Um dos campeões do Oscar, e estrondoso êxito
mundial, esta superprodução dirigida pelo lendário cineasta William Wyler (*1902- +1981) é um
impressionante épico histórico-romanesco de espantosa dimensão humanista,
religiosa, e mística.
No sétimo ano do reinado de César Augusto, o
príncipe hebreu Judah Ben-Hur (Charlton Heston) nasce no mesmo ano que Jesus
Cristo. Tudo se inicia com o nascimento do Redentor e a visita dos Reis Magos. Anos mais tarde, reencontra o seu amigo de infância, o nobre romano
Messala (Stephen Boyd, *1930 - +1977), que assume a chefia militar de Jerusalém.
Um incidente, de que a mãe e a irmã de Ben-Hur
foram involuntariamente protagonistas, e a recusa de Ben-Hur em denunciar os
patriotas hebreus em luta contra o ocupador romano levam Messala a destruir a
sua família, rompendo definitivamente a amizade. As mulheres são lançadas numa
masmorra e Ben-Hur condenado às galés.
Ao fim de três anos, Ben-Hur salva a vida de
Quintus Arrius, o cônsul romano, durante uma batalha naval contra os piratas
fenícios, que o liberta e adota como filho. Assim, Judah torna-se um nobre
romano e num renomado atleta das corridas de quadrigas.
Um dia, porém, decide partir para a Judeia em
busca da mãe e da irmã. Uma longa e incrível odisseia que o vai levar a cruzar
de novo o caminho de Jesus Cristo e a ajustar contas com Messala, na sequência
de uma emocionante corrida de quadrigas.
Ben-Hur
foi o grande acontecimento de 1959, tendo arrebatado 11 Oscares da Academia de
Hollywood (feito até então inédito, só depois equiparado a Titanic, em 1998), incluindo os de Melhor Filme, Melhor Realizador
e Melhor Ator (neste caso consagrando Charlton Heston como o herói por
excelência dos grandes épicos).
Estrondoso êxito de bilheteira, Ben-Hur é também consagrado como um dos
cem melhores filmes de acordo com o Vaticano, na categoria Religião, quando a
Santa Sé elaborou uma lista através do Conselho Pontifício para as Comunicações
Sociais, quando em 1995 o Cinema, como Sétima Arte, completou 100 anos (vide
em:
http://www.videotecacatolica.blogspot.com.br/p/guia-de-filmes-do-vaticano.html)
Trata-se, pois, de um épico grandioso e
espetacular sobre a agitada e emocionante vida de um príncipe hebreu que,
devido a inesperadas circunstâncias, se torna escravo, nobre romano, e é aclamado
como herói das corridas de quadrigas, entre Jerusalém e Roma, e cujo destino se
cruza, por mais de uma vez, com o de Jesus Cristo. William Wyler, dispondo de
um orçamento fantástico, assinou um filme admirável, pela sua dimensão
aventureira, romântica, religiosa, mística e heróica, que continua até hoje, passados 53 anos depois, a impressionar pela sua
grandiosidade espetacular e pela sua comovente dimensão humana.
Entretanto, muito mais que um superespetáculo em
sua grandeza épica de cenários, figurinos, e atores inesquecíveis, que fez
arrastar multidões aos cinemas de todo mundo, é também um filme cuja a história
retrata a trajetória de um judeu que vive um conflito entre sua fé, seu
patriotismo, nutrido posteriormente pelo desejo de vingança, e por fim ao amor
e redenção.
Mas tal trajetória foi narrada antes através de um
romance muito difundido nos Estados Unidos (e mais tarde um estrondoso Best Seller mundial), por um homem sem
crença religiosa, um ateu que em fins do Século XIX tinha o objetivo de
escrever um livro que tinha por finalidade desmistificar o Cristianismo e
provar que Jesus Cristo nunca existiu. Logo, ao fazer tais pesquisas em várias
bibliotecas dos Estados Unidos e na Europa para compor sua obra se deu conta de
duas coisas: que Jesus de Nazaré foi um homem de carne e osso, e que Deus
existia dentro dele e de quem acreditava nele. Seu nome: General Lewis Wallace.
CONHECENDO
O AUTOR DA OBRA LITERÁRIA QUE ORIGINOU O FILME
Lewis Wallace (*1827 -+1905) passou a acreditar em
Deus e pôs-se a escrever uma das obras literárias mais lidas de todos os
tempos, traduzido para diversos idiomas (inclusive para o Braile), narrando a
história do Príncipe semita Judah Ben-Hur. Lewis (ou Lew, como também era chamado) Wallace
nasceu em Brookville, Indiana, EUA, a 10 de abril de 1827.Se tornou um homem de
armas, um militar, participando de grandes momentos na História da América do
Norte, Servindo na Guerra de Anexação do Texas e na Guerra de
Secessão(1861-1865, com as forças da União). Destacou-se com bravura nesta
última, o que o galhardou futuramente o posto de General. Mais tarde se tornou
governador do Território do Novo México algumas décadas antes de ser um Estado
da União (1878-1881) e ministro encarregado de negócios na Turquia (1881-1885).
Além de ser um inigualável estrategista de
guerra e homem de luta e aventuras, Wallace era um homem de cultura. Antes da
Eclosão da Guerra Cívil America, formou-se em direito e chegou mesmo a advogar.
Isto permitiu que mais tarde Wallace se tornasse um célebre diplomata. Como
Governador do Território do Novo México, foi ele que concedeu anistia ao
célebre famigerado “outlaw” William Booney, o lendário Billy The Kid do Velho Oeste,
mas logo depois lhe negou o indulto por participar dos “Vigilantes”, um grupo
de “justiceiros” que espalhavam pânico e terror na região do Novo México,
executando sumariamente.
Antes e depois de algum tempo da Guerra Civil na
América do Norte, Lew inclinava-se para a descrença em questões religiosas.
Certo dia, viajando pela estrada de ferro, encontrou-se com o Coronel
Ingersoll, famoso ateu. Sua conversação girou em torno do assunto religioso e
então o coronel apresentou suas idéias. Wallace ouviu-as e ficou muito
impressionado, mas finalmente observou que não estava preparado para concordar
com Ingersoll em certas proposições extremas, relativas à negação da divindade
de Cristo.
Ingersoll aconselhou Wallace a que dedicasse ao
assunto o mais cuidadoso estudo e pesquisa, como ele mesmo já fizera, confiando
que Wallace, depois disso, concordaria com seu ponto de vista. Depois de se
despedirem, o General Wallace cogitou do assunto, e resolveu entregar-se à mais
minuciosa investigação.
Durante seis anos ele pensou, estudou e pesquisou.
De início, Wallace tinha esperança de escrever uma obra que pudesse
desmistificar Cristo e o Cristianismo, mas acabou fazendo o inverso. No fim
desse tempo, em 1880 ele escreveu e publicou a obra literária "Ben
Hur". Um outro amigo de Wallace encontrou-o pouco depois num hotel em
Indianápolis. O livro foi naturalmente o tópico da conversação.
Depois de contar a história acima referida,
Wallace disse ao amigo:
Comecei a escrever um livro para provar que Jesus
Cristo nunca existiu e quando me dei conta estava provando que Ele de fato
existiu. Tal conviccão tornou-se em mim certeza absoluta. Ao estudar seu
caráter, não tive mais dúvidas ser ele o Filho de Deus, e assim abri totalmente
o meu coração a Ele. O resultado do meu longo estudo foi a convicção absoluta
de que Jesus de Nazaré não era apenas o Cristo, mas era também o meu Cristo, o
meu Salvador, e meu Redentor. Uma vez estabelecido este fato em minha mente,
escrevi, então "Ben Hur".
Wallace ainda escreveu o romance “O Príncipe da
Índia”, em 1893, mas a obra não conseguiu atingir a mesma notoriedade do
romance bíblico que definitivamente o consagrou. O General Lewis Wallace faleceu a 15 de fevereiro
de 1905, em Crawfordsville, Indiana, aos 77 anos de idade.
A
REDENÇÃO
Ben-Hur tem sua vida destruída pelo ex amigo
Messala, após recusar-se a colaborar plenamente com o Império dos Césares.
Acusado por um crime que não cometeu, é condenado a viver o resto de seus dias
nas galeras imperiais, remando até a morte. Pouco nos é revelado sobre Messala,
apenas que, anos antes dos eventos retratados no filme, ele travou uma profunda
amizade de infância com Ben-Hur, e regressando a Jerusalém como uma das mais
altas autoridades romanas esperava contar com a cooperação ilimitada do nobre
judeu.
Porém, o mais importante traço do filme continua a
ser sua busca em associar a história de decadência, superação, vingança e
arrependimento de Ben-Hur àquela de Jesus, com o qual o protagonista esbarra em
diversos momentos da trama. Numa das cenas mais antológicas da obra, Ben-Hur já
se tornou um cativo do Império Romano, acusado de ter atacado o governador da
Judéia, e a trupe de condenados que integra está seguindo pelo deserto.
Em uma das paradas, os criminosos, acorrentados
por um corpulento centurião, não recebem água de seus captores. Tombando por
terra, Ben-Hur chega ao auge do desespero. Homem outrora poderoso, uma
referência em sua comunidade, é reduzido à reles condição de escravo, sendo
forçado a testemunhar a prisão de sua mãe e sua irmã, perdendo mesmo o direito
de beber um gole de água. Jogado na areia, o nobre clama por misericórdia,
quando de súbito um homem misterioso começa a afagar sua testa, oferecendo-lhe
uma tina de água fresca.
Ao encará-lo, Ben-Hur fica perplexo diante de seu
rosto, que nós, os espectadores, não podemos ver. Logo em seguida, o centurião
aproxima-se. De chicote na mão, está disposto a pôr fim a tudo, e agredir quem
dera de beber a um homem sedento. Mas, ao ver seu rosto, retrai-se, tomado de
medo e vergonha. A escolha de não mostrar o rosto de Jesus partiu de Wyler,
como uma demonstração de respeito ao autor Lew Wallace. Considerava essa uma
forma de referenciar a crença na divindade de Cristo. Nesse contexto, dar-lhe
um rosto seria necessariamente torná-lo mundano segundo sua concepção.
Após uma série de incidentes incríveis, anos
depois da condenação, Ben-Hur consegue regressar a Jerusalém, chamando o
terrível Messala para um “duelo”. Ambos participam, no último ato da história,
de uma corrida de quadrigas, na qual a vida de cada um dos competidores estará em
risco.
O espectador que ver alguma forma de punição,
capaz de equiparar-se à magnitude dos crimes cometidos pelo tribuno romano, e
com ela somos presenteados. Quando as quadrigas de Messala e Ben-Hur se
aproximam, o romano faz todo o possível para derrubá-lo, dilapidando suas rodas
e chicoteando-o. Em um lance de sorte, é destruída a quadriga do próprio
Messala, fazendo com que ele seja arrastado por seus cavalos e atropelado por
outros competidores. Passada a satisfação inicial de que somos imbuídos, diante
do sucesso da vingança, Judah Ben-Hur vai ao leito de seu inimigo e se depara
com um doente. O tribuno deixa de ser um alvo de ódio para tornar-se indivíduo
digno de
misericórdia.
Ele não mostra qualquer arrependimento por seus
atos, mas o que antes podia ser encarado como pura maldade torna-se fraqueza,
medo e loucura. Por pior que fossem seus pecados, Ben-Hur percebe que nem
Messala, um homem de grande porte físico, merece ouvir um cirurgião dizer-lhe
que suas pernas deverão ser amputadas. Messala não teve a oportunidade de obter
sua redenção, mas o protagonista a tem a partir desta cena, e virá muito mais
quando sua mãe e irmã, que por três anos não as via desde que elas foram
encarceradas e ele enviado às galés, as reencontra num vale de leprosos.
No dia
da Paixão, Ben-Hur, instigado pela esposa Esther, resgata sua irmã e sua mãe do
vale dos leprosos e as leva ao encontro de Jesus de Nazaré, e mal sabem que o
Redentor esta a caminho de seu martírio para o calvário, quando passados horas
depois da morte de Cristo na Cruz, as mulheres são milagrosamente curadas,
proporcionando assim um reencontro emocionante com a mãe e a irmã, onde
finalmente o herói compreende a duras penas o verdadeiro propósito da missão de
Jesus Cristo na Terra.
BEN
HUR
É o épico por excelência, contando a saga da Cruz sobrepujando o Império dos
Césares. Vale a pena todo católico ter em sua videoteca particular esta
verdadeira obra prima do cinema, que esta disponível em DVD e Blu-Ray nas
melhores lojas especializadas no Brasil.
******+******
EM TEMPO
Esta Obra Imortal do Cinema Religioso e Épico tem um comentário musical marcante assinado pelo compositor húngaro Miklos Rozsa (*1907 - + 1995), que ganhou o Oscar por compor a trilha sonora deste grandioso filme. Adendo, colocado aqui um vídeo com o saudoso compositor regendo em um programa de TV todos os temas da trilha do filme em um especial realizado para a TV americana.
O FILME DE 1959, PELA GLORIA TV. ESTRELADO POR CHARLTON HESTON. DIREÇÃO: WILLIAM WYLER.
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