CONFORME A SANTA LITURGIA DE HOJE
E as
multidões o interrogavam: "Que devemos fazer?". Respondia-lhes:
"Quem tiver duas túnicas,
reparta-as com aquele que não tem, e quem tiver o que comer, faça o mesmo". Alguns publicanos
também vieram para serem batizados e disseram-lhe: "Mestre, que devemos
fazer?. Ele disse: "Não deveis exigir nada além do que vos foi
prescrito". Os soldados, por sua vez, perguntavam: "E nós, que
precisamos fazer?. Disse-lhes: "A ninguém molesteis com extorsões; não
denuncieis falsamente e contentai-vos com o vosso soldo".
Como o povo
estivesse na expectativa e todos cogitassem em seus corações se João não seria
o Cristo, João tomou a palavra e disse a todos: "Eu vos batizo com água,
mas vem aquele que é mais forte do que eu, do qual não sou digno de desatar a
correia das sandálias; ele vos batizará com o Espírito Santo e com o fogo. A pá
está em sua mão; limpará a sua eira e recolherá o trigo em seu celeiro; a
palha, porém, ele a queimará num fogo inextinguível". E, com muitas outras
exortações, continuava a anunciar ao povo a boa-nova.
João
desenvolve uma dupla atividade: prega e batiza. A primeira é funcional em
relação à segunda, enquanto que suas palavras devem levar as pessoas ao
arrependimento. Sinal visível dessa vontade de mudar de vida é a água que os
peregrinos recebem do Batista. Certamente não se trata de batismo em sentido
cristão, mas sim de batismo em seu
significado etimológico de imersão. O batismo-sacramento será possível somente
depois da morte e ressurreição de Jesus. Este é muito mais do que um mero gesto
exterior, pois implica a boa vontade de melhorar a própria vida à luz da
pregação, mas é preciso também ver a novidade do lado de fora. Daí, a exigência
de assumir comportamentos concretos que se encaminham conforme as indicações de
João Batista, que tem a primária tarefa de dar ao seu povo o conhecimento da
salvação (cf. Lc 1,77).
Ele anuncia
uma mensagem que quer atingir a todos indistintamente, superando as antigas
barreiras e divisões, não somente entre o povo eleito e outras nações, mas
também no meio dos próprios judeus. A salvação é dom de Deus, portanto,
expressão de gratuidade do seu amor. Todos são potenciais destinatários, na
medida em que se abrirem na disponibilidade da própria vida. João Batista visa
essa abertura, convidando e solicitando a todos. Os sinais de renovação vertem
exclusivamente sobre o amor ao próximo: o povo deve aprender a partilhar, os
publicanos a praticarem a justiça, os soldados a tratarem com humanidade.
Não são
exigidos milagres nem atitudes excepcionais para gozar do dom da salvação;
apenas o correto exercício da própria profissão. É como dizer que as pessoas se
santificam fazendo bem aquilo que devem fazer. João fala com vigor do Messias,
sua tarefa é apenas preparatória. Ele prepara o caminho para aquele que vem
depois dele, o Messias. A distância enorme que separa João do Messias é
mostrada antes de tudo com a imagem de desamarrar o cadarço das sandálias,
tarefa reservada comumente ao escravo. Em seguida, o substancial aparece nos
versículos seguintes: tomando como exemplo a ação do camponês que utilizava no
terreiro uma espécie de pá para separar o trigo da palha, João apresenta Jesus
como "o julgamento de Deus", aquele que separa e que determina. Em
termos mais simples: Jesus é o elemento discriminador e decisivo; aquele com o
qual é preciso se comprometer se se quiser alcançar a salvação; recusar Jesus
equivale a recusar a salvação.
Fonte:
Revista O Mílite - dezembro/2012
Blog Devoção e Fé.
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