Passados
quarenta dias sobre o nascimento do seu filho primogénito, Maria e José sobem a
Jerusalém para cumprir o estipulado pela lei de Moisés de resgatarem o primeiro
filho varão com um sacrifício. Desde a noite da morte no Egito dos primogénitos
que assim estava prescrito, pois todos os primeiros nascidos masculinos
pertenciam ao Senhor.
Esta subida
ao templo é também o momento para aquela que tinha sido mãe poder reintegrar a
comunidade, dar por concluído o tempo de impureza que resultava do mesmo ato de
dar à luz. Maria cumpre também este preceito readquirindo assim a pureza para a
vida comunitária.
É no
cumprimento deste preceito que Maria, José e o menino vão encontrar no templo
duas figuras que não deixam de nos tocar, que não deixam de nos surpreender
pela beleza da sua fé e pela constância na espera.
A primeira
delas é Simeão, homem piedoso e justo que esperava a consolação de Israel e a
quem o Espírito tinha revelado que não morreria sem ter visto o Messias do
Senhor. É surpreendente e confortante ver como o Espírito o conduziu ao templo
naquele dia, mas também como o conduziu até àquele menino e lhe revelou que era
o Messias por que esperava.
Podemos
imaginar a sua velhice, os desafios vividos, a esperança acalentada ao longo
dos anos, e como diante de um menino indefeso, pobre, humilde, descobre a
presença do Messias, da consolação e justiça que toda a vida tinha esperado
para o seu povo.
Podemos
interrogar-nos e certamente até devemos sobre a nossa abertura e
disponibilidade para a surpresa de Deus, para a surpresa da sua manifestação na
nossa vida, até que ponto a nossa esperança e a nossa espera nos permite ver a
sua presença nos sinais mais ténues que nos rodeiam e vêm ao nosso encontro.
A outra
figura que encontra Jesus no templo é Ana, uma mulher viúva, uma profetiza, que
não se afastava do templo e servia a Deus dia e noite com jejuns e orações.
Também ela reconhece naquele menino o Messias esperado e por isso pode falar
dele, pode louvar e dar graças ao Senhor pela sua vinda até aos homens.
Podemos
admitir que pela sua missão profética, por essa capacidade foi capaz de
reconhecer o Messias, mas não podemos deixar de ter presente como essa missão
era alimentada, fortalecida, autenticada pela intimidade com Deus pela oração,
pelo jejum e pela presença no templo.
Assim, se
Simeão é a imagem incarnada do povo em espera, da esperança que nos deve
habitar também, Ana é o complemento dessa esperança na vontade de que ela se
concretize, se torne presente e para isso solicitamos, pedimos ao Senhor, procuramos
uma maior intimidade com Ele.
Na liturgia
da Igreja Oriental esta é a “Festa do Encontro”, uma grande festa do conjunto
das festividades marianas, e na qual se celebra o encontro do povo em espera,
do povo que vive na esperança, com o Deus que na sua bondade vem ao seu
encontro. Munidos da luz mais ou menos brilhante da nossa esperança e da nossa
fé, abençoados pelo Senhor, caminhemos com alegria e com amor ao encontro do
Senhor que veio e vem até nós.
Publicada
por Frei José Carlos Lopes Almeida, OP
SITE: Vitae Fratrum Ordinis Praedicatorum
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