paulo representam duas
dimensões da vocação apostólica
“Eis os
santos que, vivendo neste mundo, plantaram a Igreja, regando-a com seu sangue.
Beberam do cálice do Senhor e se tornaram amigos de Deus”.
Meus
queridos Irmãos,
Celebramos
hoje, 29/06, a festa das duas colunas da Igreja: São Pedro e São Paulo. Pedro:
Simão responde pela fé dos seus irmãos (cf. Evangelho de Mateus 16,13-19). Por
isso, Jesus lhe dá o nome de Pedro, que significa sua vocação de ser “pedra”,
rocha, para que o Senhor edifique sobre ele a comunidade daqueles que aderem a
ele na fé. Pedro deverá dar firmeza aos seus irmãos (cf. Lc 22,32). Esta
“nomeação” vai acompanhada de uma promessa infalível: as “portas” (que
correspondem à cidade, reino) do inferno (o poder do mal, da morte) não poderão
nada contra a Santa Igreja de Cristo, que é uma realização do “Reino do Céu”
(de Deus). A libertação da prisão ilustra esta promessa na primeira Leitura.
Cristo lhe confia também “o poder das chaves”, ou seja, o serviço de “mordomo”
ou administrador de sua casa, de sua família, de sua comunidade ou cidade. Na
medida em que a Igreja é a realização, provisória, parcial, do Reino de Deus,
Pedro e seus sucessores, os Papas, são administradores dessa parcela do Reino
de Deus. Eles têm a última responsabilidade do serviço pastoral. Pedro, sendo
aquele que responde “pelos Doze”, administra ou governa as responsabilidades da
evangelização. E recebe, ainda, o poder de ligar e de desligar, o poder de
decisão, de obrigar ou deixar livre. Não se trata de um poder ilimitado, mas da
responsabilidade pastoral, que concerne à orientação dos fiéis para a vida em
Deus, no caminho de Cristo.
Paulo
aparece mais na qualidade de fundador carismático da Igreja. Sua vocação se dá
na visão de Nosso Senhor Jesus Cristo no caminho de Damasco: de perseguidor,
transforma-se em mensageiro de Cristo, “apóstolo”, grande pedagogo da missão e
da vida do Senhor. É Paulo que realiza, por excelência, a missão dos apóstolos
de serem testemunhas do Ressuscitado até os confins da terra. As cartas a
Timóteo, escritas da prisão de Roma, são a prova disso, pois Roma é a capital
do mundo, o trampolim para o Evangelho se espalhar por todo o mundo civilizado
daquele tempo. São Paulo é o apóstolo das nações. No fim da sua vida, pode
oferecer uma vida como oferenda adequada a Deus, assim como ele ensinou. Como
Pedro, Paulo experimentou Deus como Aquele que nos liberta da tribulação.
Pedro foi
crucificado de cabeça para baixo. Os artistas da iconografia católica colocaram
as chaves da Igreja em sua mão, para distinguir o seu encargo de possuidor das
chaves da salvação. Paulo foi morto decapitado por ser cidadão romano, o que o
impedia de ser crucificado. Os artistas da iconografia católica lhe põem sempre
na mão uma espada, além de um livro, para simbolizar as várias epístolas
teológicas que legou para a Igreja de Cristo.
Por isso o
Evangelho nos fala da confissão de fé de Pedro e a promessa de Jesus para seu
futuro. Jesus apelidara Simão de Cefas, que, em aramaico, significa
"pedra". O apelido pegara a ponto de todos o chamarem de Simão Pedro
ou simplesmente de Pedro. Pedro assim será o fundamento da Igreja, do novo Povo
de Deus. A pedra na Bíblia significava e significa a segurança, a solidez e a
estabilidade, como régio és meu penedo de salvação. Mas Jesus sabia que, sendo
criatura humana, Pedro, por mais fiel que Lhe fosse, seria sempre uma criatura
fraca. Por isso, se faz de Pedro o fundamento, reserva para si todo o peso e
todo o equilíbrio da construção e sem a qual o inteiro edifício viria abaixo.
O simbolismo
das chaves é claro. A chave abre e fecha. Possuir a chave significa garantia,
propriedade, poder de administrar. Isaías tem uma profecia sobre a derrubada do
administrador. Sobna e sua substituição pelo obscuro empregado Eliaquim. Põe na
boca de Deus estas palavras: “Colocarei as chaves da casa de Davi sobre seus
ombros: ele abrirá e ninguém fechará, ele fechará e ninguém abrirá”(cf. Is
22,22). O texto aproxima-se muito à promessa de Jesus, até mesmo na escolha de
um humilde pescador para administrar a nova casa de Deus. Assim como Eliaquim
não se tornou o dono da casa de Davi, também Pedro não será o dono da nova
comunidade. O dono continuará sempre sendo o próprio Deus. Em linguagem
jurídica, diríamos que Pedro tornou-se o fiduciário de Cristo. O binômio
ligar-desligar repete o abrir-fechar das chaves. Pedro recebe o direito e a
obrigação de decidir sobre a autenticidade da doutrina e comportamento dos
cristãos diante dos ensinamentos de Jesus. Esta missão de todos os Papas,
sucessores de Pedro, que bem podem ser definidos como os guardiões da verdade e
da caridade. Celebrar São Pedro, para os cristãos, é também celebrar o Papa.
Pedro e
Paulo representam duas dimensões da vocação apostólica, diferentes, mas complementares.
As duas foram necessárias, para que pudéssemos comemorar hoje os fundadores da
Igreja Universal. Esta complementaridade dos carismas de Pedro e Paulo continua
atual na Igreja de Cristo hoje: a responsabilidade institucional e criatividade
missionária, responsabilidade de todos nós!
SÃO PEDRO E SÃO PAULO - ROGAI POR NÓS |
Rezemos,
pois, pelo nosso Santo Padre FRANCISCO* que para fiel a missão de ter o serviço
da caridade de dirigir a Igreja de Cristo nos interpele para seguirmos a missão
de Pedro e de Paulo para sermos testemunhas de Cristo no mundo. Amém!
Padre Wagner
Augusto Portugal
Vigário
Judicial da Campanha(MG)
*Na época em que o artigo foi escrito, o Papa era Bento XVI.
TEXTO ORIGINAL EM: www.cançãonova.com
ASSISTA PELO GLÓRIA TV AO FILME "PEDRO E PAULO", DE 1981, ESTRELADO POR ANTHONY HOPKINS, COMO PAULO DE TARSO.
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