terça-feira, 9 de outubro de 2012

Videoteca: O Manto Sagrado, Obra Sacra do Cinema (1953)



O Primeiro filme rodado no processo Cinemascope surgiu para botar a televisão para escanteio. Tudo porque este então novo veículo de comunicação ameaçava o cinema, e as salas tornavam-se cada vez mais vazias.


Parecia que a Sétima Arte, tanto como arte e como Indústria, estavam com seus dias contados. Os recursos que os grandes produtores encontraram para evitar a extinção do cinema e perder a concorrência com a TV foi expandir o formato de seus filmes. Devemos lembrar que, após o Cinemascope, ainda surgiram os processos Vistavision e Panavision (Câmera de 65mm, como foi rodado Ben-Hur), e ainda o Techinirama 70mm, ambos os formatos visavam transformar grandes produções em Mega-espetáculos, e nada como filmes com temáticas históricas ou grandes épicos a serem produzidos. Sem essas técnicas, jamais existiria o formato Widescreen, que percorre hoje a grande maioria dos DVDS lançados no Mercado.



Com esta vitória da Indústria Cinematográfica, que conseguiu com isto promover a volta do público para as grandes salas, O Manto Sagrado/The Robe ficou na história como o primeiro filme a ser lançado no formato Cinemascope, levando plateias no mundo inteiro aos cinemas, e um dos filmes mais exibidos nos feriados de Páscoa em muitos cinemas do Brasil (em alguns lugares, ficou em cartaz por quase 10 anos)- e também era filme garantido de toda Sexta-Feira Santa nas antigas "Sessão da Tarde" da televisão . No entanto, é justamente no televisor que o filme perde impacto visual, pois a telinha deforma o Cinemascope, perdendo os enquadramentos originais.


Nos últimos anos do reinado de Tibério (Ernest Thesiger), quando Roma era a "dona do mundo", Marcellus Gallio (Richard Burton) é um tribuno que está sempre envolvido com jogos ou mulheres.
Além disto tem uma rixa pessoal com Calígula (Jay Robinson), o herdeiro do trono. A situação se complica quando Marcellus oferece, em um leilão de escravos, a absurda quantia de três mil moedas de ouro por Demétrio (Victor Mature), que também estava sendo disputado por Calígula.



Ao se ver derrotado por Marcellus, Calígula encara isto como uma afronta pessoal e então manda o tribuno ir servir imediatamente em Jerusalém, na Palestina, considerado o pior lugar do império. Entretanto, devido a motivos políticos, após pouco tempo em Jerusalém o tribuno é chamado de volta por Tibério. Mas, antes de partir, recebe a missão de supervisionar a execução de uma sentença: a crucificação de Jesus Cristo. Finda a tarefa, ele e outros soldados disputam em um jogo de dados próximo à cruz a posse do manto vermelho usado pelo mártir. Marcellus vence mas o manto fica com Demetrius, pois quando Gallio tentou usar o manto algo o afligiu de forma indescritível. Demétrio, que já tinha se tornado um cristão, lhe tirou o manto e disse que jamais o serviria novamente, pois ele tinha crucificado seu mestre. Em seu retorno Gallio fala frases sem sentido, como se algo muito forte o atormentasse.


Já em Capri, onde estava o imperador e Diana (Jean Simmons), que Gallio ama e é correspondido, alguns membros da corte e o próprio Tibério, vendo que Gallio se portava de modo estranho, ouvem por horas o que aconteceu com o tribuno em Jerusalém. Tibério acha que o tribuno pode ter perdido a razão, mas quando Gallio atribui que a aflição que sente só aconteceu após se cobrir com o manto de Jesus, então o adivinho da corte conclui que o manto estava enfeitiçado e precisa ser destruído. Isto parece lógico tanto para Tibério como para Marcellus, então o tribuno irá retornar à Palestina para destruir o manto e descobrir os nomes dos cristãos, mas esta viagem irá afetar profundamente sua vida.



Uma vez lá, em sua procura pelo manto, Marcellus vai ter à pequena vila de Caná, onde conhece Justus (Dean Jagger) e Miriam (Betta St John), dois exemplos de vida cristã.  Embora não acredite em algumas coisas que lhe falam, como a ressurreição de Cristo, o tribuno começa a ter dúvidas sobre suas crenças.  Justus lhe diz que conhece sua identidade e lhe informa que todos já o perdoaram, assim como Jesus o perdoou.  Logo depois, ao tentar convencer Marcellus do amor de Jesus, Miriam lhe diz que um dos seus discípulos, Simão Pedro (Michael Rennie), conhecido como “O Grande Pescador”, acaba de chegar em companhia de seu companheiro grego.


Ao pedir o manto para ser queimado, Marcellus ouve de Demetrius que o problema dele não está no manto e sim em sua consciência, em seu coração, por ter crucificado o Messias.  Receoso, em princípio, mas encorajado por Demetrius, o tribuno termina abraçando o manto sagrado e se livrando de todas as suas angústias.


Em seguida, Marcellus é levado à presença de Pedro e termina convertendo-se ao cristianismo, passando a seguir o apóstolo.  Tempos de depois, Pedro e seus seguidores chegam à Roma e passam a viver nas catacumbas.  Com a morte de Tiberius, Caligula é o novo imperador e inicia uma perseguição implacável aos cristãos.  Quando Demetrius é preso e torturado, Marcellus decide libertá-lo, o que consegue com a ajuda de um grupo de homens.  Entretanto, durante a fuga, eles são perseguidos e, em benefício da liberdade do grupo, Marcellus atrai seus perseguidores, a quem se entrega. Demetrius, que estava alquebrado e prestes a morrer devido as consequências da tortura, é curado por São Pedro.



Depois que Marcellus é capturado, Diana o visita em sua cela e lhe implora para que renegue Jesus, a fim de salvar a si próprio, mas ele fala pra ela sobre o povo de Caná, que nunca renegou Jesus, apesar do perigo de ser seu seguidor.



Marcellus é então levado a julgamento por traição, oportunidade em que confessa ser um cristão. Calígula ridiculariza as afirmações do tribuno de que o seu rei é o Rei do Céu, que acredita em amor, compaixão e caridade acima de tudo. Irritado por que Diana ainda prefere Marcellus a ele, Calígula faz com que a assembléia exija a morte do tribuno.



Diana, movida pela crença apaixonada de Marcelo e repugnada pela tirania de Calígula, escolhe morrer com o homem que realmente ama. Enquanto eles caminham juntos, Marcelo é reconhecido por seu pai, arrependido, e Diana entrega o manto ao empregado de Marcellus, a quem pede para levá-lo até Pedro. Em seguida, continuam a caminhada em direção...A VIDA ETERNA.

 O Manto Sagrado foi indicado para cinco categorias do prêmio Oscar em 1953, incluindo Melhor Filme e Melhor Ator para Richard Burton, e permanece um dos maiores épicos religiosos de todos os tempos, ao lado de Quo Vadis e Ben-Hur.


A Película, dirigida por Henry Koster , foi baseada no romance escrito em 1942 por Lloyd C. Douglas (foto-no Brasil, o romance foi editado com o título de O Manto de Cristo).  A trilha sonora foi encarregada por Alfred Newman, de A Canção de Bernadete.


A produção teve uma sequencia lançada no ano seguinte, chamada Demétrius e os Gladiadores, que começa do ponto final de O Manto Sagrado, e mostra Calígula tentando recuperar o manto, e com o ex escravo de Marcellus, Demétrius, tentando defender a todo custo o Manto de Jesus, mas novamente o destino lhe põe a prova, quando é preso e é condenado a ser um gladiador contra sua vontade, mas pior do que isso, Demétrius acaba perdendo sua fé, quando sua amada Lúcia (Debra Paget) é violentada por outros gladiadores e cai sob os encantos de Messalina (Susan Hayward), e o manto de Jesus fica sem paradeiro – entretanto é outra história e outro filme a ser abordado carinhosamente num próximo artigo.

Artigo escrito por Paulo Telles, proprietário do Blog Filmes Antigos Club

O MANTO SAGRADO esta a disposição em DVD e Blu-Ray no Brasil pela FOX.

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